terça-feira, 13 de fevereiro de 2018

Cidade Maravilhosa?

Será que dá para cantar em prosa?
É possível dela falar em verso e rima?
Mesmo vendo que a bala oferta lágrima
E o samba propala alegria gostosa

Quanta contradição carioca cidadão!
Que novela trágica de destruição!
Folhetim de tristezas e sofrida desolação
Parecendo sem fim e sem solução

Violência que sobe e desce o morro, circula na favela
Como dantesca e horripilante novela
Onde o sangue não é de ficção
Eis mais uma criança estendida no chão

O refrão é de fácil composição
Acredite na segurança do Pezão
Praticando corrida desesperada na areia
Na direção ao mar em busca do milagre da sereia

Mas se preferir corra para o asfalto
Caso uma bala não lhe oriente
Pegue na estação o expresso para o ocidente
Antes que lhe cantem: isto é um assalto

Mas há farda na avenida, sim senhor
Afirma S.Excia., o governador
Porém, há mais bandido exímio atirador
Do que sua tropa de elite, faz favor

A Cidade Maravilhosa, é mesmo linda?
No entanto, está mais para um paredão
Turista tem nela sua vida finda
Fuzilado pelo menor delinquente e pelo pivetão


E não adianta a imprensa mostrar
É só esperar, o filme inteiro vai se reprisar
Pois a autoridade vive a se justificar
Por suas lambanças nos processos a tramitar

Mas não há que esquecermos Salvador
Ali na Bahia, há anos é tudo igual meu rei
Camarotes, massa desnorteada,abada da folia no corredor
Tem água e assalto, olhando o Rio é tal  qual, falei!

Alguns dirão não ser eu bom da cabeça
Outros diagnosticarão ser eu doente do pé
Lembrando o que canta a antiga canção
Gosto de samba mas, não perdi o instinto de auto preservação.

Cidade Maravilhosa, tal qual uma rosa
Teu cheiro de mar, liberdade, festa e celebração
Foram substituídos pela bandeira branca da lamentação
Ante a realidade inconteste de sua triste e real situação
Lúcio Reis

Belém do Pará-Brasil, em 13/02/2018.

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