Passeando e divagando.
A copa das árvores se entrelaçam, e como
um amplo pálio, promovem ou criam manto de frescura, levíssima sombra, tornando
o ar leve e como um estimulante a invadir cada milímetro daquela mente e
despertando os pensamentos mais longínquos, meditável e assim, nesse
desligamento do peso do viver e sob a mansidão do ambiente, aquele coração
sentado no pequeno bote estreito sem leme, sem destino, naturalmente descendo
sem rumo definido e portanto, levado pela lenta correnteza, segue sem objetivo ou
meta definida sobre a límpida lâmina de líquido, a dividir os três mundos ali
observados: o aquático sob si, o humano por si representado e o da vegetação ao
seu entorno e sobre seus pensamentos e com os seus livres, independentes e
total liberdade viventes, as aves e, aquele ser já de cabelos grisalhos o
coração sem fazer muito eco ao pulsar, segue em seus devaneios naquele passear,
a tudo observar, sentir, comungar e, sem aperceber-se deixa sua imaginação torna-se
alada e seguir para onde queira na liberdade plena do pensar como que, também
tivesse asas como os pássaros e até mesmo preferencialmente como um colibri a
plainar sobre a mais bela flor e fosse cantar e colher néctar em qualquer lugar
de um mundo sem fronteiras e nenhuma desigualdade.
Nessa distração infantil, direcionando
sua visão para o leito do igarapé, percebe que colorido peixinho lhe observa
atentamente e pelo pulsar de suas guelras, está impaciente e interrogativo, como
que a tentar descobrir o que dá ao semblante daquele visitante o ar de tristeza
ou de infindáveis interrogações, pois ali entre raízes e correntezas aquele
peixinho é feliz e tem a alegria necessária ao seu viver e nadar
despreocupadamente entre raízes a cada dia em companhia dos seus iguais e
irmãos aquáticos.
Nesse dialogo de uma comunicação
sensível e apenas possível na leveza de uma imaginação, de repente ele percebe
que um raio de luz mais vibrante ou valente, penetra pelo vão aberto pelo sopro
de um vento mais afoito entre dois ramos e o sol, com sua força de condução da
vida vai fundo ao mundo daquele daquele igarapé, lar do coleguinha recém conquistado
e ali, como numa festa da vida e do pleno viver, promove um festival de
felicidade com a química necessária as transformações e que, faz com aquele
colorido nadador diga ao triste navegador: a felicidade é a simplicidade do
esperar e a facilidade do perdoar e compreender que o viver é muito mais
simples do que se possa perceber.
O barquinho é levado lentamente e segue
e, em sua mente ainda fervilhava e ecoava a frase, a sentença recém ouvida
pelas guerlas daquele ser pequeno e cheio de escamas brilhantes, quando no alto
de uma copa, com penas multicoloridas a
bela ave joga no ar, como uma orquestra sem igual, indescritível sinfonia, com
melodia jamais ouvida até aquele dia e, como se fosse uma tradução simultânea,
era possível ver e ler em cada folha daquela floresta, um romântico e extenso
poema de amor, a falar e cantar a paixão, o entendimento, o romantismo, a
fraternidade e acima tudo a compreensão, fazendo brotar impar harmonia, a paz
que o mundo necessita e que ainda terá, pois sem dúvida é possível sim o seu
desfrutar.
O barco flutua e dá uma balançada e
segue. Ele olha para trás e pode perceber que aquele peixinho tinha sobre uma
concha de folha gotas de lágrimas brotadas dos olhos e num soluçar mais
profundo, iriam se misturar às água do lar daquele amigo e este, de lá ele
disse ao seu tristonho visitante, que não poderia deixar o salgado daquelas
lágrimas misturar-se a docilidade de suas águas e que as deixaria sobre aquela
folha para que o raio de sol as secasse e , assim quando ele resolvesse voltar
a navegar, passear e divagar, aquele leito continuaria macio, doce e transparente
e transpirando vida, paz, alegria e felicidade.
Lúcio Reis
Belém em 20/07/14.
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