domingo, 20 de julho de 2014


Passeando e divagando.
A copa das árvores se entrelaçam, e como um amplo pálio, promovem ou criam manto de frescura, levíssima sombra, tornando o ar leve e como um estimulante a invadir cada milímetro daquela mente e despertando os pensamentos mais longínquos, meditável e assim, nesse desligamento do peso do viver e sob a mansidão do ambiente, aquele coração sentado no pequeno bote estreito sem leme, sem destino, naturalmente descendo sem rumo definido e portanto, levado pela lenta correnteza, segue sem objetivo ou meta definida sobre a límpida lâmina de líquido, a dividir os três mundos ali observados: o aquático sob si, o humano por si representado e o da vegetação ao seu entorno e sobre seus pensamentos e com os seus livres, independentes e total liberdade viventes, as aves e, aquele ser já de cabelos grisalhos o coração sem fazer muito eco ao pulsar, segue em seus devaneios naquele passear, a tudo observar, sentir, comungar e, sem aperceber-se deixa sua imaginação torna-se alada e seguir para onde queira na liberdade plena do pensar como que, também tivesse asas como os pássaros e até mesmo preferencialmente como um colibri a plainar sobre a mais bela flor e fosse cantar e colher néctar em qualquer lugar de um mundo sem fronteiras e nenhuma desigualdade.
Nessa distração infantil, direcionando sua visão para o leito do igarapé, percebe que colorido peixinho lhe observa atentamente e pelo pulsar de suas guelras, está impaciente e interrogativo, como que a tentar descobrir o que dá ao semblante daquele visitante o ar de tristeza ou de infindáveis interrogações, pois ali entre raízes e correntezas aquele peixinho é feliz e tem a alegria necessária ao seu viver e nadar despreocupadamente entre raízes a cada dia em companhia dos seus iguais e irmãos aquáticos.
Nesse dialogo de uma comunicação sensível e apenas possível na leveza de uma imaginação, de repente ele percebe que um raio de luz mais vibrante ou valente, penetra pelo vão aberto pelo sopro de um vento mais afoito entre dois ramos e o sol, com sua força de condução da vida vai fundo ao mundo daquele daquele igarapé, lar do coleguinha recém conquistado e ali, como numa festa da vida e do pleno viver, promove um festival de felicidade com a química necessária as transformações e que, faz com aquele colorido nadador diga ao triste navegador: a felicidade é a simplicidade do esperar e a facilidade do perdoar e compreender que o viver é muito mais simples do que se possa perceber.
O barquinho é levado lentamente e segue e, em sua mente ainda fervilhava e ecoava a frase, a sentença recém ouvida pelas guerlas daquele ser pequeno e cheio de escamas brilhantes, quando no alto de uma copa, com  penas multicoloridas a bela ave joga no ar, como uma orquestra sem igual, indescritível sinfonia, com melodia jamais ouvida até aquele dia e, como se fosse uma tradução simultânea, era possível ver e ler em cada folha daquela floresta, um romântico e extenso poema de amor, a falar e cantar a paixão, o entendimento, o romantismo, a fraternidade e acima tudo a compreensão, fazendo brotar impar harmonia, a paz que o mundo necessita e que ainda terá, pois sem dúvida é possível sim o seu desfrutar.
O barco flutua e dá uma balançada e segue. Ele olha para trás e pode perceber que aquele peixinho tinha sobre uma concha de folha gotas de lágrimas brotadas dos olhos e num soluçar mais profundo, iriam se misturar às água do lar daquele amigo e este, de lá ele disse ao seu tristonho visitante, que não poderia deixar o salgado daquelas lágrimas misturar-se a docilidade de suas águas e que as deixaria sobre aquela folha para que o raio de sol as secasse e , assim quando ele resolvesse voltar a navegar, passear e divagar, aquele leito continuaria macio, doce e transparente e transpirando vida, paz, alegria e felicidade.
Lúcio Reis
Belém em 20/07/14.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário