Contos



DIÁLOGO ENTRE DOIS PROFISSIONAIS DE HOJE

Dois profissionais da atualidade, formados na faculdade da vida, apenas como consequência de um espermatozoide ter ganho a corrida e perfurado a parede de um óvulo, encontram-se em via pública, à altura das 11:00 h, em frente a uma agência da Caixa Econômica e passam a travar o seguinte diálogo.
São eles o Kaywto Cartão Tostão e seu compadre Paulo Mor Leve, cujo apelido os mais íntimos tratam por Paumole  e que, para facilitar o entendimento o trataremos como KCT e PMoLe.

- Ola amigo PMole, bom dia responde-lhe o KCT, com a cara de quem comeu e não gostou, cabelos por pentear, barba por fazer e cara amassada na rede;
- Bom dia, responde o PMole e vai logo acrescentando, apesar de que não dormi bem, pois fiquei vendo TV até as 03:00 da madrugada e fui deitar puto da vida, pois agente ficar procurando um filme que presta e a programação é uma porcaria, não tem nenhum programa que sirva e os canais é só para falar em eleição, segundo turno e política partidária, esses assunto que só interessam aos babacas que se preocupam com impostos e etc...
- Pergunta-lhe então KCT: e qual seu programa preferido amigo, dando uma cuspalhada no chão e uma coçada no escroto...
- Responde-lhe PMole: Ah! Eu gosto desses filmes com barraca de lona preta a beira de um rio, onde o pessoal defeca, invade terras ou lavouras e de preferência com pecuária, pertencente a algum idiota que pediu dinheiro emprestado em algum banco, investe firme na compra de reses, cultiva frutos e outros vegetais – horta – e aí, aquela turma com bandeiras vermelhas, crianças no colo, arrebenta cercas de arame farpado – aliás acho um abuso colocarem cercas, parece que aquela gente é ladrão – depreda tudo, saqueia a casa do gerente, bom abaixo telhados e o que estiver em depósito leva tudo, pois morrer de fome é que ninguem pode, abate uma reses, faz churrasco e a pinga corre solta e generosa. Depois todo mundo vai para a barraca curtir uma soneca na rede cheirando a sovaco, suor e chulé.
- Poxa diz KCT: mas você não acha que isso é muita sacanagem, pois depois como é que o agricultor vai quitar a dívida com o banco e sustentar a família dele?
- Meio puto ou puto inteiro, responde-lhe PMole rispidamente: O que isso compadre KCT? Com peninha do otário? É só ele vir para o time do pessoal das bolsas, afinal nossa mãe do PAC tem grana a vontade para custea-las...
- Rapidamente contra põe KCT: Não! Deus me livre ter pena de idiota ou otário, foi apenas um surto de idiotice. Você tem razão: agente não faz nada, a não ser fazer filho, acorda 10 ou 11 h da manhã, vem a caixa econômica pegar nosso dinheirinho e tem o resto do dia para prosear e cachaça tomar, falar mal do vizinho e ficar olhando o vento mexer com os galhos das árvores. Que maravilha, não é compadre?
- Aliás, aproveitando a dica, retruca o PMole: por falar em dinheirinho amigo, o valor que a Dilma manda colocar nas nossas contas já está cotó. Os caras das mercearias aumentaram o valor da garrafa de pinga e nem a 51 se pode mais comprar, pois ela é a preferida do “barba” e assim tem uma cotação mais elevada e, as meninas do puteiro também majoraram a abertura de pernas e, ta ficando difícil a pular cerca e continuar a viver assim!
- Aproveitando o embalo da sua queixa, diz KCT: é verdade amigo compadre, você tem razão, já virou merreca, pois a patroa, quer trocar de celular e já me disse que se eu não comprar um desses último lançamento, ela não abre mais as pernas e eu só  vou ver a perseguida em selfie no facebook dela e dessa maneira não aumenta a renda familiar, pois pelo face na dá para engravidar. Acho que ela está desconfiada de que eu estou traindo o compadre Trambique com aquela ninfeta que ele trouxe não sei de onde e que ele, está construindo a vida no bem bom e sem pressa, só transando até nos galhos do cajueiro;
- Mas por falar nisso xará PMole; sabe quem veio se queixar para mim, foi o velho da farmácia que, está vendo o estoque de anticoncepcional e camisinhas perdendo o prazo de validade, pois ninguém compara, já que todo mundo só quer fazer criança para aumentar a renda familiar e assim a data base é de nove em nove meses, bem melhor do que as dos sindicatos que é de ano em ano.
- É isso mesmo diz KCT: é! E ele deve ficar mais puto da vida, pois nem ele mesmo pode consumir o estoque, pois com aquela idade já deve ser broxa e camisinha, só irá atrapalhar. Se tivesse nascido agora, estaria como nós e com tudo em cima, pois não precisamos trabalhar, esquentar cabeça em recolher impostos, horário de abrir e fechar comércio, só devemos fazer moleque...
- Sabe compadre, comenta PMole: ouvi falar que o prefeito vai inaugurar mais uma creche, que é para as nossas esposas deixarem as crianças lá, pela manhã e só irem buscar no fim da tarde e assim, elas tem mais tempo de uma ensinar a outra qual a melhor posição e que mais facilita a gravidez.
- A patroa diz, KCT: comentou comigo que ouviu da comadre Coxa Afastada que a posição mais adequada e que é tiro é queda para engravidar e, foi nessa posição que ela já conseguiu a marca de 10 partos, todos com positivo resultado: é o tipo cachorrinho, diz ela não falha uma...
- E como é essa posição, pergunta PMOle? Não sei responder camada KCT, pois perguntei para minha mulher e ela, ficou desconfiada e, não me respondeu, pois tem uma cisma de que, um dos 10 meninos, foi desvio de renda familiar lá do nosso barraco...
- É compadre, o papo está bom mas, é hora de irmos para a caixa, já que não tem mais fila, pois essa história de ficar em fila de banco com esses cartões na mão dá uma canseira e chega até tirar o ânimo. Nos encontramos logo mais no bar do compadre “bode cheiroso”
- Quinze minutos depois os amigos se reencontram, pedem duas pinga e brindam: tomará que nossas esposas não descubram nossas amantes e que se logo mais ficarmos broxa, de tanto tomar pinga e fumar, que migração do tesão não dê ré! Pelo amor de Deus, compadre, nem pensar nisso! Já imaginou o bafo de cana no teu cogote? E além do mais homem tem barba e pica!
- Em seguida vão almoçar e dormir, pois bate papo longo, cansa!

Lúcio Reis

DUAS NAMORADAS



Há um dito antigo e que, ainda não saiu da atualidade, apesar de que os tempos mudaram, e ele se tornou menos intenso e executável, quando o assunto se relaciona ao sentimento de uma relação, salvo quando o fato ocorre em cidades do interior nas quais ainda há uma relevante influência dos procedimentos de há décadas e, ele diz o seguinte: quem com ferro fere, com ferro será ferido. E para ratificar esse provérbio, ainda há um outro que norteia a reação diante de um comportamento do gênero e que preconiza o seguinte: nada como um dia atrás do outro e a noite no meio para as peripécias e tramas da natureza!


Esta será mais uma das histórias ou contos que trazemos para o papel e para sua apreciação e que retratará as inconseqüências que conduzem ou fazem a festa ou a tristeza, decepção na cabeça de jovens de ontem e que, pela realidade que hoje é vivida e como os comportamentos mostram, não há mais espaço para esses feitos revestidos de certa ingenuidade e espelhos de um tempo que se poderia dizer “água com açúcar”, posto que as tramelas ou trincos fecharam portas que não mais existem e nem tampouco muros morais a separar ou censurar procedimentos.


Aliás, quem não se adéqua e tenta caminhar pelo hoje com a mente nas orientações do ontem, sentir-se-á peixe fora d’água ou pássaro preso na gaiola de uma era passada.


O jovem conheceu aquela jovem e agradável ser, num encontro ocasional numa recepção natalina e pelo efeito de uma energia, que dir-se-ia uma com pólo positivo e outra com pólo negativo e pela força da física a dizer que pólos contrários se atraem deu-se a química e iniciaram um relacionamento de namoro, daqueles em que o compromisso diário ir de falar com a namorada à porta ou ao portão de sua residência e normalmente no inicio da noite, ali pelas 19:00 h até as 21:00 h ou no mais tardar às 22:00 h, era uma obrigação que não podia falhar durante a semana e, o bate papo, o “amasso” como denominavam o abraçar, o beijar, as caricias naturais e sem malicias, intercalados com os mais variados temas de uma conversa sobre vários temas ou então o simples silêncio de mãos dadas, excluindo o item sexo, sobre o qual, pela força do tabu existente, nem pensar do mesmo falar, até mesmo porquê a “tabela na mente” avisava pela orientação do lar, não pode “mexer” com a filha de família em relação a ele e, em relação a ela, a jovem tem que chegar virgem no casamento.

A garota em função de sua personalidade era quieta e portanto, mão era adepta e nem gostava de muita badalação ou agitação de festas ou algo do esquema sair com as amigas, pois as opções de point não havia como na atualidade e com variadas escolhas. Os mais esperados eram os dois períodos de férias escolares ou fins de semana prolongados em função de feriados cívicos ou religiosos.

Ela era mesmo adepta do namoro no portão, ou no cinema, o relaxante passear na praça, em algum banco sentar ou subir ao coreto e ao lado do namorado apreciar os passantes, o que era possível e praticável com total despreocupação e boa dose do romantismo, posto que a violência e insegurança urbana dava os primeiros passos ou engatinhava em direção ao estágio absurdo que ganhou e alcançou nos dias atuais.

O jovem tinha sua condução própria, uma motoneta de origem italiana marca VESPA, a exemplo daquela usada pelo ator do filme Al Di Lá e, em alguns fim de semana a cada mês, viaja com destino a uma cidade interiorana, um município distante da capital, na qual ele tinha domicílio, uns 60 km e naquela localidade visitava família muito amiga e, numa dessas visitas, passou a observar a bela morena de cabelos escuros lisos, até abaixo dos ombros, coxas grossas e corpo bem torneado e que, em comparação a garota da capital, aquela poderia ser qualificada como miss e ante a expectativa de iniciar um outro romance, o rapaz passou a freqüentar com mais freqüência a casa da família amiga naquele município mas, paralelamente não deixa de freqüentar no decorrer da semana a casa da namorada da capital.

Com a sistemática ida aos fim de semana àquela cidade vizinha, e porque a razão era o interesse na morena meiga e calma, acabou por iniciar com ela relação de namoro e assim, além de permanecer na cidade vizinha na parte diurna, também passou a ali ficar na parte noturna, quando o divertimento do casal era a sessão de cinema e nessa situação de duplicidade de uma namorada na Capital e outra no interior, os meses foram se passando, sem que uma soubesse da existência da outra enquanto, ele, como era qualificado esse comportamento, não passava de um “galinha”.


Mas, ninguém consegue enganar muitos por muito tempo! Essa é uma regra do viver e que, diz em resumo, um dia a máscara caí e a verdade surge.

E assim, a vida tem umas tramas estranhas e arquiteta ocultamente procedimentos e que, quando menos se espera, o desfecho mostra o que se tem oculto e tudo inesperadamente vem a tona e, as vezes em situação de flagrante, o que, em muitos casos, quando já há o laço matrimonial oficial, pode levar a desfecho sangrento dependendo do grau de equilíbrio da personalidade envolvida e que, não é raro, vem seguido de óbito por homicídio vingativo.

Pois foi quando num certo fim de semana, o casal combinou ir passear num domingo qualquer numa praia à margem do oceano e, por essas coincidências que ninguém sabe explicar e justificar mas que, compõem a trama natural para fazer cair máscaras e esclarecer situações, a garota que ele deixou na cidade grande, coincidentemente, naquele mesmo fim de semana também resolve fazer um pic nic na mesma praia e sem dizer nada ao namorado, o qual entendo que ela  permanecia em sua residência, foi lépido e faceiro ao banho de mar com a bela morena.

Como não poderia deixar de ser, pois a trama do tempo já havia tudo planejado, o flagrante foi inevitável e a traída da capital, muito indignada deu um cartão vermelho ao namorado traidor e que assim ficou só com a menina do interior.


Porém, ele morava e trabalhava na capital e apenas aos fim de semana é que tinha disponibilidade para poder ir ao município vizinho e assim, nos restantes dias a jovem tinha sua vida livre e despreocupada.

E eis que, novamente o destino, a natureza, dá uma misturada nos temperos do viver, ou reescreve algumas folhas do livro da vida de cada um e assim, a garota necessitou de comparecer a um profissional de odontologia e, nesse procedimento de consultas, iniciou relação de namoro com seu dentista e assim veio a trair o namoro com aquele que também a traiu com a namorada da capital. Configurando o dito popular no inicio lembrado: olho por olho; fere-se com ferro e com ferro seremos feridos!

O vantajoso de tudo é que não houve traumas, agressões e nada mais inconseqüente, posto que não havia verdadeiramente compromisso mais profundo e portanto uma relação de namoro que assim como se iniciou natural e naturalmente findou.

A bonita morena do interior segundo informações obtidas, casou com o seu dentista, enquanto a menina da capital parece que permaneceu solteira e ele, depois veio a se enamorar de outra jovem, com quem casou e são felizes e juntos estão até hoje.

Aos seres humanos não lhes é dado a saber o que lhes aguarda no amanhã. Mas há muitos que buscam esse informe e assim, há quem se disponha a descobrir pelos mais variados meios, tais como cartas, leitura das linhas das mãos e outros e fazem disso um meio de sustento.

Mas o interessante do viver é realizá-lo um dia de cada vez e, em cada um se comportar segundo o que é legal e de acordo com os princípios legais e morais.

Lúcio Reis

Belém do Pará – Brasil 29/06/14.


Nota do autor: A criação a seguir, a escrevi em 05 de abril de 1994, portanto há 20 anos e a publiquei no Jornal do Grêmio Português e, creio que, deva ter alguma semelhança com uma mais recente que escrevi em 17 de maio passado e a publiquei aqui - o conto seguinte - e que intitulei Nosso futuro endereço.

FICÇÃO X REALIDADE, ‘LIBRAS’.

Os autores de novelas, ao fim de cada capítulo disfarçam suas estocadas sobre o que há de podre ocorrendo entre nós com o seguinte alerta: “esta é uma obra de ficção e, qualquer semelhança com pessoas ou fatos terá sido mera coincidência”. E assim eles vão protestando, discordando, condenando, ilustrando e instruindo, além de alertarem para as mazelas e indecências que nos ocorrem no dia a dia há muitos anos.

        “Em determinada galáxia, distante muitos anos luz, existiu um planeta, cuja origem foi consequência da colisão de dois grandes meteoros, um denominado “corrupção” e o outro “fraude”. Nesse planeta havia um país chamado “Libras”, de dimensões continentais, habitado por um povo maravilhoso, que de tanto ser bom, apodreceu, no bom sentido.

        Em “Libras” não havia terremotos, vulcões em atividade, maremoto, ciclones, tornados, em fim a natureza dificilmente lhe impunha algum castigo, tal como frio excessivo, neve e etc... Tinha um solo economicamente riquíssimo e estupidamente fértil, contendo praticamente todos os minérios da tabela periódica e, produzindo com abundância da banana a soja, além de contar com uma pecuária das mais rentáveis, recebendo por isso mesmo, o título de celeiro do mundo.

        Sua vegetação formava um tapete verde tão extenso, que outros países entendiam que “Libras” era o pulmão do mundo, em função do oxigênio que sua fotossíntese conseguia produzir, capaz portanto, de suprir as necessidades de todos eles, que não tiveram o devido trato com seus ecossistemas, priorizando a produção de CO².

        Porém, como nem tudo é perfeito e tem sempre um porém, aquele país mesmo armazenando em seu subsolo um inesgotável tesouro, grande parcela de seus habitantes, algo em torno de 2/3 vivia em absoluta miséria. Outra parcela considerável, apenas sobrevivia a custa de um subemprego ou sobrevivendo da economia informal, que transformava as ruas de  “Libras” em eternas feiras livres ou mercados persas.

        Um fato era irrefutável, a maioria da sociedade de “Libras” era tida e considerada como um batalhão de heróis, pois conseguir viver ou sobreviver da economia que não pagava impostos ou do salário que era determinado a ser pago, só sendo heróis e valentes, chegando mesmo a uma coletividade de mágicos, de Mandrake.

        As explicações para essa contradição, de um país muito rico e povo paupérrimo, eram as mais diversas possíveis. Dentre elas destacavam os historiadores, sociólogos e outros, a origem de seu povo. Era uma raça miscigenada por excelência e, consequência do cruzamento do europeu com os índios que lá habitavam inicialmente, destes com os negros escravos africanos para lá levados, bem como a raça sofreu a influência dos passageiros de um navio, todos eles ladrões, bandidos da mais alta periculosidade, que naquela época receberam o título de degredados. Logo, tudo começou com o cafuzo, com o caboclo e outros.

        Em função dessa mesclagem de raças, foi desenvolvido um comportamento generalizado, que recebeu o carimbo carinhoso de “Lei de Gerson”, na qual todo mundo gostava e queria levar e tirar vantagem em todas as situações, com o menor ou nenhum esforço. O que importava era ganhar.

        Como na maioria dos outros países, em “Libras” também havia política e portanto, políticos. Nesse item foi que as explicações para a situação contraditória acima citada, encontraram seu maior respaldo e sustentação lógica.

        O povo de “Libras” entendia como políticos todos aqueles que ocupavam cargos públicos provenientes de eleições, ou nomeados, ou escolhidos por políticos com mandatos eletivos.

        O problema todo e a realidade, é que os políticos de “Libras” vieram originalmente daquela mistura de raças e assim, eram adeptos e cumpridores ferrenhos da “Lei de Gerson”, pois a influência que mais os marcou, foi a dos degredados.

        Lá aconteciam fatos que mesclavam ficção, verdade, absurdo e um após o outro, deixando as pessoas daquele país, boquiabertas.

   Imaginem que homens e/ou mulheres eram eleitos como representantes do povo, com a finalidade precípua de pugnarem pelos interesses e bem estar dos representados, tal como moradia, educação, saúde, emprego, remuneração digna, segurança, lazer, em fim todos os direitos de um cidadão, correspondentes as obrigações que lhes eram determinadas, como o pagamento de mais de cinquenta tipos de impostos.

        Todavia, os representantes do povo, invariável e contrariamente a maioria esmagadora dos representados, tinham vultosos salários, muito pouco trabalho – as vezes ou quase sempre, só às terças, quartas e quintas-feiras – muitos recessos, muita falta de quorum, muitos privilégios, aposentadorias precoces e após 8 anos de mandato. Patrocinavam em  determinadas regiões a indústria da sêca, em outras a indústria dos alagados e baixadas, a indústria das subvenções sociais, um indiscutível e inquestionável ataque a mão armada a caneta, subtraindo polpudas verbas orçamentárias, cujo um dos escândalos ficou conhecido pela “máfia dos 7 anões do orçamento”; tinha que fazer uma constituição em um ano mas, gastaram dois; tinham que votar leis ordinárias para que essa constituição funcionasse cem por cento mas, passaram-se mais de cinco anos e essas leis não existem; tentaram inclusive revisá-la, porém...

  Uma realidade que chamava atenção era que aqueles representantes eram eleitos por um partido político. Rapidamente após a posse trocavam de legenda uma, duas ou quantas vezes fosse necessário. Ora estavam no poder legislativo, ora no poder executivo e depois conseguiam nomeações para tribunais de contas ou então para o poder judiciário, nos quais os nomeados passavam a julgar aqueles que os haviam nomeados. Como se concluía a atividade política era um ciclo  vicioso,  no qual uma minoria em detrimento da maioria se locupletava, loteando os poderes constituídos e deles sacando benesses para seus familiares, amigos mais próximos e mui especialmente pessoais.

    Contudo, o tempo foi passando, o analfabetismo era uma realidade inconteste, crianças e velhos morriam nas filas de atendimento hospitalar, as habitações eram “penduradas” nos morros ou palafitas nos alagados e, ou despencavam sob a chuva ou eram arrastadas por uma maré mais violenta; o sistema de saúde e previdenciário era uma catástrofe, a educação um escândalo e uma tormenta, o trânsito uma guerra irracional, segurança pública andava de mãos dadas com a contravenção, crianças nas ruas se drogavam, se prostituíam e pedindo esmolas, era uma constante a cada esquina. Malária, dengue e etc... e neste a cólera infernizavam a vida das pessoas de “Libras”.

        Como se viu, o povo não sofria punições da natureza mas sim, punições dolorosas e até mesmo fatais, impostas pelos próprios homens que constituíam os poderes e principalmente por uma crônica inflação que atendia interesses de elites mas que, destruía qualquer economia domestica, aliada a uma total falta de sensibilidade e de vergonha na cara daqueles ricos e bem sucedidos senhores.

        De tanto apanhar e sofrer, o povo de “Libras” disse um basta e foi lentamente aprendendo, sendo tomado por um sentimento de revolta e irá, de tanto ser espezinhado foi se politizando, passando a acreditar que política era um assunto muito sério para ser tratado por políticos, principalmente aqueles dependentes física e psicologicamente de uma cadeira no poder. E assim a cada eleição o povo passou a renovar parcela expressiva dos parlamentos, bem como em protesto votava em branco ou nulo, até que ele promoveu uma mudança radical, mandando para o pijama aqueles homens que gostavam de um blá blá blá interminável e não diziam e nem faziam nada.
    
     Com isso “Libras” sofreu uma assepsia provocada pelo sentimento de cidadania e amor próprio de um povo sofrido mas, com vergonha e, daí por diante, passou a valer e vigorar o verdadeiro sentido da democracia: governo do povo, pelo povo e para o povo. E “Libras” se tornou um país feliz para sempre, com justiça social e distribuição de renda equânime.

        Isto é um conto de ficção e qualquer semelhança com pessoas ou .....


        Lúcio Reis.


Nosso futuro endereço


         Por favor um ticket classe econômica para ARRET! Que lado prefere? Escolho viajar no lado que passará próximo e dará visão para a constelação Cruzeiros do Sul, pois não me canso de observar e admirar a estrela de Magalhães, seu brilho, sua beleza e encantamento! Obrigado! A que horas partimos? Logo mais uns 15 minutos mais, pois há um embarque especial de gêneros que acabaram de chegar das profundezas marítimas.


         O ano é 2097 e ARRET é um novo e mais recente país criado e fundado ao longo do século XXI, resultado de mega consorcio firmado entre as grandes potenciais, sendo que a principal já se encontra instalada e construída sob a lâmina de água dos mares e, teve como gatilho, a escassez de água potável, o dizimamento da agricultura em virtude da pesada ação dos agrotóxicos ao longo dos anos que queimou e eliminou a fertilidade do solo pela destruição das bactérias que nele tinham seu habitat e ali se reproduziam e  atuam em prol do homem e dessa maneira e por consequência direta arrebentou o agro negócio e que mesmo a despeito dos reiterados e insistentes informes e avisos de prevenção a irresponsabilidade e a ganância do humano não o fez parar e nem tomar medidas que tivessem como objetivo o futuro e assim ARRET surgiu como medida curativa.

         ARRET foi construída depois de minuciosa pesquisa e descoberta que seu clima era propicio à reações capazes de produzir água tirando do ar o oxigênio e o hidrogênio e dessa maneira a sociedade que para lá fora habitar não precisava ter preocupação em economizar o líquido precioso e potável, o que seus ancestrais tiveram e desperdiçaram irresponsavelmente e aquela altura, o economizar visava o alimento que vinha das cidades instaladas nas escuridões dos oceanos, os frutos marinhos que movimentavam a economia das duas ARRET a marítima e a espacial. E essa economia é bem administrada, posto que os cientistas ainda não haviam descoberto, mesmo a despeito das intensas e profundas pesquisas construir ou formar solo – terra – fértil para produção maciça de alimentos.

           A área territorial para construção de habitação e até mesmo para gigantescas plantações e pastos há de sobra mas, as limitações tecnológicas barravam as investidas e assim, as pesquisas prosseguem com o objetivo de adaptações e agora sempre respeitando qualquer sinal de promoção de prejuízo à humanidade.

           Agora as habitações são fruto de construções bem funcionais e racionais, nas quais são empregados materiais sintéticos, resistentes e com capacidade inerente de esquentar nas baixíssimas temperaturas e automaticamente elevar o calor à graus compatíveis com a necessidade do ser vivo e, na outra ponta esfriar nas altíssimas e elevadas temperaturas, e em ambos os casos quando o efeito térmico não atua mantendo a climatização ambiental.
         A vestimenta e indumentária individual também usa matéria prima resultado de após anos de pesquisas, tendo à frente grupo de japoneses e algumas outras mão de obra de países que sempre deram ao mundo prêmios Nobel e portanto de cabeças privilegiadas.
         As vias públicas não carecem de sinalização de trânsito, posto que não há cruzamentos de vias e tudo é racionalmente distribuído e construído e dessa maneira há a zona comercial, cujo estacionamento está em ponto equidistante e projetado para milhões de cidadãos e seus veículos que tem capacidade retrátil de reduzirem seu tamanho embutindo-se num modulo menor e, desse local para os centros comerciais as esteiras rolantes fazem a condução.
       Como tudo conduz a vida sedentária, todos devem dispor alguns minutos no decorrer do dia para algum tipo de exercício físico, mesmo a despeito de que a existência de academias é um item obrigatório no dia a dia e fica e está a disposição de cada pessoa. Mas, todos são conscientes dessa necessidade e a realizam naturalmente, sem que haja pressão.
        As zonas habitacionais, com seus edifícios de unidades amplas, arejadas e bem iluminadas, tem capacidade para famílias de até cinco membros, o casal ou par independente do sexo e mais três constituem a prole. Não é permitido mais de três, até porque a fecundação é em vitro e assim há um controle estatal e, como medidas e informes preventivos não foram observados antes de ser alcançado o estágio que levou a situação, com a explosão e descontrole populacional, o homem perdeu o direito de se conduzir com total e ampla liberdade, pois se portou como criança irresponsável e deu origem a ser tutelado para aprender a ser sensato e assim deixar de agir e atuar em prol de sua desgraça.
         Na área da diversão estão concentrados os teatros, que são servidos por várias companhias e normalmente as peças retratam o que homem fazia e promovia em prol de sua destruição, do meio ambiente e de toda a desgraça e malefício que o alcançou impiedosamente no ido século XX e anteriores, a fim de servir como antídoto a que a catástrofe não se repita e nem se abata mais sobre sua cabeça, para o bem da humanidade no geral.
          O cinema como sétima arte continua com enredo livre e fruto da imaginação de cineastas, roteiristas e diretores. Mas não há salas especificas para exibição comercial. As fitas são transmitidas gratuitamente para os receptores domésticos embutidos nas paredes das unidades habitacionais em ambiente próprio e são iguais para todos, sem distinção alguma.
          Enquanto a economia não gira por si só ou é fruto do ambiente natural, como antes o era e foi principalmente no agronegócio, ela tem como suporte forte e alavancador de tudo, o minério chamado nióbio, abundante no planeta terra e mui especialmente no solo do território chamado Brasil, cuja reserva no inicio do século XXI estava naquela área do planeta. E como a indústria de espaçonaves está em franca e diversificada produção, aquele minério pontua a boom da economia.
           Mas para o bem comum e geral ele, o nióbio e todos os demais minérios passaram a ser de propriedade da humanidade e em seu beneficio útil passou a ser usado, pois com o solavanco que o mundo sofreu e tomou, os homens mudaram seus pensamentos e atitudes, excluíram quase que totalmente o egoísmo e passaram a viver efetivamente o comunismo.
           Não o comunismo político do tempo da cortina de ferro mas, aquele pregado no inicio da era cristã e no qual tudo é comum a todos, sem nenhuma distinção ou preconceito. O fim é a satisfação de todos  é que é o comum e, a igualdade alcança patamar ideal de convivência e harmônica relação e sem egoísmo fútil. Posto que tudo que está no solo e no sub solo pertence a sociedade, a humanidade do planeta, sem nenhuma diferenciação.
          E uma das lições mais contundentes ele - homem de ARRET -  tirou da floresta Amazônia, que até então com sua vasta área de vegetação nativa e filtrando o ar para oferta-lo ao mundo com pureza, o homem, mesmo a despeito dos informes de que a destruição com derrubadas de árvores pela ação de moto serras, poderia provocar um desastre ecológico sem tamanho e de consequências incalculáveis, mesmo assim, ele não deu ouvidos aos alertas, até alcançar estágio critico e que levou significativa alterações à atmosferas além de condenar a seca caudalosos rios e retirando do homem o seu ambiente vital, a água.
          A vida e o viver em ARRET tem como ponto alto a higiene sobre todos os aspectos, como por exemplo, os vasos sanitários onde os dejetos – excreções – humanos são evacuados, recebem tratamento químico e imediatamente são transformados em vapor que é chegado ou direcionado ao espaço vazio da galáxia e que é misturado a produtos ali borrifados com o intuito de através de uma reação físico químico produzir um produto tal como o existente na atmosfera terrena.
        Restos de alimentos também recebem tratamento químico e, como não passaram pelo trato digestivo humano ou mesmo de outros animais, o processo é diferente e são armazenados a que sirvam de adubo orgânico, quando for alcançado o estágio de uma agricultura que retro se adubará e potencializará a produção de alimentos e que, serão menos agressivos que os atuais, impregnados de agrotóxicos.
          Mas aqui há que ser referido que, para suprir as necessidades imediatas alimentares, ao ter se deparado de imediato com a falta do que mastigar, povos foram previamente se estabelecer nas profundezas marinhas e desse ambiente retiraram o fruto do marítimo e o fornecem para as cidades que se instalaram e foram sendo construídas nos cosmos e desde então foi firmado um pacto de reciprocidade, para que quando o pessoal a morar próximo das estrelas já estivesse produzindo para si e para exportar seria fornecedor e provedor às populações aliados e vivente sob as águas poluídas dos mares.
         Ressalve-se que suas fontes de alimento marinho, foram retiradas do ambiente antes da total poluição ter alcançado a parte líquida do planeta azul e com elas, criaram reservatórios de auto produção mas, sem tanta diversificação, pois fora do ambiente até então natural, a produção não alcançava níveis satisfatórios com a possibilidade de sobra.
        A indústria farmacêutica terá inicialmente ativa e maciça presença na vida das pessoas, posto que a mudança de ambiente, trazia a possibilidade do acometimento de malefícios desconhecidos mas, com o decorrer dos anos e  sob um ambiente mais higienizado, puro, os organismo passaram paulatinamente por um processo de limpeza ou purificação, as doenças serão raríssimas, quase inexistentes, e assim o medicamento que sobre existir terá função apenas preventiva.
        Cemitérios serão itens que não mais existirão e nem mesmo os fornos crematórios. Pois aos cadáveres humanos ou de irracionais, a exemplo do que ocorrerá com as excreções e restos de alimentos, também passará por processo de gaseificação e como resultado as pessoas guardarão os restos mortais do ente querido – caso o queiram – num pequenino frasco a ser usado como pingente.
        O proceder acima, tornará extinta a fonte de alimento de muitas bactérias, pois solo cultivável será capitulo do passado no museu da agricultura a mostrar uma era como se fora da caverna e primórdios da humanidade. E outros meios para agricultura serão descobertos.
         Proteínas e vitaminas serão encontradas abundantemente e as pessoas as terão como opção para o sustento e alimento orgânico tanto no aspecto ou estado sólido quanto no vapor a ser aspirado em cabines próprias e livres para quem assim o desejar, sendo obrigatório que pais levem seus filhos para tal procedimento até determinada idade, posto que mães abolirão de maneira abrangente o amamentar, pois em muitos casos com as alterações orgânicas havidas e severas mexidas no DNA, consequências haverá e falta de condição para o produzir leite materno será uma que ocorrerão.
         As drogas alucinógenas sairão de moda e de consumo, pois haverá campanhas de vacinação em massa e compulsória a todos e quem, não aceitar a medida preventiva e tentar manipular algum componente químico com efeito tal qual hoje vem da cocaína, maconha e similares, será automaticamente descoberto, localizado, pois dispositivos eletrônicos de alto poder de sensibilidade, dispararão alarmes e os manipuladores sofrerá uma reação orgânica que o denunciará e assim ser-lhe-á aplicada a vacina, pois o mesmo entrará em processo de inconsciência e quando despertar já estará imunizado.
          Outras medidas serão implementadas e todas buscarão o bem estar de cada um e de todos. Posto que todos os pontos e pólos que colaboraram para a destruição e o alcance crítico a que foi alcançado, serão tratados e sempre providencias visarão o bem estar e o prevenir para que a situação critica não mais venha a ocorrer e haja satisfação no viver.
         A vaidade feminina e também a masculina será bem vista e receberá tratamento especial, pois afinal em ARRET o importante é que os seres vivam bem, se amem, sejam bonitos - dentro e implicito no auto entendimento - e estejam satisfeitos consigo. Sendo, no entanto, excluído totalmente qualquer químico, anabolizante que busquem o equilíbrio físico e mental. Este deverá ser alcançado com exercícios naturais e portanto, normais. Posto que a beleza humana, não estará qualificada ou avaliada pela maior ou menor massa muscular.
         Os combustíveis fósseis para o transporte individual e coletivo, será também peça de museu – aliás os museus serão item em abundância e cada qual terá um tema especial a mostrar às gerações naquele tempo tudo o que não deve ser praticado – posto que outros tipos serão criados e cuja queima resultará em zero de poluição e além do mais, jogará na atmosfera resíduo que contribuirá para a permanente purificação e melhora do ar a ser respirado e assim, a qualidade de vida é o funcionamento do organismo terá e será mil por cento melhor.
        Nos ambientes em que o ser humano dormir, haverá pequenos aparelhos a colherem o gás carbônico expelido dos pulmões durante as horas de sono e por meio de procedimento químico, o transformará apenas em oxigênio, num processo tal como os vegetais metabolizam através da clorofila, transformando o CO² em O² pela fotossíntese e dessa maneira cada ser humano terá sua própria máquina de purificação do ambiente.
        Assim como a droga pesada não resistirá, as ditas legais como o álcool, deixarão de ser buscadas, pois os seres humanos terão e encontrarão o prazer de viver em harmonia, pois as diferenças persistirão, tais quais os mais ou menos inteligentes e que serão herdadas da genética de agora.
       As diferenças sociais extremas é que não mais existirão, pois as políticas realmente visarão o bem comum e a irresponsabilidade com o que é de todos alcançará níveis suportáveis, pois o homem continuará a ser o animal mais perigoso da nova terra mas, não tão estúpido quanto foi.
      Os negros, os louros, os brancos, os amarelos em fim a raça humana continuará com suas características físicas, assim como haverá na roseira o espinho, a árvore mais frondosa e arbusto e, tudo e todos a se respeitarem mutuamente.
        Os orgânicos é que terão ou darão um salto qualidade para o alto a que o bem estar prevaleça e assim, mesmo com o egoísmo correndo na personalidade, haverá maior compreensão de que as diferenças são salutares.
        Os animais irracionais também terão seus espaços em ARRET e poderão viver tranquilos, pois não mais serão caçados para consumo de proteína animal e muito menos como peças de adornos em vestuário humano ou para outra vaidade e principalmente para comercialização de peles, chifres e etc...e nesse diapasão, homens e bichos comporão uma orquestra harmônica e o viver naturalmente, cada qual em seu habitat e terão seus espaços próprios os que, não formam no grupo dos domésticos tais como: cão, gato e etc...
       Ao ler até aqui, o caro leitor há que concluir ser uma visão maluca e até concordo mas, há que ser lembrado que os conceitos de verdade e mentira, de utopia ou não, ao longo dos anos foram sendo relativizados e assim, o que hoje é impossível amanhã poderá ser factível e possível.
        Sonhar e sonhar, a viagem mais espetacular que há para a mente humana e, principalmente com o que poderá ser bom e portanto, útil para todos, criando numa ficção um mundo de fraternidade, respeito, honestidade e entendimento, realmente pode ser visto como fruto de uma cabeça maluca mas, os grandes malucos que passaram pela humanidade, não o foram com tranqüilidade e para deixar os seus legados para as futuras eras e cada idade, enfrentaram com convicção os contrários e levaram a bom termo o que seu neurônios lhes ministrava.
        A inteligência humana, todos sabemos só é explorada, usada num potencial mínimo em relação ao seu total potencial e, pensando nisso, com o avanço das tecnologias pela mente de poucos e a destruição pela mente de muitos, a primeira prevalecerá sobre a segunda. Bomba atômica reduziu a cinza cidades inteiras na década de 30, 40 mas a persistências das úteis cabeças reconstruiram tudo e para melhor.
       A felicidade está ao alcance de todos, assim como a infelicidade, tudo é uma questão de opção e por certo, pode-se dizer, a imprudência e a teimosia são os caminhos mais fáceis para alcançar a desgraça.

Lúcio Reis      
Belém, Pa
17/05/2014

 
Impotência na ZBM

        “O macho brasileiro não se importa de ser taxado de corrupto, ladrão, bandido descarado e até mesmo de pederasta ou homossexual e isso já há algum no passado de veado e, com algum jeitinho topa ser chamado ou dito como corneado, Mas, saca uma peixeira para exvicerar um desafeto que lhe adjetive de impotente!”  

Segundo a história da humanidade a prostituição é a profissão mais antiga entre nós e, algumas mulheres que foram prostitutas, tiveram participação de destaque em alguns feitos relevantes e, também não é novidade para ninguém que, circunstancialmente elas tiveram o olhar condescendente de Cristo, a quando de sua passagem entre nós, ocasião em que cunhou a sentença: atire a primeira pedra quem não tem mancha e no caso a adúltera, poderia ser equiparada a prostituta. Ainda desse longínquo tempo, há outras histórias e relatos mas, os deixemos de lado.

Elas receberam os mais diversos sinônimos ao longo dos tempos e, em função dos costumes que foram se estabelecendo e, no dicionário a prostituta é a meretriz mas, sabe-se também que em cada região desta nossa imensa área territorial os adjetivos empregados ocupam um rol bem extenso mas, apenas registramos alguns em função do que é pretendido ser colocado neste conto e assim há a puta, a quenga, a biscate e num eufemismo mais condizente com os tempos recentes, tem a garota de programa com direito a pertencer a uma agência do ramo ou ligada a uma cafetina, sendo esta a intermediária entre as garotas e normalmente figurões da república e que já fizeram e escreveram capítulos na história política da Nação e, em algumas situações, muitas tem até mesmo seus sites, para divulgação de seus atributos pessoais e especialidades na cama, a atender as mais diversas perversões e desvios de personalidades, ante o que todos tem como normal em termos de sexo.

Diferentemente das gerações de antes e que, buscavam e encontravam sexo na ZBM, aqueles que detém poder aquisitivo baixo, pois na Zona do Baixo Meretrício, o único requisito é poder pagar, independente da cor da moeda e assim, poderia e teria a rigor ou a principio a mulher que escolhesse. E, tanto essa verdade era inarredável que naturalmente nas cidades litorâneas, as ZBM se instalavam próximo aos cais e assim as tripulações navais poderiam usar seus dólares, marcos, libra, em fim fosse de onde viesse, a atração, o charme e o ser bonito estava na carteira porta cédulas.

Não resta menor dúvida de que havia o “molecão” que aplicava o golpe da vagina, ou seja, transar e cair fora sem quitar a transa, correndo o risco de tomar uma giletada – corte com lâmina de barbear blue bad, para barbeador - na cara, pois havia prostituta que escondia a lâmina sob a língua, já que o sexo o era  sem roupa, óbvio e, além desse dispositivo, o caloteiro também se aventurava a ser capturado pelo “leão de chácara” da pensão e receber um castigo severo e sair com a cara toda arrebentada de porrada.

Mas além das meninas da zona, depois de algum tempo, algumas outras vislumbraram que ter e dispor de naipe de garotas bonitas concentradas em determinado local e sob a gerência de uma fulana experiente do ramo – a cafetina – era e é um excelente rentável comércio o do “abrir as pernas” e assim, eles hoje estão em muitos eventos, siliconadas, bombadas e torneadas nas academias e vendendo prazer sexual até pela internet, pois o homem, a rigor não vive sem uma transa, os normais! Pois faz parte do organismo humano.

As praças de alimentação já serviram ou ainda servem de vitrine também para as “ploc” a fim de que elas colocassem à mostra o corpo, vendendo-o por algumas horas e, o sexo assim se mantém nos relacionamentos humanos e no caso como atividade comercial. E não é nenhum absurdo, afirmar que muitas construíram sua independência econômica e financeira, tirando a calcinha.

Caso hoje, os shoppings são também o point para essa finalidade, ontem as áreas de zona era o local, onde elas estacionavam suas vidas e vulvas, no dia a dia e, a porta de suas habitações coletivas ofereciam-se a alguns momentos de uma relação intima sem nenhum compromisso de sentimento e portanto, mais mecânico do nunca e, as chamadas comerciais, como todas as outras atividades, também havia o apelo da propaganda com os mais diversos e até mesmo escrachados e ralé: “vamos lá dentro fazer um bêbê?”; “oi gostosinho, vamos fazer um amorzinho” e, como a concorrência era bem grande e o faturar era preciso e necessário para quitar aluguel e alimentação, algumas poucas apelavam, sabendo da preferência nacional e sem nenhum constrangimento, chamavam: “oi soldadinho vem comer meu c..”! e, tudo era razão para tentar levar o cliente para a alcova e até mesmo um molho de chaves pendurado na cintura – chaveiro – ensejava o convite: “vamos ver se uma dessas chaves abre o meu quarto?”. Oferecer sexo, realmente é item intrinsecamente ligado a existência humana e, não podemos esquecer daquela história da macieira, da cobra, da tentação e do apagar da inocência do homem e as consequências até hoje.

Hoje elas são também as musas e nas mais variadas razões e motivos a que uma fêmea seja mostrada semi nua, endeusada e para que no final, tudo termine em sexo. E além das musas, um dos mais chamativos  e para vários gostos e uma pensão em rede nacional de TV e isso sem contar com os milhões de sites existentes na rede de computadores global.

Mas os produtos que saem desses comerciais são para caixas altas e há alguns anos, os homens pobres procuravam mesmo era a zona, que ainda deve existir em algum longínquo interior ou nas cidades mais humildes, correndo sempre o risco de uma DST e, lá atrás, na década de 60, aquele jovem encontrou uma profissional da difícil vida fácil, com idade madura, oriunda de uma unidade da federação vizinha, conhecida no meio meretrício como China, não tinha quase nenhum atributo de uma mulher fatal, com corpo de violão mas, sintomaticamente cultuava e praticava algum comportamento de prevenção, tal como o asseio pós ato, que ela mesmo fazia no órgão genital de seu parceiro, usando mínimo requisitos, tais como sabonete e álcool na água e assim, a cada ordenado recebido, ele ia à sua procura para sua orgânica função sexual.

Porém, o pênis masculino tem algo inerente a sua glande e que, como um radar o faz procurar sempre outra vagina à copular – daí a infidelidade, quem sabe, ser uma constante nos relacionamentos – e assim, é comum a procura por nova experiência – e veja bem, que se diz, é comum mas, não deve ser o legal após determinados compromissos assumidos – apesar de que, como vaticinava aquele filosofo garanhão: depois da terceira vez percebe-se que o “cheirinho” é igual. E como é sabido, em todas as histórias de qualquer povo, há as fantásticas traições conjugais e portanto há sempre uma vagina bagunçando o coreto de alguém ou de alguns...

É num daqueles fim de mês, com o ganho mensal no bolso, é hora de ir encontrar uma vulva, a exemplos de meses passados. Mas, antes de chegar na Primeiro de Março, onde habitava a China, dá uma passada pela Padre Prudêncio entre Riachuelo e General Gurjão, bem centro da prostituição na década de 50, 60 e um pouco mais e, naquele inicio de noite, em pé na porta da pensão estava a morena corpo de “pilão”, ou como dito também escultural, gostosona de coxas torneadas e grossas, apertadas numa calça branca, blusa vermelha e solta sobre o tórax, deixando a balançar dois fartos seios e, essa visão foi o suficiente para que o garoto esquecesse o endereço de costume e consigo comentar: hoje vai ser essa morena com biótipo de índia. Ou seja, iria mudar de “aldeia” mas mantendo os olhos apertados nas fêmeas...

Aproximou-se e o bate papo rápido e sem delongas e o moleque já estava em posição de combate mesmo antes de adentrar no quarto da “deusa”. A fêmea tira a roupa e se deita a espera de seu copulador. Mas, quando ele a vê esticada sobre a cama, no lugar dos seios afundados no tórax, ele só conseguia ver e enxergar dois ovos estrelados; as coxas livres da calça que as torneavam se esparramaram sobre o colchão e o abdome tal como uma geleia não parava no mesmo lugar ou como que fosse um prato de míngua sobre ondas do mar. Consequência imediata. Seu companheiro de folguedos de coito - ou que seria - se apavorou ante aquela visão, apesar de apenas ter dado uma olhada que logo transmitiu ao cérebro aquela decepção, baixou a crista e encolheu-se, tal como quando entra no mar e água está fria. E de frente com aquela visão, cadê o tesão? Sem pedir licença saiu em disparada e deixou o amigo sem ação. Conclusão, pagou a trepada que não deu e acabrunhado com a masculinidade vilipendiada e orgulho de macho golpeado e só restou uma solução: subiu em direção à Primeiro de Março.

Em lá chegando, encontra sua velha e de sempre vagina disponível e, sem nenhuma visão de mulherão gostosona, sobe para os aposentos dela e teve seus momentos de sexo, sem nenhum problema, recompondo a auto estima  e certeza de que não era impotente mas que, apenas ficou momentaneamente, pois o estimulo era falso.

Ou seja: pagou dois coitos para ter um apenas.

E hoje, o que é visto e muito é isso mesmo, ressalvando os casos em que o amor se esvaiu e as pessoas, passam por uma ou mais experiências, pois a relação macho x fêmea ou fêmea x macho, o natural é que haja uma cama no meio como item a contribuir com o casal. E é óbvio há também as exceções!

Lúcio Reis
Belém, Pará
16/03/2014



Resgate no CTI e os passeios.


Aquela experiência pela qual passou e ante a “realidade vivida” naqueles dias e com tamanho recheio de coincidências e circunstâncias outras, que o marcaram tão fortemente que, o contar ao sair do hospital, reiteradamente o ocorrido, passou a ser fator de preocupação a seu ente querido muito próximo, em função da reação, entendimento e interpretação que as pessoas ao ouvirem o relato pudessem concluir que se tratava de um sintoma ou distúrbio mental ou mais precisamente, loucura!

E foi com esse zêlo e sentimento de carinho e de preservação da pessoa querida, que lhe fora solicitado que não mais narrasse os episódios e as visões ou “filmes” que lhes foram mostradas nos dias de internação e suas passagens pelo CTI – Centro de Tratamento Intensivo – no INCOR – Instituto do Coração, situado à Av Gentil Bittencourt nº 2175 em 1999 e que, hoje já casa com suas portas encerradas mas, o prédio ainda lá está.

Mas o inicio do roteiro, principia na década de 1970, quando na prática de atividade de exercício físico e inerente a realização de curso de aperfeiçoamento ou capacitação profissional, o jovem machuca o “dedão” do pé direito e rapidamente o mesmo inflama e entra num processo inflamatório que se transforma num reumatismo infeccioso de grande e nociva proporções físico orgânicas.

A dimensão da ação patogênica do mal, foi tão avassaladora, principalmente nas grandes articulações, tais como joelho, tornozelo, pulso e cotovelos que, no período vesperal a febre alcançava 40º grau e o paciente, mesmo estando de olhos abertos, nada via, não falava e nem ouvia e assim, após semanas nessa situação - e sem poder ser internado pois realizava curso e de seu interesse funcional – a alta temperatura corpórea e presença de bactéria circulando em sua corrente sanguínea, lesou um dos folhetos de sua válvula aórtica.
A situação era ou foi tão crítica que ao fim do dia e após a febre ceder, ele só conseguia se locomover com o apoio da esposa, pois as dores nas articulações muito inchadas, não permitiam seu deslocamento sem a sustentação de um bastão e o ombro e os braços da inseparável companheira, mesmo a despeito de sua gravidez, pois assentar o peso do corpo sobre os calcanhares era um sacrifício horrível.

Como pela manhã os sintomas do problema amenizavam, ele levou o curso até o final e conseguiu obter êxito e cumprir a meta e objetivos desejados e razão da realização do curso.

O tempo foi passando e aparentemente a vida seguia seu curso normal e cada dia era como se tudo estivesse bem. Mas, no pulsar da vida, a cada minuto o latente problema se agravava. Para complicar o estado, ele era tabagista. E enquanto isso, na vida funcional, o trabalho desgastante, com noites mal dormidas no cumprimento de serviços de escalas e plantões, rondas e estafante expediente como auxiliar direto na tesouraria e um volume muito grande de responsabilidades inerentes a função que desempenhava e, nesse contexto, o organismo foi se ressentindo.

Mas paralela e simultaneamente ao desempenho da função burocrática, havia de cumprir o serviço de escala e o executando na função superior à sua qualificação funcional e diante dessa realidade, quando estava a cumprir escala de serviço era convocado para o local de execução desse labor e que se realizava distante da secção, na qual executava a função diária de auxiliar na tesouraria. Ao se ver sem a presença do auxiliar, o tesoureiro recorria ao chefe geral da repartição que o mandava para a secção. Mas, havia um outro chefe, o sub chefe e que o queria presente no serviço para o qual fora escalado e em tempo integral.

Nesse puxa encolhe, vai para o serviço de escala, vem para a função de auxiliar na secção, ele começou a ser exigido mais ainda, no traje com o uniforme, horário, mesmo que as vezes ficasse até alta horas da madruga executando tarefas e que tinham prazos determinados para conclusão... Ou seja, principiou a ser penalizado por ser competente funcional e capacitado para eficiente concretização de suas tarefas burocráticas e em consequência da incompreensão ou sentimento de brios feridos por parte de seu sub chefe de repartição, passou por este a ser perseguido.

Seu organismo reage com revolta e raiva, o coração passa a funcionar sob intensa descarga emocional e de adrenalina e num desses piques de tensão e pressão arterial e que hoje, todo mundo adjetiva como stress, ele apaga e perde os sentidos sobre a mesa de trabalho numa sexta feira, em torno de 09:00 h da manhã.

Socorrido, é levado ao hospital pela primeira vez na condição de paciente, mesmo a despeito de mais de uma década de trabalho e impecável filha funcional, na qual pontuavam algumas dezenas de elogios e desde logo os primeiros três meses após o ingresso na atividade.

Ao chegar ao hospital e ser examinado por um cardiologista é constatado na auscultação e confirmado por eletrocardiograma que é portador de alterações cardíacas significativas e há a indicação de internamento hospitalar, para melhor e maior avaliação do quadro clínico do paciente. E assim vai direto para um leito naquela casa de saúde.

Fica o dia internado e à noite, em torno das 19:00 h o responsável pelo hospital aquele horário, recebe telefonema de sua repartição e no outro extremo da linha estava seu sub chefe solicitando que aquele plantonista o mandasse de volta para trabalhar. Este no entanto, cautelosamente e conhecedor da prepotência do seu interlocutor, conversa com o paciente, obstruindo com a mão o fone do telefone para aquele nada ouvisse, e pergunta ao interno sobre seu estado e o que houve? Ao receber o relato do que houve na parte da manhã e, concluindo que havia uma certa gravidade na situação e, sem pretender assumir a responsabilidade por um ato que poderia se tornar de consequências indesejáveis, o manda de volta para o leito e diz ao seu interlocutor na outra repartição, que não poderia atender sua solicitação, pois o caso do paciente era grave.

O auxiliar, agora paciente hospitalar, realiza uma série de exames, inclusive em outro hospital com cardiologista mais experiente e que formalmente ratifica o que dissera inicialmente os primeiros exames e preconiza a necessidade de intervenção cirúrgica, após a realização de uma série de outros exames e fica atestado ser o ele portador de cardiopatia grave, com insuficiência de válvula aórtica e corrigível com colocação de prótese valvular e que, aquela altura só se realizava no Hospital Silvestre no Rio de Janeiro ou no Instituo Dante Pazzanese em São Paulo.

Em maio daquele ano, ele é transferido para hospital na Cidade Maravilhosa.

Como era paciente que não necessitava, até então, de cuidados médicos intensivos, pois podia se locomover, assim, aos fins de semana obtinha licença e caso desejasse sair e voltar a hora que lhe aprouvesse, podia fazê-lo. E enquanto isso, no decorrer da semana, cooperava empurrando cadeiras de rodas de companheiros de enfermaria, para a realização de hemodiálise e com eles ficava conversando e tomando ciência da odisseia de cada um e que, também haviam deixado em suas cidades de origem, familiares, esposas e filhos assim como ocorreu com ele.

E, foi num desses fins de semana que, passeando por Copacabana, na Av. Barata Ribeiro, resolveu almoçar frango ao molho de milho verde e, sintomaticamente ou sendo essa a única fonte a funcionar como ente e causa de contaminação, pois na semana seguinte, a partir da quarta feira, ele passou a ter náuseas e vomitar regurgitando – vomito na forma de jato – liquido na cor escura tipo de chá mate.
E assim, nesse estado de tomar um copo de água e retornar uns três através de regurgitação , ele segue até na segunda feira seguinte, quando ao tentar levantar para a higiene matinal, sentiu que as pernas não sustentavam mais o peso do próprio corpo e, numa dessas tentativas caiu, perdeu os sentidos totalmente.

Socorrido, pelo corpo de enfermagem, com destaque para enfermeira de nome Socorro, foi medicado e quando o médico chefe da clinica tomou ciência do seu quadro o transferiu para o CTI, logo no fim daquele mesma segunda feira.

No Centro de T Intensivo, passou a ser hidratado por sub- clave, com aplicação simultânea de soro fisiológico e sangue, pois seu hamatócrito caiu a 22% e já havia falência periférica com esfriamento de extremidades de dedos pela insuficiência de sangue.

Nesse tratamento intensivo ficou de segunda à quinta feira daquela semana e de lá saiu, ainda sendo hidratado por sub clave e que lhe valeu o apelido de “estatua da liberdade” pois ao se deslocar dentro do hospital segura com uma das mãos o frasco do soro erguido acima da cabeça e com recomendação de rigorosa dieta, a qual se iniciou com a fase líquida, apenas leite, passando para sopa liquidificada, pastosa atpe alcançar o alimento sólido naturalmente.

No fim do ano, após ter sido transferido para hospital São Paulo, localizado no bairro do Cambuci, o qual tinha convenio com o Instituto Dante Pazzaneze de cardiologia e neste, foi submetido a novos exames cardíacos e, razão de sua transferência hospitalar inicial que foi diagnosticada com cardiopatia grave e recomendação de correção de correção cirúrgica e incapaz definitiva e fisicamente para atividades que demandasse esforço físico.

Retornando a origem e agora teria que esperar procedimentos burocráticos para passar por um junta médica e ser aposentado.

Porém, antes é necessário que seja registrado um episódio interessante e que, apesar de não ter a rigor, relação com o tema do presente, serve como ilustração à mostrar o sentimento de vingança de alguém  e de não aceitação ao ver sua autoridade e prepotência abatidas, por um subalterno portador de discernimento e inteligência de quem tem e vive sob a proteção do Senhor.

O personagem principal de tudo que aqui se narra, a rigor, lembram do inicio, foi sacrificado ou perseguido em função de sua competência e excelente funcionário como auxiliar e, a rigor, mesmo prestando serviços na repartição onde tudo ocorreu e na qual a estupidez dos chefes entendia e concluía que ele poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo. Entretanto, ele lotado e pertencia de direito a outra unidade e fora cedido para aquela a fim de ali prestar serviços.

Ao retornar do sudeste com oficio de apresentação, dirigiu-se à sua unidade de direito e nesta como ninguém sabia o que fazer com o recém apresentado por alta mas, com diagnostico de incapacidade, ele mesmo sugeriu que o encaminhasse de volta ao hospital a fim de aguardar data para passar na Junta de Inspeção de Saúde e assim, com oficio em mãos ele se reapresentou para internação até a data da inspeção de saúde.

Feita sua apresentação em sua unidade, o mesmo cumpriu sua obrigação, para que não passasse a condição de ausente ou de deserção e de volta ao hospital este providenciou o que se relacionava a Junta Médica.

Aquele sub comandante ao tomar conhecimento por publicação que o auxiliar estava de volta, presente na cidade e internado e isso depois de quase um ano e, ainda com o objetivo na mente de vingança e mostrar o poder de sua autoridade e executar medidas punitivas, manda o ex chefe direto do auxiliar ir visitá-lo no hospital.

No decorrer do dialogo, o paciente, percebeu que a visita não tinha cunho social mas, funcional e investigativa e então no meio do dialogo ele diz ao visitante: o senhor não veio aqui social mas, funcionalmente a mando do nosso sub chefe e fazer investigação, não é? Ele tenta negar e ao ser informado de que o internado seria aposentado, incontinente ele retruca com veemência e uma dose ou pitada  de raiva, não será não! E assim dá ao visitado a confirmação da desconfiança sobre a visita investigativa e, foi questão de poucos dias, ele passou por exame na Junta Medica e foi incapacitado para o serviço e portanto aposentado, para o desgosto da incompreensão e arrogância de seu agora, ex chefe e comandante.

Ele prossegue seguindo a dieta recomendada, agora no estagio da carne grelada, purê, arroz sem tempero e medicamento anti ácido.

Até que um dia após ter saído da dieta, se alimenta de camarão. Três dias depois, tudo de novo, sangramento, presença de melena – fezes com sangue do trato digestivo – e que tem aspecto de borra de café e odor diferente. Novamente hospital e, aí soro, tagamet injetável e dieta. Passada a crise, tem alta e retorna para casa.

Mais alguns meses e sem saber sob que alegação, outra hemorragia digestiva e novamente soro glicosado 500 ml, tagamet, energético para fígado e passada mais uma crise, vida normal aparentemente.

E nesse vai e volta ao hospital em função de hemorragia, ao longo de alguns anos, pois foram ao todo sete (7) e, nas últimas, ele já nem procurava o hospital, posto que tinha a receita anterior, comprava o medicamento e em casa mesmo aplicava-o, pois já sabia que a duas perfurações de ulcera no duodeno é que se abriam e sangravam, sob a ação de tensão ou algum tipo de alimento, como o camarão da primeira vez após o longa hospitalização. 

Até que certa manhã, fazendo caminhada matinal com o amigo Themistocles Martins e a ele narrando e comentando o caso das hemorragias, recebeu dele a pergunta: já experimentastes usar cápsula de copaíba? Experimenta que é muito bom e vai dar excelente resultado!

Como ele já havia tomado todos os fármacos top da época e indicados para o problema, sem que houvesse um resultado curativo duradouro, pois as recidivas foram ao todo sete (7), resolveu seguir a orientação recebida e experimentar a recomendação e principalmente, por se tratar de produto na natureza e sem composição química industrial e, foi a farmácia Cardoso e que, hoje também não mais existe, comprou três frascos com capsulas transparentes contendo gotas de copaíba natural, e inicialmente começou com 2 cápsulas: uma após o café matinal e outra ao anoitecer mas, o organismo não reagiu bem.

Reencontrando com o amigo no dia seguinte, disse a ele sobre os resultados colaterais  e como estava usando e foi reorientado para que ingerisse apenas uma cápsula pela manhã, após o café matinal e assim, ele passou a fazer. Tomou os três frascos e adeus definitivo às hemorragias digestivas e há mais de 20 (vinte) nãos não sentiu mais o odor de melena nem vomitou mais sangue, mesmo a despeito da ingestão de camarão ou outro tipo de alimento e até mesmo de bebida fermentada.

Decorrido algum tempo depois, estando na sala de espera de um consultório médico, ele pega uma revista de tema medicina, da mesa de centro e encontra uma matéria que narrava o seguinte: médico de uma cidade no exterior, pesquisando sobre causa de úlceras descobriu que havia uma bactéria capaz de provocar ulceração no estômago ou no duodeno e assim, alguns tipos de úlcera seriam e deveriam ser curadas com o emprego de antibióticos e, levou essa sua descoberta e conclusão a um congresso médico dessa área do corpo humano, quando sua tese foi rebatida e criticada, por fragilidade de embasamento e até porque contrariava tudo o que até então era tido a respeito e principalmente a total contraindicação de antibiótico para tal fim.

Porém, como ele tinha absoluta convicção de que dizia e de sua descoberta, pesquisou mais ainda, isolou a bactéria H Pilorium, se inoculou e com bactericida – antibiótico – se curou. Retornou em outro congresso, levou todo o seu experimento e provou sem sombra de dúvida de que estava correto.

Depois em outra de espera e novamente, lendo revista de cunho medicinal, leu matéria jornalística científica e de pesquisa retratando e difundindo as qualidades bactericidas e cicatrizantes do óleo de copaíba e que vinha de encontro a tudo que com ele havia ocorrido. A cicatrização das lesões de úlcera e eliminação da bactéria que várias vezes fez o problema retornar.

Portanto, se há outra explicação ou justificação, ignora-se mas, tem-se até aqui convicção de que copaíba cura ulceração causada trato gástrico por bactéria.

Anos passaram, mas o coração ficou insuficiente e, por pressão de um inconsequente numa relação funcional e que, lhe provocou muito aborrecimentos, após ter passado e se sentido mal, resolve consultar o cardiologista Jacob Gabbay no INCOR – Instituto do Coração – e, é fevereiro de 1999 e ao ser auscultado é constatado que a lesão valvular se agravou consideravelmente, posto que, o ventrículo esquerdo estava dilatado e, se providências cirúrgicas de troca de válvula não fossem tomadas, logo mais, a solução seria apenas o transplante de coração e, com essa recomendação, exames pré operatórios foram realizados e no dia 11/03/1999 entra no bloco cirúrgico daquele hospital e sob a equipe do cirurgião Dionísio Bentes e este, no decorrer do procedimento, tenta salvar sua válvula e faz nela procedimento com intuito de recuperar sua funcionalidade, dando duas suturas – laçada – no folheto avariado e após ficar no bloco cirúrgico das 07:30 às 12:30 aproximadamente vai para o CTI e nesse ambiente é que se passa e ele vive as “histórias”, razões da presente conforme anunciado no título.

Porém, primeiro vamos situá-lo fisicamente no ambiente dos cuidados intensivos que é, um ambiente amplo, com vários leitos e muitos monitores cardíacos, as camas estão dispostas lado a lado à direita de quem entra na unidade e à frente delas mesa comprida, na qual os médicos e enfermeiras tomam assento e fazem suas prescrições e acompanham os pacientes 24 horas. Na parte superior no sentido longitudinal, parte da parede é envidraçada e assim, tem-se conhecimento quando é dia, pois a luz solar por ali leva claridade ao centro.

No primeiro dia ou fim do primeiro dia, em torno das 19:00 h, e isso é possível saber-se, posto que no alto da parede antes da parte envidraçada, lado oposto ao que esta seu leito, há um relógio grande e, naquele horário chega do bloco cirúrgico paciente desesperado e, em alto e bom som, perturbando os demais recém operados, clamava aos médicos: não me deixa morrer, pelo amor de Deus, apesar de que havia acompanhando-o um amigo médico e, ante o desespero do sujeito, dá para também ter-se uma conclusão de que muitos valentões aqui fora e que se acham e acreditam que tudo podem e que o mundo gira em torno de seus pés, tripudiam sobre o direito de todo mundo e principalmente dos mais humildes, chegam a uma situação dessa, são capazes de qualquer ato, pois se despiram da arrogância e da prepotência ante a fragilidade da linha tênue que separa a vida da morte e muitos mesmo assim, não conseguem depois entender que todos somos iguais e que ninguém é melhor do que alguém.

Logicamente que, naquele ambiente e após algumas horas sob anestesia geral no bloco cirúrgico e drogas relaxantes musculares, o cérebro está com sua química alterada e, ver e sentir o que normalmente não ocorreria, entende-se seja uma consequência natural ou talvez haja outra explicação e justificativa em outro campo e que, não é foco desse conto, posto que falta de conhecimento a cerca do tema.

Um aspecto e parte inerente ao ato cirúrgico e havido também teve relação com a tricotomia – fazer raspagem dos pelos do corpo – como medida de higiene e preventiva à transmissão de algum germe. E então houve,  outro paciente que em relação ao resto do corpo não ofereceu nenhuma resistência mas, ao chegar no bigode que ele cultivava há anos, quem disse que foi fácil e que ele permitiu e, só depois de muito dialogo e intervenção de psicólogo conseguiram que ele permitisse, pois chegou a passar mal, com pique de pressão arterial e deixaram para raspá-lo, poucas horas antes de seguir para o bloco cirúrgico.

No tempo em que no CTI ele permaneceu e principalmente ao se aproximar o horário de visitas às 17:00 h, nitidamente constatava o surgimento do nada, de “uma senhora muito bem e elegantemente trajada, com um conjunto bege claro de saia até um pouco abaixo do joelho e blaiser, usando joias nos dedos, pulseiras no braço e correntes no pescoço e, o estranho é que ela trazia sobre o ombro um sofá claro, assento de tecido e de três lugares e, o colocava próximo a porta de acesso e saída, sentava no meio e sem falar nada ficava ali por algum tempo e depois “evaporava”, desaparecia”

È relevante registrar que, a paciente do leito, em frente ao qual a elegante dama permanecia sentada no horário de visita, veio a óbito no sábado dia 13/03/99.

Outro que ele entendeu interessante era a correria e brincadeira de muitas crianças naquele ambiente mas, apenas no horário de visitas e, era tal como estivessem no pátio de um colégio, em horário de recreio e todas na faixa etária de 05 a 08 anos de idade.
Mas, o fato mais relevante e que ocupa o título da presente, ocorreu com este narrador. Nos dias em que esteve internado, a partir de  determinada e ignorada hora, um grande amigo e seu pai que já haviam partido iam busca-lo para passear e no primeiro dia, tendo em vista que como paciente ele só traja sobre o corpo um lençol hospitalar, ao saírem do CTI, a primeira providencia foi comprar roupa e o conjunto de calça e blusa, tinha a seguinte composição: a calça era cinza, tecido leve e folgada nas pernas e a blusa era bem estampada – tipo havaianas – com flores de cores vivas e o sapato era branco tipo mocassim de enviar no pé e sem cadarço. E hora estavam passeando em alguma avenida movimentada numa área comercial ou sempre por lugares, onde havia pessoas e bastante atividade à distração e hora depois em outra cidade mas, sempre com grande movimentação de pessoas.

Os três passeavam por cidades diferentes de Belém, se comunicavam sem emitir nenhum som, mas era como que a conversação a três se desse normalmente entre eles e ocorresse e como seres vivos.

Passeavam até determinada hora os três. O paciente, seu pai e o amigo que foi a óbito ao cair da walk machine em Salinas  e ao chegar a uma determinada hora, um dos dois alertava que era hora de voltar e o traziam de retorno ao CTI e assim o foi, nos dias em que ali ficou internado no pós operatório. Ou seja, com a ajuda do amigo e do pai, ele “fugiu” do internamento pós operatório no CTI.

Um fato importante e que, quem sabe tenha alguma relação com os passeios acima referidos é que, o paciente depois de curado e em 2006, quando visitou pela primeira vez a cidade do Porto em Portugal, no trecho do aeroporto para o Hotel Mercure no bairro Batalha, ao passar por algumas ruas, aquelas não lhe pareciam estranhas e tanto é que, num determinado trecho afirmou ao taxista que ao manobrar a esquerda na rua em que transitavam já sabia que haveria uma Igreja, como de fato há naquela parte da rota, inclusive já sabia como era a fachada do templo. Mas, pode ter sido mera coincidência.

Bem, a lição é que independente da origem que o conduziu a ter essas alucinações, visões ou seja qual for a adjetivação dada, para o narrador ficou a lição de que a energia de uma amizade permanece independente se os amigos estejam no mesmo plano ou dimensão e assim, o amigo sempre estará disposto a ajudar e ao lado da pessoa amiga, independente de qualquer permuta.

Ao término dessa odisseia da cirurgia cardíaca, houve a recomendação médica ao paciente de evitar ambientes fechados, nos quais houvesse muitas pessoas, carpetes, ambiente refrigerado e etc.

Porém, em maio de 1999, a filha dele, colou grau e ele foi o paraninfo e a solenidade de formatura ocorreu exatamente num  auditório com ar condicionado, carpete no piso e nas paredes, muita gente e, aliado a tudo isso e contrário a recomendação ele, foi a celebração e lá mesmo durante a cerimônia o seu respirar passou a emitir o som como que na sua garganta houvesse uma corneta.

Mal encerrado o evento, ele afrouxou a gravata e queria sair para local aberto em busca de ar natural e apressadamente se retirou daquele local.

Desse dia em diante crises sucessivas com dificuldade para respirar se sucederam e ao chegar o sábado 19/06/1999 a crise foi mais intensa e, mesmo contrariando as solicitações de volta ao INCOR nas crises anteriores, nesta ele mesmo decidiu, em torno das 23:15 h que deveria retornar ao hospital e ao se apresentar na recepção da emergência, foi imediatamente encaminhado a triagem e desta, incontinente, já com aplicação de glicose e vaso dilatador na corrente sanguínea, internou direta e novamente no mesmo CTI, onde passará alguns dias de março e no leito ao lado da vez anterior.

No domingo dia 20/06/1999, cedo o clinico de seu caso o Jacob Gabbay o visitou e, como que já soubesse de tudo, lhe informou que a cirurgia não havia dado certo e que iria ser operado novamente na segunda feira dia 21/06. Porém, no fim do domingo, veio a noticia de que houve transferência do procedimento para terça feira, depois foi mudado para quarta feira. Na terça dia 22/06, deram-lhe alta do CTI para o apto, onde ele ficou com a familiares o resto do dia e o dia 23/06 e, efetivamente no dia 24/06/1999, há 105 dias da primeira intervenção, é operado outra vez, pela segunda vez e nesta foi feita a colocação da prótese.

Voltou para o CTI no fim da manhã daquela quinta feira as 12:30 h aproximadamente e ali ficou até na segunda feira, um pouco mais de dias em relação a vez anterior, quando recebeu alta e foi para o apto.

Na terça feira 29/06 o medico Gabbay o visita no apto e diz-lhe que as sucessivas mudanças de datas para realização da segunda intervenção, visavam ganhar tempo, pois nem eles acreditavam que o paciente suportaria um segundo ato cirúrgico de grande porte em tão pouco espaço de tempo.

A amizade leal e sincera se mantém mesmo depois do atestado de óbito!

O relato aqui registrado foi vivido pelo narrador e que, não sabe, por ignorar, como adjetivar se ficção, imaginação, ou efeito de drogas licitas e farmacológicas. Ignora-se, por outro lado, se algum outro paciente que tenha passado por semelhante situação tenha tido ou vivido passagens parecidas.

Hoje, 13/03/2014, ao termino deste conto, 15 (quinze) anos já se passaram e cabe aqui reitera o muitíssimo obrigado ao pessoal do jaleco branco, por me ter dado a oportunidade deste registro e ao Senhor Deus, meu protetor e amigo, louvores por ser-me possível a Ti dizer: Obrigado Meu Deus!


Lúcio Reis


A ninfomaníaca e o réu confesso


       
O homem, macho no sentido do gênero em termo de perpetuação da espécie humana e que, a passar ou a ter uma relação com a mulher, fêmea também no sentido do gênero, pode ter certeza  que assinou um certificado de terrível dor de cabeça e de um rol de difíceis e sucessivos problemas e se facilitar, tornar-se-á escravo de um ser doentio e inconsequente, se ela for uma  ninfomaníaca.

        Mas essa mulher, não é má ou agirá como tal, por deliberada vontade! Parece ser possuída ou tida por uma força que a leva e conduz a atos insanos e que, pelo que ele viveu conforme a seguir, ela não se dá conta, pois é como que se tolhida da razão e tomada pelo instinto bestial.

        Quando ele assistiu o filme Atração Fatal protagonizado pelo ator Michael Douglas e pela atriz Glenn Close, foi como que o mesmo tivesse sido baseado no que lhe ocorrera e testemunhasse na tela capítulos de algumas cenas vividas e passadas, não num set de filmagem mas, no palco real da vida, de sua vida, durante alguns anos.

        Transcorria uma noite calma na execução de serviço de escala, daqueles em que o minuto do tempo não conta 60 segundos mas, uma eternidade e ali, em torno das 23 h conversando com o companheiro de plantão, este comenta: “há um mulherão que é e está muito a fim de mim mas, ela é esposa de um amigo meu e em consideração a ele, não quero nada com ela”. Essa informação despertou no seu jovem ouvinte e lhe atiçou a mente com a curiosidade e também, até tomar conhecimento de uma fofoca a ajudar a gastar o tempo o qual atento ouviu mais alguns detalhes, tal como que eram vizinhos e, como o brasileiro de uma maneira geral é gabola e tem satisfação em se auto promover no que se refere a relação amorosa e mostrar-se como o mais perfeito dos garanhões e conquistador do planeta, o assunto ganhou interesse do ouvinte e aquele, para ratificar o seu relato, diz ao amigo de serviço: queres ver, vou ligar para ela agora e, em ato continuo meteu o dedo no disco do telefone e discou aquele número.

        No entanto, estimulado pelo teor da conversar e até porque, o local onde seu companheiro morava, tinha a fama e o título de paraíso do chifre, vila chifrinho – numa alusão a traição conjugal por algumas senhoras casadas que lá residiam – e, o jovem ouvinte colocou sua percepção e atenção integral nos números discados e os gravou mentalmente.

        Alo! Oi tudo bem? O que implicava naturalmente que alguém atendera do outro lado, mesmo a despeito da hora imprópria e depois de alguns minutos de conversa boba, ele desliga e informa: assume o serviço que vou repousar. E se retira para seus aposentos.

        Estimulado e com a ansiedade e a curiosidade  em saber quem era a infiel senhora e principalmente pelos atributos que lhes foram conferidos pelo parceiro de serviço e até mesmo se certificar a cerca da informação ou “dica” ouvida, o jovem sob o ímpeto da idade irresponsável, disca o número gravado na mente e, do outro lado a voz feminina, calma e mansa, o atende.

        O coração dá uma acelerada, com o receio de tomar um bruto de carão e sabe-se lá mais que consequências, pois afinal estava ligando para a casa de uma família, apesar de que o amigo já havia informado que o marido dela não se encontrava em casa. E se tivesse trocado algum número?

        Nas primeiras palavras iniciais, aquela conversa de quem passa um trote mas que, não é trote, como que desejasse falar com alguém com nome inventado e conhecido no entanto e portanto fictício. Ela responde que não era a mulher que ele havia procurado e, interrogado de onde falava, mais uma outra enganação é aplicada com a informação de que estava fazendo um trabalho extra num escritório no centro da cidade e assim o papo prossegue, até que o carrilhão de uma catedral localizada ali próximo soa, indicando ser meia noite e assim, ela percebe o som e confirma que a origem do telefonema não era de onde fora dito. Ele, sentindo-se desmascarado, esperou ouvir os maiores impropérios e ofensas. Mas em contra partida não houve nenhum reação indesejada, não houve o desligamento da ligação e o papo prosseguiu e foi mantido o dialogo até as 03:30 da manhã.

        Como houve a confirmação de que a mesma era casada e mãe de filhos e, sem que tenha havido algum procedimento ou reação de desagrado pelo telefonema de alguém desconhecido  e, principalmente pelo impróprio horário, tendo ela dito mais ainda ser mãe de filhos adolescentes, vivendo “normalmente com o marido”, isso também deu outra e interessante conotação ao entendimento conclusivo, posto que, visualizava ali uma transa isenta e despida de compromissos mais sérios e com “menor risco de DST”.

        Os contatos via telefonemas se sucederam diariamente, por mais de uns 30 dias e, de certa forma num namoro, já aquela altura virtual, pois ninguém havia visto a face do outro. Mas, era chegada a hora do conhecimento ser ao vivo, posto que o jovem ainda solteiro poderia desfrutar de uma sexo “menos arriscado” o que, até então poderia tê-lo e encontrá-lo mas, na zona do meretrício e com os riscos inerentes à profissão mais antiga da humanidade, a prostituição.

        Combinam que naquele domingo, ele vai lhe esperar numa determinada parada de ônibus, local próximo à saída de uma igreja na qual ela assistia missa matinal e dominical  e é dito o traje que a mesma usaria. Ele fica a espera no trajeto entre o templo católico e a residência dela, naquela avenida movimentada e eis que, saem da igreja várias pessoas e entre essas uma mulher com as características e bio tipo informado mas, ali se encaminhando na direção ao local onde ele estava postado seguia um mulherão e ele, de certa forma bobo e estúpido, ficou quieto, pois subestimando-se achou que era uma “carrada de areia muito grande para o seu caminhãozinho” e, para não passar por um possível vexame ou "saia justa" como é dito, se manteve no anonimato e não se manifestou mas, a olhou na face e gravou as particularidades físicas da fêmea e principalmente a mordida que ela dera no lábio inferior: mulher alta, cabelos e pele clara, olhos castanhos, pernas torneadas e coxas grossas, bunda atraente, cintura fina e ar no olhar sofrido, com expressão de que precisa de pena e carente de algo e muito.

        Ele foi embora e, na segunda feira retorna na ligação telefônica costumeira, há a confirmação de que aquela era mesmo a mulher da outra ponta da linha telefônica e, dali para o primeiro encontro, foi só o tempo de conseguir com um amigo, o apartamento num prédio no centro da cidade, o qual esse amigo usava para encontros dessa natureza.

        Acertada a tarde do encontro, lá estava ela na devida hora combinada e então o jovem se viu ante e sobre um furacão sexual insaciável na cama a expelir “lavas” por todos os ofícios corporais e transpirando sexo alucinado por cada poro da pele e que, em cada gota se suor, parecia que mais desejo e tesão havia e dela tomava conta completamente. Não fosse o garoto estar desfrutando o vigor de sua jovialidade e, como sexo não gasta, diminui ou acaba pela quantidade de vezes reiteradas em pequeno espaço de tempo, sendo este o necessário apenas para recomposição para outra performance, não teria ele sido capaz de corresponder e atender os afoitos e seguidos ataques daquela insaciável fêmea que, agia como que, há séculos não via e nem tinha um pênis dentro de si.

         E assim os encontros foram se repetindo e havendo uma relação bem amiúde e constante.

        Mas o jovem tinha a pretensão de casar e este evento já fazia parte de uma programação e que efetivamente ocorreu no decorrer do relacionamento com aquela fêmea que a rigor, parecia estar no “cio” 365 dias.

        Os encontros prosseguiram mas, o que anteriormente ou no inicio, pode ser entendido como mero caso ou aventura de cama com uma mulher casada, foi se transformando num pesadelo, num incomodo ou até mesmo num pesado e sufocante fardo.

        O horário, o local, dia da semana não eram mais levados em consideração. A fêmea queria e desejava fortemente e qualquer custo ter dentro de si e reiteradas vezes um pênis a ejacular em qualquer orifício e, se possível, sobre seus tímpanos à lhe estuprar possivelmente, o cérebro a memória.

        Era uma situação absurda e que fugia todos os parâmetros da normalidade e que, qualquer adjetivação por mais estapafúrdia que seja, não consegue mostrar ou adjetivar na realidade aquela história. É como que a mulher estivesse sedenta e com intensa sede, tomasse um barril de água fria e submersa numa piscina e saísse dela com estupenda sede e maior do que antes e sem alguma indicação  aparentemente de se saciar. É sem sombra de dúvida uma situação de loucura!

        Os telefonemas se amiudavam e, praticamente de 5 em 5 minutos e, ele pedia às colegas de repartição que dissessem ter ele saído, tentando escapar do fortíssimo assedio. E assim, nesse estágio o caos se instalava e a relação foi degringolando para o insuportável, principalmente aos meses seguintes ao casamento dele.

        Ante o estagio alcançado, ele resolveu por fim ao caso amoroso e que, agora era extra conjugal para ela e para ele, pois já havia nascido seus filhos com a esposa e ele pressentia um perigo rondando seu lar, pois, sem dispor de conhecimentos técnicos, tinha certeza de que aquela mulher não era e em agia com normalidade.

        Num dos telefonemas, ele diz a ela que, estava tudo acabado, que a relação estava interferindo e prejudicando sua vida funcional, seu trabalho e que os constantes telefonemas dela, estavam gerando mal estar com suas colegas de trabalho e por extensão sua vida conjugal e assim, estava colocando ponto final no relacionamento.

        No dia seguinte ele recebe um telefonema de uma senhora desconhecida e que, ao ser atendida diz a ele que sua amiga e vizinha estava hospitalizada, pois tentará o suicídio cortando os pulsos com gilete e deu a ela o telefone dele e pediu que o informasse. Incrédulo, ele não levou a sério o informe mas, como fora dito que a suicida estava hospitalizada, bateu-lhe um “q” de remorso e resolveu esclarecer a veracidade do informe e, constatou que a informação procedia, era verídica e, como uma terceira pessoa passou a tomar ciência do caso, se preocupou e procurou a amante e reativou alguns outros encontros e como sempre o vulcão entra em erupção mais avassalador do que nunca.

        Fazer sexo para ela era uma necessidade tal qual respirar e que, portanto não podia parar. Era como o piscar das pálpebras para constantemente lubrificar o globo ocular.

        E novamente, a pressão, o sufoco a busca do sexo a todo momento, como que o viver só se resumisse a pênis e vagina, anus, oral e sexo, sexo, sexo....sem limite de tempo e nem quantidade. Ele deduzia que talvez assim seja a vida de um viciado em crake ou no aspirar pó.

        Então, um dia após o almoço e tentando dar uma repousada após a refeição mas, seu estado de espírito estava inquieto e, como se uma energia ou força estranha o chamasse e impedisse seu eu relaxar.

        Antes do tempo que costumeira e normalmente usava para o descanso, troca de roupa e saí. Ao chegar na parada de coletivo, onde diariamente tomava o transporte para ir a repartição, lá estava ela a sua espera. Convida a se dirigirem a pé à outra avenida, distante dali uma quadra e lado a lado, caminham e no dialogo mais uma vez, ele lhe apresenta um “cartão vermelho” com o intuito de lhe expulsar de sua vida.

        Ela caminhava ao lado dele na pista asfaltica para o lado da faixa de rolamento e, quando ele lhe disse que não queira mais manter o relacionamento, se espantou com o barulho de frenagem brusca de um automóvel, pois a “maluca”, num gesto de mais outra chantagem se jogou na frente do veículo e que, pela habilidade do condutor, nada mais grave houve.

        Ante aquela situação e para contornar a mesma, ele cedeu mais uma vez ao jogo dela, pois estava em cheque ante a existência de uma família recém constituída e tendo no outro lado do tabuleiro de xadrez uma doente, capaz de qualquer loucura, posto que ela já havia mencionado como a causa da mudança de comportamento dele a existência de sua família. E assim, outra vez, ele alimentou por mais algum tempo aquela louca aventura.

        Mas, chega o novembro daquele ano e, sob a pressão demasiada, a liberdade tolhida e o constante assédio o sufocava sobre maneira e, então ele deliberou tomar uma decisão custasse o que custasse e, decididamente iria por fim aquele calvário, que ele mesmo buscará e construirá, pela irresponsabilidade de um impensado ato e que, jamais poderia imaginar que se tornaria naquele pesadelo ou pesadíssima cruz.

        E assim, em outro telefonema, no inicio de um expediente vesperal, assim que chegará à repartição e portanto, recém saído de casa, onde fora como de costume almoçar, diz a ela em tom definitivo que estava acabado e que não mais cederia as chantagens dela. Ela apenas ameaçou. Já sei quem são os culpados por essa tua decisão: tua mulher e teus filhos e tu vais ver o que vou fazer.

        Ai o moleque tremeu na base e se amedrontou. Pediu emprestado o carro de uma colega e imediatamente voltou ao lar, a fim de tomar medidas capazes de proteger a esposa e os filhos. Ao chegar em sua casa foi logo interrogado com espanto pela esposa, qual a razão de ter voltado, posto que mal havia sido para trabalhar? Ele tenta desconversar e pede para ele trocar de roupa que iria levá-la com os filhos à casa de uma irmã dela e que residia próximo dali. Mas ela irredutível em sair de casa, o pressiona e ele, para preservar a família conta o que houve e, possivelmente, tornou-se ali o único caso de réu confesso de uma infidelidade conjugal masculina. Ela lhe diz que não vai a lugar algum e pode deixar que sei me defender e pede para ele voltar para o trabalho.

        Meia hora depois da saída dele, batem à porta de sua casa. A esposa ao invés de abrir a porta, abre a janela e pela descrição que ele fez dela para a esposa, ela pode constatar ser a dita referida. E pergunta quem era? A amante do marido que ensaia jogar fogo na fogueira da intriga e destruição da relação conjugal de seu amante, não contava com a reação da esposa. Pois nem bem, ela iniciou a denuncia, a esposa disse-lhe categoricamente: já sei de tudo e bateu – fechou – a janela na cara dela.

        Bem! Desmontado o trunfo que ela disponha e sem mais nenhuma arma de chantagem, o amante foi vendo sua vida voltar a normalidade, ter paz para trabalhar e seguir a vida.

        Em relação a sua vida conjugal, contou tudo o que houve e, quando e como iniciou e, o que seria um mero caso amoroso virou num tremendo pesadelo acordado. Ele ficou de castigo sexual por alguns dias mas, com o passar do tempo e com a atenuante de ser réu confesso, readquiriu a confiança da esposa, não integralmente como antes mas, num percentual de 90% e com o direito ao longo dos anos de ouvir: homem não vale nada! O meu é um deles!

        Sem dúvida que o filme, no caso foi a arte copiando a vida como ela é e, há que se saber que a pessoa ninfomaníaca, o cleptomaniaco e outros distúrbios são efetivamente uma situação patogênica e que, o ser necessita de cuidados especiais e, perceber a situação em relação ao sexo, só mesmo tendo um caso com alguém, pois no meio social a pessoa não apresenta nenhum sintoma. Eles afloram e são mostrados na relação sexual e, com certeza, num primeiro momento pode até ser interessante mas, depois se torna uma cruz insuportável.

        E assim pode ser vaticinado: sexo é muito necessário e prazeroso mas, pode ser também algo muito pesaroso!

Lúcio  Reis
Belém do Pará
30/03/2014

Nota do autor: qualquer semelhança com pessoas ou fatos, terá sido mera coincidência, pois se trata de uma criação da sua imaginação! 



         
Torcedor Canarinho.

        Desde há alguns séculos que ao ser humano é ofertado circo e as vezes pão, como arma de dominação e manobra das massas e com esses instrumentos, anestesiar o discernimento de cada um, para que uma minoria de espertalhões tire proveito e beneficio pessoal, em detrimento da maioria tratada como boiada.

        Até então, como conta a história, os homens eram jogados às feras literalmente, para que, nessa luta desigual, posto que desarmado e apenas tentando preservar a espécie ante uma covarde e totalmente num desigual embate contra leões e, nessa contenda, óbvio, os felinos saiam de estomago cheio e a turba enloquecida, satisfeita em seus mais primitivos instintos animalesco e sanguinário do vibrar e sentir prazer sádico com a desgraça do semelhante.

        Filmes foram realizados, mais, o animal, mesmo tendo chegado ao estágio de andar com a coluna vertebral ereta, ainda não se deu conta que trocaram os leões por uma bola e toda a exploração da massa prossegue através do ópio que é o futebol, com seu efeito mágico de levar alguém ao cometimento de atos tão irracionais quanto aqueles dos leões dentro de uma arena.

        Agora, mesmo a despeito de que no Brasil, os itens essenciais a que se tenha e viva numa sociedade sadia, livre e independente do estado e que seja efetivamente a razão da existência desse mesmo estado, tal como e principalmente educação, através da qual o cidadão terá os meios às análise fria e sem paixão clubística de quem ele é, qual seu papel no seio da sociedade e assim participar com ciência de suas obrigações e direitos e, no hoje com sua discussão, opinião somar no construir de um novo, melhor e proveitoso amanhã.

        Depois vem a saúde, posto que se o estado não cumpre o que lhe compete a mando da Constituição e, como numa cadeira infame, o cidadão sem educação não consegue colocação que lhe gere a devida e digna contra prestação e por via de consequência não consegue o regular e satisfatório alimento e, óbvio, o resultado é uma saúde precária e que, por curso natural o leva ao atendimento médico hospitalar pelo SUS – posto que quem detém posses, porta cartão magnético de planos de saúde e caríssimos – e, invariavelmente vai a óbito e isso sem contar que os hospitais públicos sempre estão hiperlotados e nos quais os profissionais da área são pessimamente mal remunerados, sem contar que chegam a tropeçar em macas e pacientes sobre os corredores das unidades de saúde.

        Sem educação, saúde escangalhada e assim, sem requisitos imprescindíveis e até porque as ofertas disponíveis são sempre inferiores à procura, o cidadão não tem e nem encontra as condições adequadas à se encaixar e atuar numa vaga trabalhista e desta tirar o seu ganho mensal e capaz de suprir sua necessidade e de sua família e, mesmo que a Constituição Federal defina qual o valor de um salário mínimo necessário e capaz a fazer frente a uma série de necessidades de uma família e que, por isso mesmo o valor do mesmo deveria ser hoje superior a R$2.000,00 (dois mil reais).

        E ante essa fria e verdadeira análise dessa realidade, sem educação, sem saúde, sem trabalho, sem ganho que proporcione a independência da cidadania, vivemos numa sociedade de robôs ou brinquedos de corda, teleguiados pela energia ou a funcionar pelas cordas das bolsas assistenciais e que, a rigor vem de encontro a personalidade malandra do brasileiro, muito bem percebida, captada e explorada por seu representante nos poderes republicanos e que disso e dessa realidade, colhem proveito pessoal, familiar e de quem deles se acercam e atuam como assessores e como resultado tem-se um ciclo vicioso há anos e que se auto alimenta e faz o País progredir a passos de lesma, posto que a empresa Brasil patina na lama da corrupção mas, o homem público exporta divisas em “containers” para paraísos fiscais.

        Mas, o resultado do anestésico pode passar e portanto, é recomendável que as doses prossigam sendo aplicadas e assim cada ano há os campeonatos estaduais, de 4 em 4 anos copa mundial e outras competições com a bola, dando oportunidade que um pobretão de espírito mas, com os bolsos cheios de dinheiro, opinar que a realização de uma copa de futebol é mais relevante do que um hospital ou uma escola, enquanto que outro – desqualificado como responsável pai –sugere, que as roubalheiras e desvios de recursos públicos, só sejam investigados após a realização do certame esportivo.

        Para o lado de cá, região norte, o que a prática vem mostrando ao longo desses anos, são atletas em fim de carreira e como é dito no meio, já são “pernas de pau”, são comprados por milhões e, muitos sequer conseguem, por falta de condições física e técnica, atuar em única partida e, mesmo assim levam a agremiação à justiça do trabalho e, uma das maiores dívidas ser com as leis trabalhistas e que, no frigir dos ovos, tudo quem paga é o torcedor.

        Enquanto isso e por ser fato concreto, os superfaturamentos se concretizam sistematicamente e a rigor em todas as áreas onde a chave do cofre está na mão do gestor público e, com essa irresponsável, inconsequente e reiteradas ações, o dinheiro dos impostos desce pelo ralo da malversação é entregue sem desfaçatez nas mãos da corrupção e nesse laboratório de maus caracteres é preparada forte dose de paralisante do discernimento a que o atual governo e sua sigla partidária se mantenham no poder e quem os apoia tenham o caixa a abastecer  milionária campanha e amanhã aqueles itens essenciais continuarão a fazer falta para o cidadão. E nesse diapasão a Nação prosseguirá a portar a faixa de País em desenvolvimento ou de terceira categoria.

        Hoje, nem a propósito os estádios esportivos são denominados de arenas. Seria mera coincidência? E nestas, saem de cena, em função da modernidade, os leões e no centro do gramado foi colocada uma bola nesse circo, tendo ao seu redor a massa de torcedores descontrolada, atuando e reagindo, não como racionais mas, como os leões do tempo romano a devorarem-se uns aos outros em função da cor da camiseta usada, atuando sem algum sentimento de ser humano, pois todos nós já assistimos a trucidamentos sobre o asfalto, sobre gramados, onde porretes são usados no lugar das garras e pressas dos leões ao tempo dos imperadores romanos.

        Os imperadores se beneficiavam tirando proveito da turba a pagar impostos e sustentar suas mordomias, orgias e porcarias outras. Hoje os cartolas estufam os bolsos, os canalhas enriquecem no mudar do dia para noite, o atleta é mercadoria de milhões de dólares e com essa receita a matéria prima se renova e uns poucos vivem em castelos e desfrutam do melhor que o dinheiro proporciona e, a maioria ouve o estomago roncar como cuíca ao samba do estou com fome mas, o meu time vai ser campeão!

        Chega-se a uma discrepância tamanha, que um atleta que mal sabe assinar o nome, sequer sabe distinguir uma fêmea de um travesti, tem uma conta corrente bancária descomunal ou tem mandato político, enquanto que um professor um minguado ganho salarial e nem precisaria citar até, ou qualquer outro profissional, exceto o da política, pois estes, são engrenagens do sistema e conseguem transformar um sindicalista ou um operário de zoológico em milionário em tempo recorde e figurar em páginas da Revista Forbes.

        Por isso ou em função dessa realidade, certa vez ouviu-se a mais correta frase para o futebol brasileiro, quando a qualidade do futebol que era praticado com amor a jaqueta começou a despencar: “colocaram no meio do gramado m balcão de negociação, em cujo um dos lados está um cartola e na prateleira o atleta e do outro patrocinadores e suas marcas e a qualidade do esporte da sétima arte que se linche”.

        A massa fica tão anestesiada que, mesmo tendo que enfrentar dificuldades de locomoção, filas para adquirir ingresso caro, pegar cacetada da policia em função da bagunça que é criada, banho de urina e muitas das vezes assistir uma porcaria de futebol, ainda se presta a ser “out door” volante, pois compra a camisa do time de preferência toda carimbada de marcas comerciais e saí em via pública fazendo, como garoto(a) propaganda dos patrocinadores do time. E, além disso, ainda saem em via pública com a inscrição do nome do atleta e que, nada tem a ver com o do torcedor. É um estreitamento mental considerável. Caso seja sério ou patologico, fica a critério de especialistas do assunto.

        Em função do tudo aqui exposto, chega-se a conclusão que a maioria de uma sociedade, em seu polo de atuação e vivência, não tem a menor noção da força que tem e se subjuga as tramoias de uma minoria de espertalhões que dela tira e colhe proveito, mesmo arrebentando-lhe com o chicote da exploração.

        Mas, não esqueçamos que além do futebol, há um outro anestésico na seringa dos que assumem os púlpitos, a religião em suas várias denominações e, com esses ingredientes, está concretizada a fórmula que atraca no tornozelo desta Nação os grilhões que fazem e farão que ela fique no mesmo lugar, mesmo a despeito de seu enorme potencial econômico natural e que, é capaz de a catapultar para a posição mais alta do podium dos países que compõem a sociedade global.

        Lúcio Reis
        Belém do Pará
        09/03/2014


Dois Garanhões!



Foram dois garanhões sem serem cafajestes!

        Sem dúvida, rabo de saia, como era dito há poucos anos, os fazia perder a cabeça e, se a mulher demonstrasse “abrir a guarda”, por menor que fosse a abertura, eles partiam ao “combate”, ou melhor, para a conquista e cada qual a seu modo e maneira de chegar junto a fêmea a ser conquistada.

        O convívio de amizade com os dois, deu a este contador o embasamento a lhes contar os episódios mais interessantes desses dois “Dom Juans” do século XX e que “estarão tomando conhecimento desta narrativa sentados sob a sombra de frondosa mangueira em algum lugar do universo” para onde, deduzo, fique em repouso eterno o abstrato de quem a rigor não provocou nenhum dano ao seu semelhante, a quando de sua passagem por esta selva de egoísmo, de covardias e outros maus comportamentos, posto que, não portaram arma de fogo ou outra qualquer, não assaltaram ou mataram alguém e, sem dúvida cumpriram seu papel como cidadãos chefes de família, não atuaram como meliantes e nem circularam ou figuraram nas paginas policiais e nem judiciais. Seus casos era a mulher, a fêmea do bicho homem!

        A repartição federal, funcionava num prédio com arquitetura antiga tomando como comparação que o ano do fato é 1969 e que, depois foi totalmente demolido e no terreno foi erguido um outro dentro dos parâmetros da engenharia moderna.

        Para acessar suas dependências havia um largo portão que permitia a entrada de um jeep, um corredor e no lado esquerdo do sentido de fora para dentro, uma grande porta de 4 folhas e com uns 5 metros de altura e assim para chegar ao primeiro pavimento havia um lance de escadaria em madeira que levava a um hall e para esquerda uma ante sala ao gabinete da chefia e para direita uma vasta sala, separada daquele patamar por uma porta em duas abas e no esquema vai e vem,  na qual se instalara uma secção e da qual para o gabinete do chefe havia um pequeno corredor e, neste ambiente, era onde o auxiliar tinha sua mesa de trabalho e ao lado desta a mesa com a máquina de datilografia, pois aquele ano da informática nem se falava e nem se imaginava que seria como hoje é.

        Certo dia, datilografando um documento e portanto de cabeça baixa e olhos direcionados para o teclado, só conseguiu ver de relance e assim sem distinguir o que realmente vira, no entre abas da porta móvel e movimentadas pelo vento, aquele rabo de saia longa e escura e, sem conseguir visualizar o ente que a portava, pode apenas perceber ser de uma estatura bem alta e com esses ingredientes, na imaginação entrou a figura de um mulheraço para várias dúzias de talheres e isso aguçou os instintos bestiais do macho e que, não podia esperar para vê-la a quando da saída.Tinha que conferir logo e assim, pegou um documento qualquer à servir de desculpas para seu ingresso no gabinete da chefia e lá se foi ele...

        Com licença comandante! Trouxe...Ah! Desculpe, não sabia que o Senhor tinha visita e rapidamente deu meia volta, se retirou e ao chegar à sua mesa, ao mesmo tempo que decepcionado, achando graça de sí mesmo, pois o que ele em sua imaginação pintou como a mulher dos sonhos de qualquer homem, dessas a lá miss universo e da qual só vira a bainha da saia, era nada mais nada menos do que um padre franciscano, da ordem dos capuchinhos e que ali fora tratar de assuntos com o chefe da repartição.

        Mas esse mesmo amigo, foi internado em seminário, quando criança pois, pelos desejos de seus familiares, iria ser padre.

        Ficou no seminário até aos 18 ou 19 anos e sem a devida orientação sobre os órgãos sexuais reprodutores masculinos, segundo ele mesmo comentava e contava sem nenhum problema, e achando tudo muito jocoso, a seguinte passagem e que, se é cômica, não deixa de ser trágica, ante a naturalidade da biologia e fisiologia do ser humano – pois contava-nos que numa das suas férias de fim de ano, que fora passar com a família, certo inicio de noite, já após o jantar, sentado sozinho num banco da cozinha, iniciou a manipular o pênis e a proporção que prosseguia, passou a sentir algo diferente e estranho mas, prazeroso e instintivamente continua o que, não era nada mais, nada menos do que se masturbando e, quando chegou no auge e ejaculou, acreditou, entendeu e julgou que o intestino sairia junto com aquele liquido e saiu correndo em direção a mãe pedindo socorro e com a palma da mão tampando, obstruindo a uretra para evitar saída do bofe...   

        Sem duvida, cena de uma época que os tabus tinham relevância e supremacia nos entendimentos culturais e que, impediam que assuntos normais e inerentes as pessoas fossem tratados como tema de um mundo pecaminoso e condenável e que hoje, evoluiu e possivelmente essas inocências não mais ocorram e nem caibam nas cabeças, posto que, até os recém nascidos de hoje já não são mais iguais aos de ontem, que aqui chegavam e ficavam de olhos fechados por alguns dias. Hoje, o bebe pelo que se sabe, parece que já sai do útero olhando e contando as ondulações vaginais e chegam olhando para o planeta de olhos arregalados querendo saber as novidades e solicitando o contato das pessoas do wattSap e como não lhes é fornecido, abrem o berreiro chorando.

        O outro garanhão foi mais polido, sem ser menos audaz. Em primeiro tinha um zelo especial para consigo, não deixava a prata do tempo lhe tingir o “telhado” e como um jovem adolescente se trajava e, onde fosse possível seu charme jogava e espalhava no ar, pois muito extrovertido, alto astral, comunicativo e assim fazia sempre “seu comercial pessoal” e as meninas já ia cantando mesmo.

     Porém a vida e o viver não são paralelas! É uma reta de perpendiculares e curvas e, numa dessas, somos apanhados no contra pé.

        A situação econômica e funcional lhe facultava a propriedade de dois veículos: um, tipo utilitário, para uso nos negócios da empresa e o automóvel para emprego pessoal, com ar condicionado e algumas mordomias mais.

        Ele não admitia que um dia poderia viver com a impotência sexual e dizia que, na hora “aga” recorreria ao implante de prótese peniana, posto que, aquele tempo o comprido azul ainda não tinha atingido o status que hoje tem.

        Naquele dia houve necessidade de que fosse cedido o utilitário a um procedimento extra funcional para pessoa conhecida e do relacionamento dele e, com o automóvel social, apanhou a “namorada” e lá se foi despreocupadamente para mais uma aventura vesperal no motel a margem de uma dessas rodovias da vida de uma cidade.

        No entanto, as vezes os scripts tramam contra e os fatos remam ante a maré e assim, o veículo que havia sido cedido à atividade extra, esta não houve e o procedimento que seria realizado foi adiado e há a volta prematura pelo destino e que, ocorre exatamente no momento em que o garanhão vai adentrando o motel e com efeito, a pessoa de seu conhecimento o flagra, mas sem que ele percebesse.

        Com isso o incêndio familiar é aceso e atiçado mas, faz de conta que ninguém sabe de nada e então, é providenciado o grampo telefônico e o “Dom Juan’ vai aprofundando seu fosso e cavando o dia do flagra.

        A traída compra uma arma de fogo e numa bela manhã, enquanto o amante na casa da amante desfruta de uma bate papo interessante, eis que adentra o recinto amoroso, aquela sala de visita e de arma em punho e apontada na direção da cara do traidor conjugal. Mas faltou-lhe coragem para acionar o gatilho e assim ele nasceu de novo para a vida.

        Dizia a ele, depois que os ânimos serenaram, qual data preferia a ser comemorada como de nascimento? Ele sorria e desconversava.

        Sem duvida desde o inicio da humanidade o ser humano convive com a traição amorosa. Até há pouco tempo a instituição matrimonial era constituída, construída com base no gostar e pressupunha permanecer por tempo duradouro ou até que a morte os separe.

        Demograficamente a população feminina explode e a masculina tem sua parcela considerável é homossexual e, por outro lado com a feminina não é diferente.

        As concentrações GLS que se realizam a cada local de grande ou não concentração populacional, não deixa duvida para que se conclua que, aritmeticamente a humanidade é homo e assim e, automaticamente, com recursos científicos as células da reprodução humana estão sendo guardadas, pois daqui a muito pouco tempo, constituir uma árvore genealógica será tarefa praticamente impossível ou inviável e por que?

        Porque os garanhões conquistadores e formadores de pares, sendo um feminino e um masculino, foram extintos como o foram os dinossauros e com o passar de um pouquinho mais de tempo, passarão e serão considerados uma lenda da fecundação e da gestação do “Homo sapiens”.

Lúcio Reis




A vida é um baile!



Por tudo que já foi dito, escrito e ainda agora é item imprescindível na relação social dos povos, desde o inicio da humanidade e entre as culturas mais rudimentares e, sob o peso de uma total ignorância - não no sentido pejorativo - a qual, apenas se relacionava com os agentes da natureza, tal como chuva, sol, luar e outros que talvez nem saibamos ainda, dançar é a atividade inerente ao ser humano, desde também, o ondular, o se enroscar da serpente na macieira “encantou e conquistou” a primeira dama do cristianismo, desse baile que chamamos viver.

A geração dos anos dourados, possivelmente foi a mais privilegiada – por aqui – pois lá fora o rock já vira os pares de cabeça para baixo, posto que, toda envolta de canções simples com letras a falarem e cantarem as relações “inocentes” do apenas namorar com o beijo sem malicia no portão ou durante o baile, constituído com o tempero de um pouco de ciúme, muito conversar, ir ao cinema, no veraneio às praias e, a opção preferida, quase que a unanimidade, dançar, em bailinhos no porão da casa de algum amigo, ou mesmo colocar a vitrola para tocar as bolachas long play 33 rpm (rotações por minuto) ou o compacto simples ou duplo, na sala da casa ou garagem de algum amigo, chamar os demais e, dançar, dançar e normalmente colar (namorar).

O colar, que se iniciava com o repetir e permanecer a dançar com a mesma dama e esta, óbvio o mesmo cavalheiro e, todos lembram, o colar tinha alguns estágios, tal como: juntar o rosto, arriar as mãos e depois colocá-las sobre o peito do jovem, lado esquerdo onde está o coração e assim se iniciava um flerte, depois o namoro e muitos, passaram para o noivado, casamento e tantos, ainda hoje estão juntos numa família com prole extensa, com netos, bisnetos e a indelével marca dos anos e do tempo sobre a cabeça coberta de algodão ou então alguns fios escassos tentando encobrir a vasta calvice, além de uma protuberância abdominal como tanque de malte.

Os encontros da juventude ocorriam com tanta frequência, aos fins de semana, feriados e em outra ou qualquer oportunidade criada a qualquer pretexto, que praticamente ninguém era totalmente estranho ao outro e, muitos, já haviam tido uma relação de paquera, além de presentes em algumas tantas festinhas já participaram.

Ainda hoje, decorrido mais de meio século, um casal daqueles anos, ao entrar no salão à dançar, é como se tivesse um carimbo que o declara: sou da época da jovem guarda. Posto que, seu estilo lhe dá essa certificação e quem por lá passou, reconhece de imediato.

É relevante contar que, paralelamente à época da jovem guarda e até mesmo, já alguns anos mais velhas, há a grande e considerável presença e existência das gafieiras, cuja música vinha de grandes aparelhagens sonoras e estas, ainda hoje tem seu espaço garantido e nelas foi que se iniciou a hoje tão famosa função do DJ e, por outro lado, as mesmas estão equipadas com os mais potencias e melhores requisitos técnicos, inclusive de informática e, lá atrás o ritmo predominante era o merengue, tendo como ponto alto os long play do Luiz Karlaffe e que, colocava todos os pares no salão, que apinhado de dançantes, faziam até as paredes do ambiente suarem, além das músicas que falam de paixão, de traição amorosa como as interpretadas pelo Waldick Soriano, Amado Batista e outros do gênero. Gafieira do GE, do Boi entre outras, concentram o povo dos subúrbios e assim todos, independentemente do poder econômico ou não, tinham suas festas e seus locais para relaxar, pois ninguém falava e nem se queixava de stress.

Depois veio a lambada, o dançar na boca da garrafa e o resto, é que hoje não se vê são os casais a dançar, mesmo que mostrando os salões apinhados de casais disponíveis, pois o DJ ao invés de colocar música fala mais do que político em comício e se faz e mostra mais relevante do encontro festivo do que os pares que ali foram, com o propósito de dançar. Porém, há que se entender, é outra época, outra mentalidade e outros costumes e preferências e que, por certo os agradam e satisfazem-nos.

Voltando aos anos dourados, onde os garotos de Liverpool foram a presença inglesa no nosso tempo aqui do “biquíni de bolinha amarelinho”, como todos lembram dispúnhamos de uma gama de interpretes e as versões de Rossini Pinto se sucediam, principalmente as canções românticas, encabeçadas e puxadas pela dupla Roberto e Erasmo, ou as baladas deixadas para serem rodadas ao se aproximar do fim das festas e quando os casais que já haviam iniciado um colar – namorar – já era fato consumado e o romantismo das interpretações do Wanderley Cardoso, Gerry Adriani e mais alguns e algumas, já haviam dado suas contribuições para aquele estágio e então só viriam fazer o fundo musical para os pares, agora em franco namorar.

Mas, sem dúvida, as histórias, os casos em relação ao período e havidos nos salões são inúmeros  e, um deles bem guardado na memória, tem como palco uma festa num domingo qualquer a noite no salão do Automóvel Clube, no piso superior do Edifício Palácio do Rádio, à Presidente Vargas e cujo prédio ainda hoje lá está.

Salão amplo, apinhado de participantes e o jovem convida aquela jovem morena, magra, cabelo curto à uma parte (música) e dançam algumas mais, além de duas, quem sabe uma meia dúzia mas, sem ao menos trocarem meia dúzia de palavras. 

A dama dança maravilhosamente bem, de uma leveza de bailarina acostumada a bailar em nuvens ou sobre ovos. Sua cintura fina, foi fechada, contornada pela curvatura do braço direito do jovem e depois de algumas partes, como dito, musicas dançadas, pararam e ali mesmo tudo ficou e terminou, como sendo mais uma festa e sem maiores ou nenhuma consequência.

O mundo girou, o tempo passou! E anos depois, aquele jovem conhece uma jovem e se tornam amigos, namorados em casaram.

Em determinada festa em que estão juntos, ao iniciarem o dançar de uma música e que, ele fecha o seu braço direito em torno da cintura da dama, há a reação do corpo e este diz: já conheço está cinturinha e pelas circunstâncias dos fatos havidos lá atrás no tempo e relembrados, o  destino, o acaso, ou a coincidência, estava outra vez aproximando aqueles dois seres e agora, já unidos pela aliança matrimonial.

Há também outro capítulo a contar e que, tem raízes à época das canções do “eu te darei o céu me bem e o meu amor também”. O Almir, era um dos componentes do conjunto The Fevers e depois de abandonar o grupo, passou a tocar e cantar em carreira solo, com alguns outros amigos músicos e, foi contratado à um encontro nos salões do Pará Clube, à Trav Lomas Valentinas, um clube social  da Terra e que, ainda hoje lá está e, o casal, conhecendo o estilo e o repertório do musico foi ao baile e, salão amplo, tabuas corrida, pista mais que adequada ao dançar de salão, e, foi só ele meter os dedos nas cordas do instrumento e jogar no ar as canções que tanto sucesso fizeram, o casal entrou no salão e assim, como o músico emendava uma canção na outra o par, também engatava uma no fim da anterior e dessa maneira, aproveitaram aqueles momentos deliciosos, ensopando a roupa com o suor do saudável e feliz divertimento e, já pela 01 e tanto da manhã, resolveram se retirar do encontro festivo e aquele músico, num gesto gentil, de delicadeza e educação, parou de tocar e para todos os presentes no salão anunciou: está se retirando o casal de dançarinos.

Após anos no “estaleiro” criando e educando a prole de um casal de filhos, aquele par retorna a um de seus prediletos divertimentos, dançar e, passa a frequentar um ambiente numa derivação perpendicular à Rodovia Augusto Montenegro, também com amplo salão e inicialmente até as 00:00 hora o emprego da musica mecânica e ali, chegavam cedo e até lá zero hora, quando o ambiente ainda não estava apinhado de dançarinos, ele se divertiam e, nesse ínterim, é inaugurada a casa “Bolero”, na Padre Eutíquio, próximo ao Lapinha, esta uma casa de show.

Na sexta-feira da semana seguinte após a inauguração, o casal muda de endereço para se divertir dançando e agora, o Bolero é o ponto do divertimento dançar e, como foram frequentadores daquela casa aproximadamente por mais de uma década, a cada sexta-feira, o frequentar aquela pista, ocorreram os mais diversos casos a contar e são inúmeros mas, alguns merecem destaque e são esses que ocuparão as próximas linhas e ressalvando não terem necessariamente ocorridos na cronologia que aqui apresentamos.

O casal, chegava cedo e optava sempre em ocupar mesa distante do centro do ambiente, na área descoberta, por ser mais arejada e como gostavam de permanecer no salão em seguidas músicas e, assim o suor ensopava a camisa do cavalheiro e que, até mesmo levava mais uma muda, a ser trocada no decorrer da noite e, o local escolhido o ar circulava mais livremente e, não obstante essa particularidade, de seu ponto de estar, podia observar, pois quem gosta de dançar, gosta de apreciar quem o faz bem e por outro lado, atestar a presença de casais que como os dois tinha sistemática assiduidade naquele ambiente.

E como uma obrigação semanal a cada 6ª feira lá estavam os dois a dançar e testemunhar os casais conhecidos de vista e, para estes, a serem posteriormente relembrados no dialogo sobre o que viram e identificar os casos que chamavam atenção, atribuíam-lhes um referência e ligada a alguma particularidade e, dentro desse espírito, aquele coroa – cidadão de idade avançada – que gostava de dançar com damas mais jovens e desacompanhadas, pois invariavelmente parcela considerável dos frequentadores já ali chegam aos pares, marido e esposa, namorado e sua namorada e assim por diante – ele era o “boy” e que, após algumas musicas lá estava ele de beijos com sua dama e, as vezes beijava mais de uma.
Havia também a morena esguia e que também era muito requisitada, pois dança bem e, como sempre traja roupa branca, ela era a “pombinha branca”.

O fulano habitue sem falta, foi em conversa com ele mesmo que veio o cognome que se lhe atribuiu, pois disse ao casal que ali comparecia escondido da esposa e, ao chegar em casa pela madrugada, tirava a roupa suada e a escondia no fundo do cesto e assim, ele passou a ser o “cesto de roupa suja”.

O moreno alto e que, era alucinado em saber dançar tango mas que, nem passava perto e a esse então,  foi atribuído a denominação de “tangueiro

O tempo se acresce a cada sexta e também os garçons, o discotecário (DJ), o gerente, passam a conhecer o casal e por este serem conhecidos. O DJ também cognominado “mosquitinho”, enquanto a música ao vivo  entrava a tocar, ele sentava à mesa do casal e já sabia da preferência do mesmo e, para agrada-lo, tão logo ele de seu “aquário” (sala de som com vidro transparente) percebia que o casal estava na casa, imediatamente “jogava” no ar Julio Iglesias, Ray Connffi e outros desse gênero.

Logo no inicio em que todos ou a maioria está “fria” sóbria, ficava observando o casal a deslizar na pista e, em alguns sorridentes é como que se declarassem legal! Estamos gostando de assistir, de ver e, enquanto outros, desse que o nariz parece que está acima da testa, o olhar e a fisionomia descreviam dentro de um “balão” sobre suas cabeças a frase com conotação de censura: exibidos!  

Mas, esses últimos e principalmente a “dondoca” que chegava como que o todo o ambiente devia lhe render homenagem, posto que as narinas não podiam ser mais empinadas e se acreditando a “última torrada da ova do esturjão, o caviar” mas depois, de uns copos, já tiravam o sapato, ia para o salão sozinha ou então ia a mesa do casal pedir aquela dama para dançar com seu par.

Esses comportamentos são as misérias das personalidades que se acreditam superiores a todos, em função de um orgulho tão pobre que são dignos de dó, pois quando o oxigênio lhes ameaça faltar, em função de num brutal acidente de trânsito, clamam a todos e o mais simples dos mortais tornam-se o seu Deus para lhe ajudar a conseguir sobreviver, pois ai é que vão ter a certeza de que são tão vulneráveis no viver como qualquer um e o mais humilde ser.

Outros também iam lá acreditando que o casal era dono de academia de dança. Outros a perguntar ou afirmar que ele ensaiava no quintal, e quando eram informados que o imóvel era apartamento e que não tinha ensaio, não acreditavam e julgavam que os enganava.

No inicio e em função do título da Casa “Bolero”, o casal fez um rol de orquestras e interpretes compatíveis e que, poderiam agradar e ser adequado portanto, com o título e com que se propunha o ambiente, pois destinado aos “coroas” oriundos dos anos dourados e assim, por muitos meses o “Mosquitinho” cumpria quase que na íntegra aquele roteiro e desta feita, era como se fosse uma promoção exclusiva, não para o casal mas, para todos os de sua faixa etária e assim sempre era casa lotada.

E então, vamos aos casos interessantes e como a dança pode influenciar na vida das pessoas, pois pelo que sabe, seja uma atividade desde que os primeiros seres vivos habitam o planeta e independente de racionais ou irracionais. Quem, ainda não ouviu falar das danças para o acasalar entre as várias espécies?

O governo Collor de Mello decreta o bloqueio do saldo de contas bancárias do cidadão e, no primeiro dia útil após a medida antipática e traiçoeira, forma-se à porta de uma agência bancária à Av Magalhães Barata próxima à Av Alcindo Cacela, massa de clientes esperando a hora para ingressar na casa e, lá estavam dois casais, quando um deles puxa conversa com o cidadão que o cidadão frequentador do “Bolero”, dizendo, extrovertida e amigavelmente: Olá! Tudo bem? O cumprimentado olha-os com a interrogação?  Conhecemo-nos de algum lugar? E ele todo a vontade e cordialmente responde, sim lá do Bolero! Não vais lá todas as sextas? Nós também! Pronto! Ali se iniciou uma forte amizade que ainda hoje permanece, pois a partir dali os 3 casais passaram a ocupar a mesma mesa e assim o fizeram por longos anos e também, em encontros na casa de um deles no bairro do Umarizal e em outros encontros festivos de aniversários na residência de familiares dos dois amigos, posto que as respectivas esposas são irmãs, não é Cristóvão e Arlete, Roberto e Ademildes?

Àquelas sextas o ambiente era frequentado por um grupo de 5 a 6 damas, com idade madura ou como dizíamos antigamente, balzaquianas, e, uma delas, certa feita convidou o casal que passava dançando em frente a mesas delas, a sentar à mesa das jovens e extrovertidas moças e, uma do grupo pediu à esposa do cavalheiro que o deixasse com ela dançar, no que houve o consentimento e, lá vai o casal para o salão e a dama dele permaneceu aguardando-o na companhia das demais frequentadoras. No decorrer da “parte” ele foi alvo de uma saraivada de perguntas tal como, é sua esposa, tempo de casados, se dão bem e etc...Terminada musica e a qual serviu para um interrogatório pessoal, retornaram, e ele a deixou na sua mesa com suas companheiras de curtição, tomou a esposa pela mão e retornaram ao salão.

Numa sexta depois, comparece o frequentador “tangueiro” acompanhado de uma dama que, sintomaticamente era sua esposa e que, até então, jamais o havia acompanhado, Porém, nas 6ª feiras seguintes, ele voltou aquela casa desacompanhado e, numa dessas oportunidades, lá está ele rodando o salão com aquela morena que convidou o esposo daquela dama a dançar e que a ele, desfiou um rosário de perguntas pessoais e entre ele a esposa, bem como se davam bem e tendo recebido o sim como resposta e, tudo ficou só dança mesmo. Mas, com o “tangueiro” a história foi além e, depois souberam ele se separará da esposa, aquele que lá foi apenas uma vez e, daí em diante, ele passou a viver com a morena e com esta passou a frequentar o ambiente por inúmeras semanas e assim, pode-se concluir que dançar também, tem suas armadilhas e pode contribuir para desfazer um casamento e construir uma outra relação e união.

O cisne negro também foi o título atribuído a um cidadão moreno, alto e que chegava ao “Bolero” já lá pelas 23:00 h ou um pouco mais, engravatado, paletó e portanto a rigor, como se fosse uma autoridade do judiciário. Sentava só e depois de alguns goles e copos e já liberado pelo álcool, tirava ou não o paletó e ensaiava no tablado do salão, passos de ballet e, por ser um morenão, o denominamos de “o cisne negro”.

Na hora do “pi pi” o casal ia junto aos WC, cujas portas masculino e feminino ficavam lado a lado e ele sempre terminava antes dela e ficava a espera-la às proximidades da porta das damas. Numa dessa pós micção, ao sair ela diz a ele vai dançar com ela, pois ao seu lado vem também uma dama,  uma senhora de idade avançada.

Ele sem questionar foi para pista com aquela desconhecida e, ao passar por uma mesa a margem do salão, em cuja cabeceira estava um cidadão escuro e que o olhou de maneira estranha e interrogativa e foi informado por ela que eram seus familiares e, não obstante, tão logo iniciaram a dançar, um casal de jovem da mesa levantou-se e se postou dançando sempre bem próximo aos dois enquanto dançavam, ocasião na qual, ele percebeu que aquela dama estava altamente embriagada e tropeça nos próprios pés.

Concluída a música, ele a levou a sua mesa de volta e retornou a mesa onde estava sua dama de sempre.
E eis que vem então a gravidade da situação e risco vivido ou passado enquanto dançava com aquela estranha. Diz ele a esposa: percebestes que tua amiga está bêbada e muito? Responde ela, com naturalidade e sem se dar conta do que poderia ter sido um problemão. Ela não é minha amiga e nem a conheço! E então narra o que houve no banheiro feminino. Ao entrar dá de cara com a seguinte cena, a senhora estava debruçada no balcão da pia conversando consigo e reclamando com sua própria imagem refletida: aquele fdp não dança e estou doida para dançar e, quando vê refletida a imagem da frequentadora e quem já havia observado antes na pista, se vira e pergunta: ele é teu marido? Vocês dançam tão legal, deixa eu dançar com ele, e assim ao sair do WC, houve a orientação: vai dançar com ela, E então ele pondera, vistes o olhar do marido dela para mim? Isto poderia ser razão de uma questão mais séria, o que felizmente não houve e continuaram a se divertir.

Porém, o tempo foi mudando, a violência urbana crescendo  e tomando conta de cada quadra de via pública e, sair a noite para diversão noturna se transformou em atividade de alta periculosidade e, por consequência o bom senso orienta que se permaneça em casa e se deslize no piso da cozinha, pois quem já dançou e gosta, ao som de orquestras de violino na Praça de São Marcus em Veneza, não pode facilitar a sucumbir ante o 38 de um meliantes que infestam a cidade e tolhem o direito elementar do cidadão a diversão.

Assim como casal deste conto, muitos também deixaram de frequentar, pois o bairro é violento. A direção da casa chegou a colocar transporte para conduzir os casais interessados em frequenta aquela casa mas, não se sabe o que houve com ela. Porém, a mídia não divulga mais promoções no Bolero e se fechou ou não, ignora-se mas ali muito se colheu como diversão e amizades.

Lúcio Reis

   
Palpite após a vida!



Reiteradas vezes, na condição de quem já havia operado a anotação de apólices às apostas do jogo relacionado aos animais do zoológico e popularmente conhecido no País, como jogo do bicho, ele dizia ao amigo, com quem sempre dialogava e narrava suas peripécias havidas e vividas: “só quem ganha é o dono da banca, ou o conhecido bicheiro!”

Havia entre os dois uma forte amizade e de há longos meses, além de uma relação funcional e no decorrer daqueles anos de convivência, entabularam os mais diversas temas, inclusive o que se relacionava com a partida definitiva, o que ele não encarava com naturalidade, posto que gostava do viver, de sua vida e o fazia intensamente, apesar de enormes dificuldades enfrentado e muito ter labutado, ainda trabalhava e nem pensava em parar, mesmo já tendo sido aposentado, pois iniciará suas contribuições previdenciárias muito cedo.

Vaidoso, não deixava as marcas e a tinta do tempo pela idade, lhe pintar os pelos e sempre mantinha os grisalhos encobertos pelas tinturas industrializadas, deixando apenas as “suíças”  grisalhas como charme à chamar atenção e também, não relaxava um perfume e de preferência francês.

No ambiente em que chegava ou estava, não deixava o baixo astral ali permanecer, pois suas sacadas eram sempre para tirar risos e até mesmo gargalhadas. Caso fosse carioca, a principio seria, um malandro de primeira linha e no bom sentido, pois fã do Moringueira, de quem contava algumas passagens.

Dançar era uma outra atividade que exercia com prazer e, como se dizia, o pé de valsa era e estava ali mesmo.

Tinha também como hábito, dia de finados, ir ao cemitério pela manhã, cumprir o ritual de visitar o túmulo de entes queridos. Pela tarde dos amigos mais próximos. E a noite, de certa forma paquerar e ver as pessoas, conversar e se fazer presente para o reencontrar pessoas que há tempo não via e portanto, era um sujeito que sempre prestigiava as relações de amizades. E naquele campo santo, construirá previamente e por tanto vivo o mausoléo para si, familiares e nele já depositado os restos mortais de seus antecedentes, incluso a saudosa genitora.

Mas, os capítulos da novela do viver de cada um ser, o autor que os escreve não conta a ninguém previamente e nem dá alguma pista e assim a cada dia que se inicia, é principiado também a interpretação sem ensaio, do próprio personagem no teatro pessoal, por isso jamais alguém tem conhecimento se ao término do primeiro ato que vai das 06:00 às 18:00 h, sob os holofotes do astro rei, se haverá cenas de alegria ou de lágrimas, de tragédias ou simplesmente de nenhuma anormalidade e, o mesmo ocorre em referência ao segundo ato, quando os refletores passam a ser prateados e, com os encantos da dama da noite e suas adoradoras que cintilam como vaga lumes ou pirilampos suspensos na imensidão do universo..

Ele sabia de sua fragilidade capilar mas, o espírito jovial, não lhe permitia o se enclausurar e simplesmente viver como se tivesse restrições e não lhe fosse permitido o usar e esbanjar sua liberdade e por essa ótica, passear na walk machine da neta, seria mera aventura como o sair a desfilar pela praia, deambulando malandramente a olhar a beleza feminina de quantas por lá estavam a tomar sol e se bronzear e ele seu charme mostrar, como se numa passarela estivesse aquele manequim a desfrutar o relax e se encantar a beira do oceano.

Pega a “patinete motorizada” e vai! Mas, algo imprevisto ocorreu! Porem, por certo que, já inserido no roteiro de sua interpretação naquele fatídico dia e, mesmo estando a uma altura so solo arenoso, há possivelmente entre 15 a 25 cm, caí, quem sabe uma tontura repentina, e a cabeça vai de encontrar a areia banhada pelo oceano e com o baque, rompe-se algum vaso capilar cerebral.

Ali iniciou-se o último capítulo de sua passagem por este planeta e no palco do teatro de seu viver. Desconexões mentais e falta de concatenações no dialogar, falha de memória, esquecimento e, ao consultar medico amigo, a família é orientada a retornar para tratamento médico  hospitalar na Capital e então, a situação se agrava, pois seu apego a vida e ao viver era demasiadamente grande e ele sabia, por alguma razão, que internação em CTI equivalia a gravidade e seu instinto lhe dizia a não se deixar levar e entrar naquele Centro Intensivo de Tratamento, que de lá não mais sairia e, assim a necessidade era imperiosa do ser internado e a sedação foi o meio de acalmá-lo e interná-lo.

A extensão do derrame e o coagulo formado abrangeu considerável área cerebral e a última vez que ao apertar sua mão no CTI e sentir uma pequena pressão muscular e de seus olhos as lágrimas correrem foi em março há 19 anos e depois a saudade é que ficou. Pois daquele CTI saiu para o sepultamento, a ocupar o seu espaço já preparado e, assim não dar trabalho a família .

Em companhia de familiares arruma-se sua documentação no escritório, onde pela manhã e a tarde era seu “point” e ali ele fazia seu expediente, contatos telefônicos funcionais, sociais. E após olhar cada pasta e respectivos documentos que encerravam, as mesmas foram levadas ao seu apartamento, onde viveu alguns longos anos de sua vida matrimonial e familiar.

Um dia a viúva faz contato, pois não conseguia localizar uma pasta na qual estavam os documentos relativos a aquisição de um imóvel que ele havia adquirido e que, por necessidade de procedimentos junto a financeira em referencia a cobertura pelo seguro do referido bem. E é dada à viúva, a informação de que aludido papelório estava arquivado numa pasta azul, a qual foi levada e entregue-lhe no apto junto com as demais.

Responde ela, não a acho e já procurei muitas vezes. O amigo convicto de que a havia deixado lá com as outras, ele se dirigi à residência da amiga viúva. Onde colastes as pastas, pergunta ele? Diz ela, eu as distribui e guardei nos guarda roupas nesses dois cômodos e o conduz aos mesmos.

Ele abre as portas, olha e não vê a dita pasta azul. Olha novamente, separa um pouco uma da outra, pois quem sabe, a dita ficou um pouco para trás e encoberta pelas laterais. Mas debalde, a pasta não é vista e, bate um desânimo e questionamentos. Como desapareceu, se ela veio para cá, pergunta ele para si mesmo em pensamento?

Desanimado e quase desistindo mas, tendo a certeza de que a  levará junto com as outras e a entregue, senta-se no sofá da sala e de repente como num sopro, num cochichar vem a orientação: procura por de trás. De supetão, ele se levanta, chama a viúva e voltam ao primeiro ambiente e, no armário onde as pastas estavam, puxa para fora a primeira pasta a esquerda e na parte mais alta e lá atrás em outra fileira a procurada pasta e assim é terminada aquela odisséia por informação do amigo do outro lado da vida, pois não há outra explicação, posto que a viúva não lembrava que arrumará ou mandará guardar em duas colunas a documentação.

É madrugada de quinta para sexta feira de uma semana qualquer em algum ano lá atrás no tempo há uns 18 anos e, em sonho o amigo, como já registrado, pertencente ao mundo do espírito, e energia do outro lado da vida e por tanto em outra dimensão, diz ao amigo para que jogasse no número 279, óbvio a principio no jogo do bicho.

Mas o amigo do lado de cá não acredita na orientação e discute com o palpiteiro, questionando-o: como jogar se sempre dizias que apenas quem ganha é o dono da banca? Mas ele insistia e o mandava fazer o jogo!

Passa a sexta, o sábado e o domingo. Na segunda feira em torno do meio dia ao manobrar o seu automóvel para entrar na garagem, vem-lhe a mente o sonho e o palpite, joga na centena 279. Espantado, ele olha e vê que ali próximo a Vilma a cambista ainda esta atuando e termina de guardar o carro e vai até ela e arrisca no palpite e faz “aquela fezinha”, mas sem acreditar, arrisca pequeno valor.

Ao fim do dia, quando retorna para casa e novamente ao manobrar para guardar o carro, a senhora do jogo o chama. Havia acertado a centena e ganho umas 100 vezes o valor arriscado, jogado e que, como foi pouco, ganhou pouco. Sorridente e satisfeito lembrou do amigo falecido que lhe deu a informação passando-lhe o palpite. E, um pouco sem graça, agradece.

Decorre mais uma semana e novamente o amigo vem em sonho e nessa visita, diz, chamando atenção: deixa de ser burro e o orienta desta vez a jogar no burro. Outra discussão e sobre a credibilidade do resultado.

Passados alguns dias, o descrente apostador passando pela Magalhães Barata em frente a Loja Imperador, a qual vendia móveis, ali estava uma banca de jogo do bicho e lhe veio a lembrança do segundo sonho e o novo informe de jogar no burro.

Mesmo sem acreditar severamente no sonho, como da outra vez, pegou um valor pequeno, desta vez, um real e arriscou. Conclusão, transformou o valor aplicado, jogado, em 18 vezes mais.

Pois bem, daí em diante, entendendo que o amigo se chateou, pois mesmo querendo ajudar o amigo do lado de cá e este por teimosia e descrer no palpite de quem já tinha sido apontador, nunca mais ele veio lhe passar palpite.

Mas, mesmo com as duas experiências, jogar no bicho nem pensar, pois ele também crer que, quem ganha mesmo é o dono da banca, o que é normal. Pois ao cidadão compete trabalhar para ter seu ganho livre e licito. Pois sabemos que esse tipo de jogo é contravenção

Lúcio Reis.



MEDIOCRIDADE NO, OU A COMANDAR!

Esta é uma construção de mera ficção, qualquer semelhança com fatos, pessoas, locais ou instituições terá sido simples coincidência, exceto o que se refere ao Livro tomado como gancho para criação literária..

Da mesma forma como há o Assassinato de Reputações, há o Suicídio de Caracter e funções!

A leitura do livro Assassinato de Reputações um Crime de Estado, de Romeu Tuma Junior em depoimento a Claudio Tognolli, da Topbooks, no capítulo 1, o autor fala do valor de seu nome como o bem a ser levado ao tumulo e sua honra como único e valoroso bem moral e patrimonial a ser inventariado como herança por suas filhas e neta.

Refere-se também ao informante do DOPS – Departamento de Ordem Política e Social – e “ganso” de seu pai o delegado e Senador Romeu Tuma, que usava o codinome “Barba” e cujo cidadão a quem foi atribuído esse codinome nada mais ou nada menos do que ao ex-metalúrgico, sindicalista, fundador do PT e ex presidente da República Federativa do Brasil, o pernambucano Luis Inacio Lula da Silva.

Ao nosso discernimento e conclusão, teria sido  até mais honroso se incorporasse ao nome também o codinome “Barba” e assim os estrangeiros não o chamariam de Lula da Silva mas, Lula Barba e dessa maneira preservaria o sobrenome Silva, muitíssimo usado por cidadãos simples e probos desta Nação mas, agora atrelado a figura mais desqualificada que a Nação já colocou em evidência e que o livro já mostra essa imoral e indecente adjetivação e que mais tarde a história se incumbirá de mostrar a real personalidade desse brasileiro, pois a rigor com o passar dos anos, nossa sociedade dar-se-á, espera-se, a praticar o hábito da leitura e por essa, historicamente se informar e nos diálogos interpessoas o fato divulgar e ser compreendido por todos.

O escritor Tuma diz também em sua produção literária que o “O ganso que virou pavão” – capitulo 1 – e isso é mais um referência de que o caracter do cidadão não estava lapidado e, seus vícios condenáveis, para a relevante função assumida e assim, só podia dá no que deu, pois como é sabido também, intelectuais experientes e ilustres cidadãos, juristas que assentaram a pedra fundamental de fundação da agremiação vermelha, depois perceberam e concluíram terem apostado suas fichas numa “carta ordinária de um barulho viciado e sem valor moral, ético e social” e assim jogaram-se ao mar da decepção, juntando-se a tantos outros brasileiros, exceto aqueles que a lavagem cerebral e o cabresto da massa de manobra aniquilou com a secção de discernimento cerebral e os antolhos só os deixam ver e enxergar o que os barbudos lhe mostram e se ouvem e escutam o falam, mesmo a despeito das mais estapafúrdias desculpas e que fogem a todo e qualquer critério do bom senso e, ante tudo o acima, deu-nos o gancho para a narrativa e o contar do fato a seguir e que, se houver semelhança com alguma história, ato ou pessoa, terá sido mera coincidência ou semelhança, posto que o efeito da mediocridade não é diferente, o que muda são os personagens, os interpretes e por coseguinte os agentes que a acometerem ou que dela não conseguem, por que não podem, se desvencilhar, posto que inerente a personalidade e ao caracter e cuja origem, ao que sugere, esta na boa ou não formação, quando nos primeiros anos de vida e, no caso, o cidadão já confessou como bravura e ato elogiável, os pequenos delitos de furto cometidos ainda no interior onde residia com a família e, não obstante o próprio há também o público desvio de conduta do irmão e a não menos conhecidíssima “genialidade” do filho que conseguiu a metamoforse de se transformar de funcionário de zoológico num dos magnatas latifundiário e pecuarista dos mais endinheirados do País, sob a varinha mágica da função presidencial exercida pelo genitor e este ainda o louvar publicamente, avalizando as vias tortuosas usadas.

O residencial, cuja construção se iniciou à época do milagre econômico por empresa ligada ao SFH – sistema Financeiro da Habitação – ficou com suas obras paralisadas por uma década e compunha-se de 928 unidades distribuídas por vários blocos, salvo engano, 18 ao todo.

Retomada a obra e deliberada a venda, com financiamento pelo próprio sistema sob a modalidade poupança bonificada, ou seja, o comprador só tinha necessidade de ter renda comprovada e documentação jurídica legal e assim, habilitava-se à assinatura do contrato de venda e compra, para quitação ao longo de 30 anos ou mais. E dessa maneira, o jovem adquiriu sua casa própria, sonho até hoje de muito pai e chefe de família.

Iniciou a quitação do financiamento e religiosamente cumpria o pagamento das parcelas, nas quais, se embutia determinado percentual, como contra partia à cobertura de sinistro, quer com o bem ou com o mutuário, logo um seguro do financiamento.

Após alguns anos, o mutuário desenvolve problema grave de saúde e que por junta médica é diagnosticado como incapaz e assim se enquadra no requisito que lhe faculta  e assegura o direito a quitação pelo aludido seguro contratado e rigorosamente em dia.

Para tornar o bem uma fonte de renda a ser acrescida no rendimento de sua aposentadoria e sustento familiar, faz locação do apartamento e por inexperiência e coincidência o loca a um irresponsável e que, ao término do 3º mês de vigência do contratado, tendo em vista desentendimento com a amante destinatária para habitar o objeto alugado, o locatário desiste do prazo contratado de 12 meses e devolve o bem “arrepiado” como dito vulgarmente, ou seja com paredes sujas, esburacadas com tocos de cabo de vassoura para dependurar quadros e outras sujeiras, próprias e inerentes às pessoas sem formação de civilização e , ainda muito comum na sociedade e que, para justificar seus atos de bicho, dizem: não quero nem saber, estou pagando! E assim o país marca passo na condição de emergente, pois sua matéria prima é de péssima qualidade.

E, para ilustrar a assertiva acima, pode-se contar o fato que a jovem estudante de família abastada, contava aos seus 17 anos, como um belo troféu: foi em viagem de passeio visitar os USA e numa das cidades daquele grande País, no interior de uma loja foi flagrada subtraindo ilegalmente alguma mercadoria e, teve como punição, segundo consta, um carimbo em seu passaporte a dizer que num determinado prazo, de alguns anos, estaria vedado, proibido seu ingresso lá. E isso era razão de vantagem e glória para ela, ao invés do sentimento de vergonha e lição educativa.

Mas, voltando ao tema, o jovem se indignado, e revoltado com o estado deplorável do seu patrimônio, retirou os tacos que revestiam o piso, demoliu paredes na cozinha e o fechou. Durante alguns anos, fez economias, pois como pagava aluguel, decidiu que se mudaria para o imóvel, após promover reforma no mesmo e assim foi realizado.

Mudou-se e inicialmente com a projeção e programação de ali morar por uns dois anos mas, nesse ínterim a qualidade e fama do residencial, em função de invasões e enorme inadimplência dos mutuários, caíram assustadoramente, muitas pessoas abandonaram seus imóveis e  bandidos dele se apoderaram e, até o título foi pejorativamente mudado para “Inferno Amazônico” em substituição ao seu original Império Amazônico e, em consequência a desvalorização caiu a estágios críticos e assim os dois anos iniciais passaram para quase 14 anos.

No decorrer desses anos, o jovem que lá passou a ter domicilio e residência atuava no sentido de melhorar a imagem, pois ali ser seu lar e a presença da prostituição e do tráfico de droga eram ou poderiam ter sido,  ameaças diárias a sua prole que estava em formação e na fase adolescente.

Então passou a ter atuação direta na administração do bloco no qual era proprietário de unidade e, desta forma ao longo de mais de dez anos, assumiu por várias vezes a função de síndico, de um condomínio que existia de fato e não de direito e por essa razão, para reduzir a inadimplência, a fim de evitar solução de continuidade como corte do fornecimento de energia que acionava a bomba de água para suprir todo o bloco, todas as vezes que assumia a função sindical, reduzia o valor da taxa ao patamar necessário a cobrir todos os itens de despesas, realizava prestação de contas e que eram entregues aos moradores individualmente e, numa das vezes em que transmitiu a função à uma moradora, esta resolveu majorar a taxa desnecessariamente com o que discordou, pois haveria o risco do aumento da quantidade de devedores e nisso, é criado um impasse, pois enquanto ele queria pagar o devido e necessário, ela não recebia. Ele tentou quitar aos outros responsáveis das outras entradas, pois o bloco se constitui de três entradas para cada bloco o “A”, “B” e “C” e estes se recusaram a lhe dar quitação. Depositar em juízo não era possível, pois não havia legalidade, o condomínio existia de fato e não de direito, portanto, sem CNPJ e nisso o tempo foi passando.

Mas aquela situação de devedor mesmo querendo pagar, o incomodava, posto cumpridor de suas obrigações e assim, buscou como via de resolução a via judicial no juizado especial de pequenas causas e como se fora uma questiúncula entre duas pessoas físicas e assim, impetrou a ação. Feita a convocação e na data agendada para a audiência de conciliação no Fórum da Capital e na Sede do Poder Judiciário, lá estavam eles frente a frente na sala de audiências, mediada por uma estagiária e ao ser por ela perguntado sobre o feito e razão da ação, respondeu que ela o queria extorquir. Ante esse termo forte, uma senhora que circulava a mesa por detrás das pessoas assentadas, o interpelou rispidamente, dizendo que a ré o podia processar ante a séria acusação.

Ao ser questionado por aquela senhora, ele primeiro perguntou quem era ela, no que recebeu como resposta, ser ela a Magistrada –Juíza – Presidente daquela Vara e então, ele foi quem perguntou se ela podia lhe responder uma pergunta, dentro do tema, no que ela concordou. Então ele expos a seguinte linha de raciocínio: “V. Excia., tem uma linha telefônica e na fatura vem o valor de “x” e ao chegar no banco para a quitar dentro do prazo de adimplência, o caixa lhe cobra “x” + “y”. A senhora aceita e paga? Ela respondeu negativamente! No que ele pergunta mais uma vez, e como se qualifica essa ação do caixa bancária? E, para o cheque mate na questão, ele diz mais a ela: Excia., fui eu quem fez a queixa para pagar, quando o normal e a maioria registra ação para receber. Ante essa realidade e até mesmo em cheque, ela substitui a estagiária e conduz o feito para o acordo, no que houve a concordância da reclamada em juízo, de que receberia o valor que ele há muito tentava quitar.

Porém, ao retornarem ao condomínio e ao conjunto residencial, ela se recusou a quitar o debito e passar o devido recibo dos meses inadimplentes e assim, ele deixou de pagar e deixou o tempo passar e antes disse a ela, quando quiseres receber e só dizer pois o valor é conforme definido em juízo.

É um abril e, em torno dos primeiros dez dias, o casal de moradores desce com uma garrafa plástica de água mineral de 20 litros vazia, para pegar seu carro na garagem e sair e, é recepcionado pela referida sindica, que se dirigindo a ele peremptoriamente o questiona: como é que é? Vai ou não vai pagar o condomínio? No que ele perdeu as estribeiras e depois de tudo que já havia tentado, respondeu: vai cobrar da PQP! E assim, transtornada, ela partiu para cima dele para agredi-lo e recebeu uma garrafada vazia na cara. Aí ela se dirigiu à esposa dele e também quis agredi-la e dela também recebeu um bofete e para não complicar mais, o casal entrou na garagem e a fechou com o portão de ferro que havia. Como última cartada e tentativa rasteira de criar um clima de guerra entre o casal, diz ela para a esposa dele que, ele queria ir para cama com ela e ela não aceitou e ante isso a esposa, conhecendo esse lado dela, fez pouco e disse em resposta, ante a comparação física dela gorda e a esposa dele esbelta e elegante, sei que não vai me trocar por esse bagulho e isso, a levou ao desespero, pois sua cartada não surtirá o efeito e assim, ela tentou pela grade, alcançar o rosto daquela esposa com um tapa mas, o vão entre os ferros era estreito para a passagem gorda do braço dela e assim, as barras funcionaram como escudo que a levaram a ficar mais irada ainda e com hematomas no ante braço.

O que ele fez? Saiu dali direto ao distrito policial e registrou um termo circunstanciado de ocorrência.

Passados alguns dias, em torno das 13 h, ele ouve a campainha de seu apto soar e vai atender. Olha pelo “olho mágico” e constata se tratar de um desconhecido e assim, sem abrir a porta pergunta quem era? Ao ouvir o fulano dizer que se trata de portador do major S.... do E-2, ele abriu a porta de madeira e deixou a grade de proteção fechada. E pergunta quem era ele? Que diz se chamar Luis Carlos. Ao ouvir a informação de E-2 e por saber do que trata essa secção. Ele abre a grade e o manda entrar e sentar. Pergunta o visitado o que visitante desejava? Então ele responde que na condição de portador do major S...que fora ali convoca-lo para que comparecesse para falar com o oficial, sem declinar o assunto. Em ato continuo, foi-lhe solicitado que ele se identificasse e recebeu a carteira de identidade civil que lhe fora mostrada e na qual estava o nome NRS. Ao ver aquele nome, houve o questionamento: informastes ter o nome de Luis Carlos mas, aqui esta registrado NRS.

Como alguns dias atrás ele havia sido vitima da furadinha – furo no pneu do carro e quando o motorista pára para troca-lo, o ladrão faz a limpeza no veículo levando tudo que encontrar sobre o banco e porta luva, pois  o furo e feito no pneu traseiro do lado contrário da porta do condutor – e, assim deduziu que aquele sujeito era um possível ladrão que lhe aplicará o golpe e por isso, quis se ver livre do mesmo e lógico sem acreditar ser verdadeira o informe sobre o major e, mesmo assim, pediu a esposa papel e caneta e anotou o nome e nº da identidade do cidadão e disse que iria ao encontro do oficial. Pois ali, para ele, ficou configurado o crime de falsidade ideológica.

Por ser para ele, uma situação inusitada e anormal envolvendo uma instituição constitucional do país, por tanto, ligou para um coronel amigo e relatou o fato e, recebeu deste a seguinte orientação: tua ficha de apresentação na secção de inativos está atualizada? Responde ele que sim e, continuando a orientação, concluiu o oficial. Se for verdadeiro e oficial mesmos, ele te manda um expediente formal e, ante essa informação, houve a acomodação e não deu bola mais para o assunto.   

Eis que chega o dia 30 de abril daquele ano, data do natalício da mãe do rapaz. Toca a campainha de sua residência – o apto em que residia – em torno de 12:30. Sua esposa, olha pelo “olho mágico” e não consegue ver quem aciona o interruptor, pois o visor esta obstruído, a principio pelo dedo de alguém. Do lado de dentro, óbvio, ela fala. Se não retirar o dedo do visor, não abro e enquanto isso, chutes era desferidos na porta. Ao ser desobstruído o “olho mágico”, ela se depara com um militar devidamente fardado, tendo atrás de si mais dois e ainda pode perceber um terceiro se deslocar para o andar superior seguinte naquele prédio, como que para evitar uma possível fuga e que só poderia ser feita se alguém saisse dali voando, pois o andar superior era o terceiro e o prédio construído sobre pilotis.

Pergunta ela aquele que lhe esmurrava a porta, sem ter aberto a grade de proteção, quem era ele e o que desejava e ele responde se chamar tenente JKA! E o que deseja? Falar com fulano, marido dela. Responde ela, ela não está! Ele insiste está sim, abre aí. Ela peremptoriamente rebate, dizendo-lhe: na minha casa entra quem eu quero e não vou abrir. Insiste ele o tenente, ele está escondido em baixo da cama e a esposa responde, ele saiu e quando voltar, falo para ele que estiveram aqui e qual é o recado? Diga para que ele vá falar com o major S... E assim se retiraram.

Ainda não tinham se refeito do ridículo, inconveniente, prepotente, abuso de autoridades e estúpido episódio protagonizado pela patrulha, pois as ações é como que se tratava de bandido da mais alta periculosidade ou de um guerrilheiro frio, desalmado e daqueles que devoram criancinhas. E eis que toca outra vez a campainha e mais educada e civilizadamente. Quem é? Pergunta ela! major fulano. comandante da unidade “G”. Ela olha pelo visor e vê o rosto do oficial. Abre a porta e o portão, ante a educação do mesmo, e o manda entrar e sentar e pergunta o que ele deseja? E eis que o mesmo vem reiterar o chamamento do major S.... do E-2. Então ela diz aquele oficial, que antes já havia recebido a visita de um tenente e que o mesmo deixará o mesmo recado que este agora fazia e assim como disse aos anteriores, disse a este último que assim que se marido retorne dar-lhe-á os dois recados e então o major se retira também com sua patrulha.

O esposo dela ao tomar ciência das convocações e a maneira como as mesmos chegaram e as circunstancias que as envolveram, se viu numa situação de inicio e por todo o havido de extrema gravidade, posto que a primeira patrulha ou guarnição se portou como numa ação de que iria meter algemas num perverso criminoso e, duas patrulhas do exército sob o comando de um tenente e um oficial superior, davam conotação de algo para abalar as estruturas da república.

Aqui se faz um registro de reconhecimento e que traduz a grandeza da mulher e a fortaleza que muitas representam e efetivamente são para o lar que conduzem. Dizem é verdade sempre há uma grande mulher, quando há um grande feito e, no caso não foi diverso, pois, a esposa dele não deixou se abater e nem amedrontar ante a gigantesca demonstração de força, abuso de autoridade e enorme estupidez de alguém que não teve o mínimo de respeito pelo lar de uma humilde família e que esqueceu ou não quiz lembrar que a Constituição de nosso País protege a inviolabilidade do lar do cidadão e assim, evitou que ele fosse capturado pelas feras e fosse conduzido como troféu à incompetência e, como escudo de seu domicilio se antepôs aos incompetentes e que em determinadas situações abolem o bom senso e metem os pés pelas mãos e outras tantas, são vilipendiados, massacrados com cortes orçamentários humilhados publicamente e, o pior, por aqueles que tem carimbado no “curriculum” o titulo de corruptos, ladrões, bandidos da república e, em nome da disciplina, agacham-se como cordeiros. Não se prega aqui o arranhar do regime disciplinar que norteia uma instituição mas, sem dúvida, para tudo há um limite, pois afinal  forças armadas, são o cidadão fardado de uma Nação.

Em função de toda a situação, com característica de cometimento de crime e grave, mesmo sem poder sequer admitir ou lembrar algo que pudesse trazer aquela consequência, ligou a um advogado amigo e o convidou a acompanhá-lo até ao E-2, pois em sua memória dizia ter cometido algo gravíssimo, só não sabia o que, e assim combinaram em se encontrar à sede da secção e, a esposa dele, não o deixou ir só e o acompanhou.      

Ao chegarem ao prédio que lá está na mesma praça, ao se apresentar no corpo da guarda e dizer quem era ele, houve a reação de que o aguardavam. A ele foi perguntado se sabia onde era a secção? Responde ele! Se não mudou de andar, sabia sim, posto que naquele quartel começou sua vida profissional e dela se retirou com mérito e inúmeros elogios.

Sobem os três para o 3º pavimento e se fazem anunciar. Ao entrarem naquela sala, por detrás de uma mesa um major e a seu lado esquerdo um tenente, este contemporâneo do intimado. Ele se apresenta seguindo a formalidade do regulamento ministrado no inicio de vida na caserna. Em ato continuo e possivelmente todo aquele script sendo gravado e quiçá filmado, o major pergunta: quem é essa mulher? Ele responde com firmeza. Esta senhora é minha esposa e nas entrelinhas da resposta o criticar a falta de respeito daquele oficial, em sua atitude de menos prezar a família de um subordinado. Diz ele Ok! Ela aguarda la fora. E então veio a segunda pergunta e vejam, observem a quantas caminha a pobreza de um caracter, de uma personalidade ou de um ser tomado pela covarde arrogância sob uma estrela gemada: quem é este Senhor? Para ela quem é esta mulher? Ele lhe respondeu, é um advogado. Diz o major, isto é um caso de indisciplina, não cabe presença de advogado e aguarde lá fora e então,  aí mesmo é que, a cabeça dele quase dá um nó de tanta interrogação e exclamação, pois não havia nenhum registro em sua lembrança de indisciplina e que, pudesse se relacionar com algum ato de cometido, posto que, o mesmo já estava aposentado e fora da vida diária da caserna há mais de uma década e, sempre procurava pautar pela disciplina consciente, respeitando o limite dos demais, em fim sem nenhum registro que imaginasse pudesse vir a ser relacionado com aquela sua situação militar e, mui especialmente com o serviço secreto.

Ao ficarem no ambiente “sala de interrogatório?”, ele, o tenente e o chefe do E-2, este dispara a pergunta mágica: o que houve entre o Sr. e a Sra. ME? Então recaia sobre o interrogado um brutal alivio, pois lhe passara pela cabeça que a razão poderia ter sido uma das muitas matérias que escrevera e publicadas no jornal de maior circulação e algum político incomodado com os posicionamentos dele, pedirá providencias do comando, sabendo que a origem funcional dele foi a vida militar estando já na reserva e, ao saber que tudo estava ligado com aquela senhora lá do condomínio e que do acordo no juizado especial e do desfecho na área de garagem – e assim ao saber que toda a celeuma estava relacionada ou o tinha como pano de fundo e razão daquela esdrúxula questão, ele aliviado responde: major, nada que não fosse uma questão domestica e que entendeu ser de competência do juizado especial e da área de segurança pública, para onde direcionou a solução da questão, como cidadão livre.

Frente a resposta taxativa e sem outro argumento, dispara ele outro petardo. E por que não atendeu meu chamado e armou um circo? Resposta: quem armou circo não fui eu, por que não houve e nem recebi nenhuma convocação a não ser nesta data pelas patrulhas, uma comandada pelo tenente e a outra pelo major comandante da guarnição de policia. Interveem ele e diz: mandei sim, lhe chamar! E o Sr armou todo esse circo reitera ele. E aí veio a lembrança a presença do Luis Carlos e em cuja carteira de identidade civil era NRS e ante essa realidade. Responde o interrogado ao interrogador: Se alguém armou um circo, este alguém não fui eu e continuando diz mais, estou fora da vida ativa militar há mais de dez anos e, quando em ação o regulamento me obrigava a conhecer o meu general comandante da região, o chefe do estado maior, o meu comandante de companhia e óbvio o meu comandante de pelotão. O Sr mandou um portador que se diz chamar Luis Carlos e que ao se identificar em seu documento oficial de identidade civil é NRS e portando, cometendo crime de falsidade ideológica e ante isso eu não poderia dar credibilidade que havia um chamado oficial do serviço secreto até porquê não havia e nem tinha cometido nenhum deslize e a essa altura, deduziu-se que ele, tenha concluído que o interrogado não era e nem ele tinha a sua frente um completo imbecil ou que havia uma incompatibilidade entre o tamanho físico do interrogado e sua inteligência e capacidade ante a competência do oficial superior de bio tipo paulistano, catarinense ou gaucho, até mesmo pelo nome de guerra,  pois alto, longelíneo e tês clara e assim ele partiu para outra estratégia e  iniciou um interrogatório, o qual, na terceira pergunta houve a percepção clara da tentativa de levar o interrogado a cometer ato de indisciplina para com aquele superior, pois no inicio ele disse logo, se tratava de ato relacionado a disciplina e que, o RD – Regulamento Disciplinar  – ao qual o interrogado ainda estava subordinado posto que mantinha relação com a Instituição, e assim doravante as respostas passaram a ser monossilábicas, sim! Não! Sim Senhor! Não senhor! E, após uns quinze a vinte minutos nessa lenga lenga de gato e rato, ele perguntou por fim: tem algo a dizer em sua defesa?  E obteve como resposta: e responde ele, não senhor, pois não cometi nenhuma indisciplina ou deslize e assim não tinha do que se defender. E então, para encerrar, diz ele arque com as consequências de sua responsabilidade, está dispensado.

Ele se retirou e 30 dias depois, recebe em sua residência e domicílio, uma viatura militar, um motorista, um graduado portando um protocolo, um envelope confidencial e assim uma correspondência que depois de vários enquadramentos baseados no RD, decreta: detido por 4 dias por desrespeitar as convenções sociais, pena a ser cumprida na área militar de um quartel parte dos fundos numa praça central daquela capital.

O efeito do documento e de se teor oficial foi só de indignação e revolta, posto que estava recebendo uma punição, mesmo tendo sido aposentado com comportamento excepcional o que seria atenuante, pois jamais fora punido quando em atividade e, em virtude também de ter agido e atuado em defesa do orçamento familiar e, aquela punição em nada iria afetar ou atrapalhar alguma promoção, nem acrescer e nem retirar um centavo em seu provento, portanto não nenhum valor pedagógico ou semelhante e, em consequência, veio a interrogação: como aquela senhora conseguiu registrar um fato domestico no serviço secreto da importante instituição republicana? E cujo foco da queixa, em nada estava ligado a Instituição? A resposta mais adiante.

Cumprindo a orientação do oficio, naquela segunda feira, ele se apresenta ao cumprimento da pena disciplinar que lhe fora imposta e sua esposa o acompanhou, o apenado se apresentou ao capitão comandante da guarnição destinada ao cumprimento da pena e deste recebeu o informe de que seu cônjuge não poderia lhe visitar naqueles dias, o que lhe causará perplexidade, pois em outras palavras estava incomunicável. Informou essa situação a sua esposa. Ela se retirou e ele ficou observando a formatura da tropa naquele dia o que reiteradas vezes o fizera em anos passados.

Ao término da formatura, foi a sargenteação, uma espécie de secretaria da companhia e lá reencontrou contemporâneo e, lhe pediu emprestado um volume do regulamento disciplinar e neste foi ler detalhadamente os seus enquadramentos e viu que cabia recurso, pois suas atenuantes e que eram muitas, não foram levadas em consideração, pois durante todo seu tempo só teve em seus assentamentos lançamento de elogios e nenhuma punição e nem mesmo a mais leve advertência escrita e ante essa realidade, pediu-lhe papel, carbono e passou a redigir uma petição em grau de recurso, a qual protocolou tempestivamente e da qual, jamais receberá uma virgula sequer, como resposta.

Um outro questionamento que ele fazia é como aquela senhora chega ao E-2 e registrou aquela ocorrência? É verdade como dito acima, jamais soube o que ela disse mas, sem dúvida foi muito grave, a priori, e então ele conseguiu saber mais detalhes ainda e que, pode explicar e justificar o acesso dela aquela secção, pois foi-lhe informado que seu amante um médico anestesista o com o qual o jovem chegou a dialogar, atuante em vários hospitais da cidade inclusive da Beneficente Portuguesa, era também informante do E-2 e isso lembra fato vivido recentemente por nossa Nação, o que gerou o Rosegate, e assim tudo o que ela contou e que nunca se soube, ganhou magnitude de destruição tal como um vulcão e o que se deduz pela reação do chefe do serviço secreto, foi muito grave. Ou seja, ele foi punido sem saber exatamente o que lhe fora imputado como pena, a não ser a generalização do desrespeito as convenções sociais.

Além de toda essa trama, o que indignou também é que, o medico tinha família constituída legalmente, vive com uma amante e portanto trai a vida conjugal e a legal família, torna-se informante e os dois tramam contra uma família humildade, legalmente constituída e através do tráfico de influencia usam uma grande instituição constitucional e aprontam uma opera dessa envergadura e de tamanha desqualificação de seriedade ou de extrema vagabundagem.

Voltando à resposta pendente e prometida lá atrás, em conversa com antigos companheiros viera a saber que Luis Carlos era o codinome do agente do serviço  secreto e cujo nome é mesmo NRS e aí veio a ligação da presente narrativa tendo como gancho Assassinato de Reputações e por conseguinte vem à mente do detido um item a mais na indignação que lhe tomara a cabeça, pois em função do alto grau de mediocridade de um 007 de araque ou no tucupí. Ora! Primeiro: não seria tudo mais fácil, ele ter chegado se identificado corretamente e como militar e dizer que havia um problema com o milico aposentado e assim a convocação seria atendida incontinente. E a segunda é saber que a Instituição por meio de um incompetente causa um prejuízo ao erário numas ações inconsequentes e para não redundarem em nada e assim só desgastar o nome da mesma. E hoje quando é ouvido falar que os gastos com cartões corporativos estraçalham valores astronômicos do dinheiro dos impostos do cidadão, ponho-me a imaginar, sabe-se lá com que, pois para quem não saibamos é tudo acobertado com o manto do sigilo em função da segurança nacional e, nem precisamos colocar muito a imaginação a funcionar para mirabolar em que é gasto a montanha de R$, basta lembrar que o Min Orlando Silva do esporte, até tapioca pagou com a verba do povo via cartão corporativo e a farra continua. 

À segunda feira pela parte da manhã se aproxima do meio dia e, o detido já protocolou seu requerimento e está sentado numa área da companhia vendo o tempo passar, relembrando os anos que ali passou e contando carneirinhos ao som de 1,2,3 estrelas na cadencia da tropa.

E nisso, ao largo passa o capitão comandante da companhia, acompanhado de um coronel e que, insistentemente olha para aquele ente de estatura física pequena e, só após o apenado vem compreender, de certa forma a percepção consequente exclamação daquele coronel e que mais tarde veio a saber era o chefe do estado maior da região. E logo mais, também deu para colocar um balão sobre a cabeça dele e colocar a legenda: mas é esse o militar a ser causa de tanto transtorno e até para mim, uma ensaboada via telefonema?

Ele vai ao rancho – refeitório – e almoça e em seguida e no inicio da tarde, retorna sua esposa para sua admiração e aí vem outro desfecho e menos louvável ao nome da instituição, posto que, ante a orientação de que o detido estava incomunicável para a família, o que fez sua esposa?

Saiu de la, e sem nada lhe dizer, foi à Auditoria Militar da Região e cuja Juíza Auditora era  sua prima legítima e com quem dividirá folguedos de roda quando crianças. Identificou-se e incontinente foi recebida. Antes do dialogo sobre o assunto que a levará ali, iniciou com volta e passagens do tempo de crianças e dos tratamentos que se dispensavam e entre eles os apelidos domésticos  usados para cada uma e assim foi retirada, o vão a distancia entre a magistrada e a prima esposa do simples militar.

Então ela contou-lhe em breve pinceladas o fato havido com o marido e agora detido e a incomunicabilidade e imediatamente a Juíza disparou um “grambel” possivelmente “red” e  com efeito de granada potente para o Coronel Chefe do Estado Maior e teve com ele o seguinte dialogo e óbvio, ouvido por sua esposa, apenas o que a Auditora  dizia. E o primeiro foi a razão da detenção e a mesma ser incomunicável com a família o que aquele coronel negou e o segundo foi a resposta que ela dera, ao dizer: ele foi aí acompanhado de um advogado e vocês o detiveram, agora que esta Juíza intercede e pede esclarecimentos você vão prendê-lo?

Nada disso Excia., a esposa dele pode vir a hora que quiser e assim, ela fez companhia a ele nos dias de detenção determinados e aliás reduzidos em um dia, pela incomoda presença dele ali a somente dar despesas ao erário.

Ante a humilhação, ao sair dali ele pensou em abdicar a condição de direito que tinha ante tanta incompetência e mediocridade mas, amigos, o convenceram a nada fazer e mudar de ideia, pois a Instituição é grande e apenas uns medíocres, como em todas as profissões há, destoando do  todo e, isso não seria razão para invalidar a grandeza da Institucional Entidade.

Ele desistiu do intento e ainda tem orgulho do que aprendeu quando na mesma passou anos de sua vida a serviço da Pátria e, tanto é que eles, os que não se valorizam e nem tem respeito por si e amor próprio e nem respeitam suas dignidades individuais, eles sempre existirão e nem tem noção de quem são, pois se expõem publicamente ao ridículo e, uma dessas provas ele viu e a sociedade toda desta Nação também, foi quando a presidente eleita Dilma em companhia do ex presidente foram visitar o vice presidente José Alencar, hospitalizado e o general ajudante de ordem desce do helicóptero carregando a bolsa feminina da presidente. A repercussão no seio da tropa foi por demais negativa e isso ele soube por conversar com pessoal da ativa no hospital da guarnição, esperando vez para exame mas, fica tudo entre orelhas e ouvidos, pois a disciplina é prevalente e não se censura ato de superior. Porém há a outra face da moeda que é a história de um oficial que foi chamado a conversar com o ex presidente num fim de tarde, para uma entrevista, pois aquele oficial passaria a compor na guarda pessoal do mandatário Maximo da Nação mas, ante o estado etílico do presidente, o oficial se recusou inclusive a dialogar com ele e também não aceitou a função. Se deu respeito e valorizou sua dignidade.

Para contra balançar e funcionar como termo comparativo, eis aí a mostra de humildade dada pelo Papa Francisco, também chefe de estado, quando ele mesmo é quem carrega sua mala.

Passados anos, o detido encontra com o NRS já na inativa e também no hospital à coleta de material para exame laboratorial. Enquanto aguardavam, ficaram numa ante-sala um defronte do outro mas, ele não o encarou em momento algum aquele companheiro que sacaneou, pois se tivesse para ele olhado iria ouvir a seguinte pergunta: quem iria fazer exame de sangue o agente Luis Carlos ou o NRS e diria mais, o resultado para os dois de tipo B negativo, de bobo e fator RH seria MI, de medíocre  incompetente.

Como se pode ver também, nem todos os “silva” merecem o respeito e atenção de que foi falado no inicio desta, pois também há os que se prestam a executar pequenas tarefas que pensam estarem se enaltecendo mas que, a rigor e no fundo não passam de suicídios de caracter e funções.

E desta feita, o que se colhe é que de episódios em episódios do quilate desses que a Nação vive é que nosso País, leva o cidadão a comungar e sempre concordar com o que disse Ruy Barbosa: “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer as injustiças, de tanto ver agigantaram-se o poder nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto.

Tudo o que o Águia de Haia diz é verdade mas, quem sabe e tem firmeza de caracter e sólida formação familiar e sabe que ser honesto é uma obrigação e não um favor, segue a vida com a face olhando olho no olho de quem quer que seja.
Lúcio Reis




EX EIBIANO

A década é de 60 e no auge, os anos dourados com o movimento da jovem guarda por aqui e, no mundo os cabeludos de Liverpool tiram a humanidade de sua rota até então de certa tranquilidade, apesar de Elvis já vim agitando com seu rock, e a coloca em outra trilha, com fundo musical próprio ao som de guitarra e seu som diferente e, há uma certa histeria das meninas por onde passavam e os meninos a deixarem a cabeleireira crescer, copiar indumentárias, advindo daí o emblema: CABELOS LONGOS, IDÉIAS CURTAS. A rigor uma revolução sem derramamento de sangue, apenas de lágrimas das fãs, apesar do Help mas, a falar de amor.

É tempo de estudante e cursa-se o ginásio industrial na Escola Industrial de Belém –EIB, foto
(1)  e que assim, quem por lá passou adquiriu o direito de receber a denominação de eibiano e são e foram milhares, cada qual saindo com uma diferenciação profissional ou pelo menos inicial nas áreas mecânica, tornearia mecânica, carpintaria, artes gráficas e algumas outras mais e, de lá muitos sairam para ingressar  a Marinha Mercante e foram singrar mares em águas brasileiras e também internacionais com as mais variadas atividades náuticas.

Antes houve uma época em era internato, quando ainda era denominada  abrevidamente Artifice, depois semi internato mas, quando lá chegamos já alcançamos o tempo de aulas matinais e a tarde para outras atividades. O uniforme caqui para as salas de aula e macacão para as aulas nas oficinas, para aprender alguma profissão e, quando nada a noção.

Havia uma saudável rivalidade com os alunos do Colégio Lauro Sodré, situado na Av Almt Barroso e em cujo prédio, hoje abriga o Poder Judiciário do Pará e, também  um outro saudável rival era a Escola Salesiano do Trabalho, onde também havia a orientação para curso profissionalizante e, cuja sede ainda hoje está ali no bairro da Pedreira  à Pedro Miranda. E esse “antagonismo”  podia ser observado em via pública em data dos desfiles no dia da raça, à cada dia 05 de setembro mas, e tão somente com o intuito de conseguir a informação de que uma ou outra se saiu melhor no desfile e principalmente pela atuação de suas bandas marciais e jamais, partia-se para a guerra campal.

Não havia desforço físico e nem tampouco falta de respeito e avanço do limite de qualquer Instituição. Cada qual se esmerava para fazer sua brilhante apresentação agradar o público, principalmente o sexo feminino, pois nesses estabelecimentos não havia a aluna, apenas os alunos  e, desse público feminino e também colegiais, como do IEP as “piramutabas”, Santa Rosa, Santa Catarina, Gentil Bittencourt e outros, colher a ovação pelas palmas e posteriores comentários. Afinal éramos todos estudantes e jamais quadrilheiros ou pertencentes a qualquer gang.

Compomos na turma “A” de 1963 à 1966 e, o objetivo aqui é muito mais de um público agradecimento aos colegas e aos mestres – professores, tardiamente mas realizado e registrado – e quadro administrativo, nos quatro anos de convivência diária e na condição de saudosista relembrar alguns colegas, mestre e funcionários, com os quais, compusemos uma “família” e com a qual, como já referimo-nos em outro artigo, vivemos e passamos um dos melhores períodos do meu viver e, sem dúvida que em muito contribuíram para que muitos fatos posteriores pudessem hoje fazer registro. Citarei alguns que de memória lembro o nome. Sem dúvida, não poderei registrar o nome de todos, pois além da memória não os guardar, muitos foram apagados ao longo de  mais de meio século que já se foram.

Para ilustração mostro-lhes algumas fotos que o tempo se encarregou de borrar e que em função da qualidade das máquinas empregadas, não poderão ter as definições que as digitais de hoje oferecem.
Nessa tomada foto nº (2) mais adiante verão – a escada ainda hoje lá está -, talvez feita no dia  do aniversário da Instituição de Ensino e que ocorre a 23 de Setembro, posto que criada em 23/09/1909 como Escola de aprendizes Artífices do Pará, posteriormente em 1930, transformada em Liceu Industrial do Pará e, em 1942 a nossa Escola Industrial de Belém, depois, passa atuar ministrando cursos profissionalizantes em nível de 2º grau com curso técnicos de edificação e estradas, passando a ser chamada Escola Industrial Federal do Pará. Mas, meu tempo nela se encerra na EIB ao concluir o curso ginásio industrial, tendo feito tornearia mecânica, posto que o científico fui cursar no Colégio Estadual Augusto Meira - CEAM, ainda hoje com sede à Av José Bonifacio esquina da Av Gentil Bittencourt
e, assim como podem constatar a EIB é uma Instituição secular.

Havia e convivíamos de certa forma com uma severa disciplina e um rigor de ordem militar e que, deduzo em muito contribuiu à boa ou quem sabe, excelente formação dos cidadãos de hoje e que, formam na geração da melhor idade e, sinceramente, não lembro de ter tomado conhecimento de que algum colega tenha enveredado pelo caminho da bandidagem e da ilegalidade. De verdade, se ocorreu algum, não tomei ciência.

De alguns colegas tenho lembranças muito especiais e marcantes, pois com eles convivi não só nas salas de aula, como sua família dei-me guarida com teto, cama e mesa, num momento de fragilidade e dificuldade que passaria, caso os Pereira de Souza não tivessem entrado na minha caminhada ou pelas Mãos do Senhor foram-me mostrados como um presente abençoado e de valor inestimável e assim, o Edmilson e o Edilson Pereira de Souza, este com o carinhoso tratamento de “Pingo” passaram a ter em meu coração em virtude da enorme bondade de seus PAIS- assim mesmo com maiúscula – Edmundo e Maria de Lourdes e pelo tempo com os quais morei a consideração de irmãos e, não só eles mais todos os demais filhos do casal.

Jovens na faixa etária dos 17 anos e, como disse formamos turmas para irmos às festas para dançar, namorar e nesse aspecto havia a camaradagem do Antonio do Carmo Pereira da Costa e que depois foi atuar na segurança pública do Estado. Da equipe do campeonato colegial guarasuco, fotos
(3) e (4), já falados em outra narrativa o colega Frank Campos Sério, hoje oficial superior do Exército, já também de pijama, como se diz na caserna, pois  aposentado. Mais próximo também como colega naquele tempo estudantil, não posso olvidar o filho do Sr Aristotelino, o Carlos Alberto Almeida Alves, baita de um desenhista e pintor, e já como engenheiro atuando profissionalmente numa empresa estrangeira, construindo pisos de alta resistência residindo em Jacarepaguá no Rio, precocemente em função de acidente doméstico veio a óbito e com ele e sua família, tive a satisfação de conviver na Cidade Maravilhosa  por alguns dias e inclusive em passeio na praia Recreio dos Bandeirantes, foto
(5), no ano anterior a sua partida, deixando a Elna viúva e os filhos, cujo nome de um o Segundinho, ele batizou em homenagem a Roberto Carlos de quem era fã e muito. O Benedito Pinheiro de Souza, hoje odontologo, para nós o Bené,  há muito não o reencontro. E ainda na tomada (3) de blusa listrada, o arquiteto Oscarito Antunes do Nascimento, também expert em desenho e que, desde que concluimos o curso não mais o vimos.

Vez por outra e até recentemente, reencontrei com o Antonio das Graças Miranda Almeida, a quem demos o cognome de “between” e não sem razão, pois coube a ele numa das aulas de inglês com o mestre – professor – Mr Thomas Busby, pronunciar essa palavra, numa sentença inserida no livro da matéria o “Book One” assim escrita “between and door and window” e ele teve dificuldade com o som da pronuncia da primeira palavra. Está vivo também na memória o “number one” o primeiro nome na lista de chamada da turma, o Antonio Juraci da Costa e que há poucos anos com ele falava no ponto de taxi a atender o Hospital Belém na Trv Barão do Triunfo. Outro que assim como o Jurací, tornamo-nos vizinhos, pois sua empresa a Papyros tem sede na Av João Paulo II, é o Edilson Santana da Cruz e, assim como pode ser constatado, parte considerável nome dos colegas, de tanto os ouvir ao longo de 48 meses e diariamente, ficaram marcados na lembrança ou como dizemos na memória, pois todos os acima e mais alguns que ainda aqui vou me referir, estão relacionados com as boas ou melhor, fizeram parte das  ótimas   horas de estudo em sala de aula, de recreio na quadra de esporte, logo, de inesquecíveis dias.

Foram muitos momentos de alegrias, congrassamento, satisfação e, um que não consigo esquecer, foi naquela segunda feira, que ao chegar à Escola e que o “cabeção”, “braço de vitrola” – torto em função de duas fraturas, uma exposta, Mac Donald – também em virtude de leitura em aula de inglês – foi ovacionado e recebido com festa, pelos colegas e pelas outras turmas, pois no fim de semana foi-lhe concedido premio e entregue a direção do colégio no evento de encerramento dos JOPAGICOS e que, por alguma razão ele deixou de comparecer, por ter-se sagrado vice campeão individual da maratona intelectual, com a redação, cujo tema foi “Mem sã em corpóreo sã”. No que se transformou numa das maiores demonstração de carinho e coleguismo.

Havia muita pratica de esportes, como futebol de salão, basquete, voley e, não dá para não recordar que alunos de séries mais adiantadas faziam uma bolinha de papel e na hora do recreio e, com a qual faziam um combina sem deixar a bolinha cair, após o lanche que era servido e fornecido gratuitamente pelo Estabelecimento e composto de sanduiche de goiabada, ou queijo ou mortadela e um copo de refrigerante, e que era recebido no refeitório, em cuja escadaria foi feita a foto nº
(2) e na qual de cima para baixo da esquerda para direita: Omero Lima, João Lopes de braços cruzados – e que depois foi para a PM -, Claudionor, que vez por outra o reencontro no Telegrafo e que é gêmeo univitelino e assim as vezes com o irmão, pensando ser ele, este que vos narra este conto, Carlos Azevedo, Oscar Lima, irmão do Omero, Aires Roberto, já falecido na Bahia, Antonio Carmo, pertencente a SEGUP, delegado, Ernesto, os agachados, desculpem, não lembro o nome do primeiro e do segundo mas, o terceiro é o Joari Chaves, o camisa listrada é o José Maria Canela da Silva, filho da D Odete e do Ceará e que, por anos residiu na Antonio Barreto quase esquina da 3 de Maio e que, comigo foi passear uns dias de férias escolares em Igarapé Açu; o Coutinho e o Carlos Alves.
Ainda a lembrar de fatos e dos quais podemos ilustrar, na tomada (6) há o registro de um desses encerramentos dos Jogos Paraenses Ginásio Colegiais  - JOPAGICOS (foto abaixo), no campo da Curuzú, arquibancada ainda em madeira, ano de 1966 e os quatro colegas: em pé o Carlos Alves com a Bandeira da Escola, este que vos conta, o Frank e o Bene. Ainda no ambiente interno do prédio da Escola, duas tomadas ao lado de oficinas
(7) com os colegas Canela e Vilson, este  segundo informes, já falecido.

Mas sem dúvida também não há como deixar de lembrar de alguns mestres – professores –, funcionários e funcionárias, cargos de administração e, aleatoriamente os citaremos a seguir, dentro dos registros colhidos na lembrança, pois todos com a mesma relevância, e assim nas tomadas (3 e 4 veja acima) o mestre José Maria Bastos e a professora Janete, mas, havia as professoras de português Yolanda e Consuelo, a primeira fendo sido diretora depois, professora Marina Boneffe e Salomão Pinto,  ambos de desenho, o Joaquim e a professora Valdelice da coordenação estudantil, a Teresa e a D Arlete da secretaria, o mestre Rosas, pai do Francisco Ypisilon, este colega de turma e com quem bem recente conversamos, o Fausto Segtowik, professor Solano e Cassio Lopes, ambos de matemática, mestre Dario e Ernesto de mecânica, Dr Romariz, medico da escola, Dr Rogerio, odontologo, os professores de biologia ambos médicos, José Guilherme Cavaleiro de Macedo e seu filho  Dr José Roberto, e que depois mais alguns anos viria a  fazer o parto cesário de meu primogênito no Hospital Geral de Belém, Teódolo da direção, Teodorico da carpintaria,  o mestre Chaves,  da educação física, depois veio o Artur Zaluth e seu auxiliar o Jader Fontelle Barbalho, Lazaro da tipografia e, não há como olvidar do Boanerges, Olavo, Palheta, inspetores e mais alguns colegas como o Altevir, o Alcides Godinho e, também é necessário que aqui mesmo não tenha pertencido a mesma turma e sim de uma turma mais adiantada, que se se faça referencia ao aluno Odilio Cruz Rosas, que foi para o Exército, 5ª Cia de Guardas e, à época da Guerrilha do Araguaia com efetiva participação nos combates na selva, terminando por ser fuzilado pelos guerrilheiros.

Logicamente que muito mais nomes há, tanto de colegas quanto, de mestres e pessoal da administração, porem como registrado, com o decorrer do tempo, impossível de todos lembrar e ao longo de 4 anos. Porém, a todos que nesses anos  se faz referência, deixamos registrado para posteridade os mais sinceros agradecimentos e como dito, foram os mais felizes dias de nossa vida estudantil e que até hoje, passeiam na praça florida de nossa lembrança, sentam no banco da nave memória e viajam de retorno aqueles dias, quando a idade sequer, se dava ao desfrute da preocupação e onde o vigor da jovialidade se esvaía nas disputas esportivas sem antagonismo e nas salas de aula, plantávamos a semente a que depois houvesse a transformação nos profissionais que cada um, a seu livre arbítrio, seguiu.

Muitos já fizeram sua passagem e muitos hoje, como também referido, somam no time cabeças de prata e que, se houvesse oportunidade de se promover um reencontro, por certo seria um inigualável presente de Deus, pois muitos já estão em sua segunda ou quem sabe terceira geração, pois bisavos. Isso é praticamente impossível mas, neste registro, deixo o meu muito obrigado e digo com emoção, vivemos juntos os mais legais dias de nossas vidas.
Lúcio Reis  






Coincidência Numérica e a 3ª e a 5ª feira






Em publicação intitulada Roteiro de Coincidências e Consequente Sucesso, nela foi deixado o gancho para a presente narrativa e agora, expõe-se o que vem ocorrendo ao longo dessas mais de cinco décadas.

A visão a olhar e, com o decorrer dos anos passou a ver e enxergar que fatos de menor ou maior significado aconteceram ou ocorrem às terças ou nas quintas feiras naturalmente e os números 7, 9 e 11 numa constante presença tão interessante, que não foi mais possível fazer de conta que era normal ou de aparência normal. Porem, tudo visto como apenas como coincidência, salvo haja alguma outra explicação.

Assim, naturalmente, as pessoas de seu relacionamento, a maioria teve ou, sempre vão apresentar ou ter algum registro tal como ano de nascimento, número da residência, casa ou apartamento, número do telefone, chapa do carro, em fim tudo que se relacionar com pessoa de sua relação essa numerologia estará presente.

Após já ter feito várias observações e, ter passado mais de 50 anos, retornou a cidade em que viveu de seus 3 aos 9 anos de idade e, caso não tenha sido mudado o nº ou se foi, o número da casa em que morou, agora ela é 619 = 6+1= 7 e o 9 ou seja somar 6+1+9=16 que será também 7 (6+1);

Ao sair do interior e vir residir na capital o nº da porta de sua primeira residência é 774 ou se lá está o 7 e 7+4=11 e ao somar 11+7 é igual 18 e que também resulta em 9 (1+8);





Por contingências do destino, mudou-se para a segunda casa e esta tem o número 793 eis aí o 7 e o 9 e ao somarmos os três obteremos a soma 19 e nela eis outra vez o 9;





Ao ingressar no estudo ginásio, seu nº de chamada variava ser 27 ou 29, no primeiro a soma da 9 e no segundo da 11;



Ao completar idade para fazer serviço militar, e como sabem todo militar recebe um número, olhe que baita coincidência, seu número na caserna vem a ser 619, o mesmo da porta do imóvel em que morou quando criança;

O número da porta do quartel é 458, que ao se somar 4+5+8=17 e eis a presença do 7 na soma; E para não divergir o nome da rua é João Diogo composta de 9 letras;

Cursou científico no colégio cujo nº da porta é 799 = 9+9+7 = 25 (2+5=7);





Seu primeiro domicílio e residência na qual nasceu seu primogênito em 1972 (1+9+7+2=19 e aí está o 9, foi à Trv Perebebuí casa 2783, cuja numeração aponta 2+7=9 e 8+3=11 e cujo imóvel ainda hoje lá está. 



Já casado residiu no segundo imóvel, numa vila cujo nº da entrada é 579 e casa 75, no primeiro o 7 e 9 e depois mais um 7;

Depois habitou seu terceiro endereço, num residencial no bloco 5 apto 112 e ao somar-se 5+1+1+2=9

Ao sair do apto mudou para seu quarto endereço, com o seguinte registro: Av 25 (2+5=7) de setembro (mês 9) e para não contrariar a casa é a 9;

Com um grande amigo trabalhou na Rui Barbosa 1079, e novamente a presença de 7 e do 9;

O grande amigo no parágrafo anterior acima referido, por alguns anos morou até sua partida, a viúva e alguns filhos (entre os quais há um que nasceu na mesma data 20 abril deste escrevinhador) ainda lá residem e cujo número do prédio é na Av Gentil Bittencourt 124 o telefone tem duas vezes o nº 7 e por não outra grande coincidência o número do prédio é o mesmo da atual residência do narrador da presente e assim temos 1+2+4=7 e se somarmos o numero do apto 1102 teremos 7+1+1+0+2 = 11.

Outro grande amigo residi à Arcipreste Manoel Teodoro 390 apto 6 (3+9+6=18 (1+8=9)
Serviu em outra unidade militar à Gov José Malcher 611 e então o sete de 6+1 e o 11 também;

Em 24/06/ do ano 69 ou 70, em torno das 23:00 à Av Gentil Bittencourt com Trv Castelo Branco, o táxi 5-17-14,(5+1+7+1+4=18 (1+8=9 além de 7 no 17 e 2x7 no 14) avança o sinal e sua vespa colidi com aquele automóvel. Quem testemunhou o acidente e o viu como o Dr Deuzimar, residente à Av Almt Barroso 567 (5+6+7=18 ou seja 1+8=9, engenheiro, concluiu: o rapaz morreu, pois foi projetado por cima do capô daquele Volks 4 portas e deu de cabeça no asfalto mas, o Senhor amparou parte da queda com a costa e ele vos narra o fato aqui;

A soma dos números que compõem sua identidade é igual a 43 (4+3=7)

Casou-se no dia (11)/12/(1970) (1+9+7=17) no Cartório na Senador Lemos 1422 (1+4+2+2=9). A certidão de casamento foi lançadaas fls 37 o livro é o 52 (5+2=7) em 1971 (1+9+7+1=18 (1+8=9) e termo é 19389 onde vemos duas vezes a dezena 9;

Sua esposa ao passar assinar com o nome de casada, seus dois nomes somam também o nº 9.

Seu nome completo tem 23 letras mas, passou a usar e assinar o 2º e último nome, cuja soma é 9 e portanto o primeiro e o penúltimo somam 14 que vem ser 2x7 e tudo foi decidido aleatoriamente, logo sem nenhum estudo ou planejamento.

Sua certidão de nascimento foi lançada no livro 17º veja aí o 7 o Termo é 154 (pelo menos 5+4=9) e foi em 6 de julho (mês 7);

Teve ao 07 irmãos; Seu pai nasceu em 10 janeiro e a mãe em 30 de abril, isso na armação aritmética 1+0+1+3+0+4 resulta em 9;

Passou pela gerencia de uma construtora à Trv. 3 de maio 1543 e vemos logo as dezenas 4 + 3 somando 7 ou se apanharmos todo o endereço e armarmos a adição 3+5(de maio)+1+5+4+3=21 (3x7);

No Ed Infante de Sagres, à Rua Manoel Barata 718 (7+1+8=16 (1+6=7) à sala 1607 (1+6+0+7=14 (2x7);

À Trav 9 de Janeiro 1179, atuou com amigo e companheiro de peripécias em casas noturnas à época de solteiros e. o nove da rua já é uma coincidência e na porta do imóvel o 11 o 7 e 9 e, se voltarmos para o endereço da Ruy Barbosa este é 1079 e o acima 1179.

Por três anos cumprindo mandato diretivo no Grêmio Português, cuja sede social está à Rua Manoel Barata 477 (4+7+7=18 ou 1+8=9 e posteriormente assessor da diretoria por 4 anos (3 como diretor e 4 como colaborador, e eis o 7 também)

No Clube Português recebeu como matricula o numero 2680 (2+6+8+0=16 (1+6=7)

Em 1999 (3 noves para não ter duvida), foi internado no INCOR na Av Gentil Bittencourt 2175 ( pelo menos a presença do 7 e do 9) para ser operado do coração pela segunda vez , pois a primeira foi em 11/03/99 mas, como havia sofrido um edema pulmonar agudo e ainda debilitado da primeira cirurgia, houve um adiamento e de fato ocorreu no dia 24/06/1999, uma quinta feira, mesmo dia de semana da primeira e, se voltarmos no mesmo dia 24/06 do acidente com a vespa na esquina da Gentil com Castelo Branco;

Os carros que lembro a chapa, um Chevette 0290 (2+9=11 e 9-2=7) adquirido em consórcio; um outro foi celta 4814 (4+8+1+4=17 e eis o 7) de outros não há lembrança das chapas;

Hoje reside em sua casa cujo número é 124 (1+2+4=7)

Quando você ler o presente, irá constatar que há algo que se relaciona com você, tal como: telefone, seu apto, sua casa, seu carro e, como somos amigos com certeza, haverá um dos três números o 7, ou 9 ou 11, Olhe aí nos seus registros.

E para assinar o faz com o nº 9 (L+ú+c+i+o+R+e+i+s). 
Não é interessante?

Pode observar os números em relação a você e encontrará um dos três: o 7 ou 9 ou 11.



Lúcio Reis



Roteiro de Coincidências 
e Consequentes Sucessos



Algumas pessoas falam de destino, outras de programação de Deus e outras de roteiro de coincidências e para ele, vivente das situações, bênçãos da presença do sol, da terra fértil e do líquido da lágrima, a que a colheita fosse sempre bem sucedida ou como que já houvesse uma premonição e assim fica algum “mistério” à explicação o que ele não fez e nem faz alguma diferença saber, pois jamais se viu ou se sentiu vitima e digno de dó, posto que os frutos colhidos não permitem margem à especulação mas, tão somente a Deus sempre agradecer.



Tudo se iniciou com sua vinda à capital, separando-se da família – pais e irmãos – ao fim dos treze anos de idade – para prosseguir estudos e teve como residência e domicílio, seu primeiro na grande cidade à casa dos avós maternos à Av Alcindo Cacela 774
Hoje um clinica. esquina da Trav. Antonio Barreto e, após exame de admissão – espécie de vestibular para ingressar no curso ginasial – no qual se saiu bem colocado e assim teve garantido vaga para iniciar o curso ginásio industrial turma  “A” na Escola Industrial de Belém, sito à Rua Dom Romualdo de Seixas 820
Esquina da Trav. Jerônimo Pimentel, bairro Umarizal, a uma quadra da Praça Santos Dumont, aqueles anos a Praça Brasil, com mais, em media, uns 34 colegas a compô-la e, entre eles os irmãos Edmilson e Edilson Pereira de Souza.



Seu caminho diário cumpria e cobria o trajeto, Antonio Barreto, 14 de Março, Diogo Moia e nesta no número 793, residia a família dos colegas de ginásio antes citados e em companhia dos dois, seguiam pela Av Generalíssimo Deodoro, a esquerda na Rua Bernal do Couto – onde havia o salão de beleza da Djanira e no qual as meninas que ali trabalhavam mexiam com os moleques, apenas a titulo de gozação ou como se diz hoje, de sacanagem apenas - até a Dom Romualdo de Seixas e à esquina da Rua Jerônimo Pimentel lá estava e está o Prédio do Colégio
no qual ele passaria e viveria os melhores, mais agitados e interessante quatro anos de sua vida enquanto adolescente, estudante e com vida bem intensa em termos de vivencia escolar e onde a série de roteiros de coincidências teve prosseguimento e se tornaram inesquecíveis e por isso até, razão deste conto.



O garoto, de certa forma chegou ao mundo com certa precocidade e está foi marca por tanto, que trouxe do útero e, entre alguns procedimentos por ele vivido, dois lhe marcaram, pois o que questionou, o tempo mostrou está ele certo e em função da importância da entidade junto a comunidade mundial sempre foi para ele razão de satisfação ante o acerto e assim, dei-lhe ou embasou sua coragem a qualquer tema.



Até aos 13 anos morando e residindo em cidade do interior e por consequência de pouco ou nenhum recurso de comunicação com o resto do mundo e quem sabe, o único era o cinema, via telejornais exibidos antes da projeção de uma película, um curta de Jean Manzon salvo engano era o produtor e que falava de política, de assuntos internacionais, filmagens de eventos religiosos dentro da Basílica de São Pedro
e sempre no fim havia a mostra de um clássico do futebol, normalmente carioca e, posteriormente com mais alguns anos, o garoto veio a conhecer in loco a Igreja mais importante do catolicismo mundial e, os noticiários mostravam que em eventos internos o Papa Pio XII era conduzido num andor dentro do Templo e carregado por 4 cidadãos, como à época dos faraós ou dos senhores de engenho. Pensou ele então: se Cristo foi só lição de humildade, como entender e pacificamente aceitar esse ritual se o Papa não é invalido e sim o representante de Jesus aqui. Fato, sem dúvida que nos arremete para a política de representação que se vivi hoje. O representando é pobre miserável e o seu representante vive nababescamente e com todas as covardes mordomias criadas por eles mesmos para si.



O outro fato foi quando soube que a coroa usada pelo Papa era a super posição de três e outra vez, veio as lições de humildade pregada no Evangelho e pelo Cristo a quando de sua passagem pela Terra: os reis da terra usam uma coroa, porquê o representante de Jesus, três? E depois como é sabido, ambos procedimentos foram excluídos dos rituais cristãos. Coincidências! Não sabe!



Uma das primeiras coincidências foi ter passado a pertencer a mesma turma que os Pereira de Sousa, e esse evento já foi o encontrar da solução de um problema futuro, pois ao término do cursar o primeiro ano, seu avô faleceu, a avó e tias desocuparam o imóvel da Av Alcindo Cacela,
posto que alugada e seus pais não tinham condições econômicas a mantê-lo na capital e ante esse problema o destino seria retornar ao interior e, tudo poderia ter outro epilogo.



Hoje lembra da particularidade de testemunhar a venda de tacacá em plena via pública, posto que às tardes a partir das 15:00 h, lá chegava o William com mesa, panelas, fogareiro e armava a banca de tacacá, na qual sua  irmã mais velha, a Carmosina, morena simpática, sorridente e agradável, vendia a cada dia a iguaria paraense à sua vasta clientela, pois saboroso e de qualidade, sendo que o local era na frente da mercearia Progresso mas, mais próximo ao portão de entrada à casa na Alcindo Cacela.



Mas, seus anjos da guarda sempre e desde aí ou até mesmo muito antes, estão atentos ao seu roteiro e, já haviam providenciado para que Edmundo e Maria de Lourdes, pais dos colegas de curso tomassem conhecimento e observassem a fragilidade da situação do jovem estudante e que, a rigor era estudioso ou CDF como se dizia e lhe ofereceram guarida, casa, espaço para armar sua rede e mesa e assim, num gesto de pais para filho, ele se mudou para seu segundo domicilio na capital (foto 5) e nesse ínterim, ao sair do interior onde era chamado pelo seu primeiro nome, seus amigos conquistados na capital, bem como as pessoas a quem doravante passou a ser apresentado, por circunstâncias que ninguém explica, passaram a chama-lo pelo segundo nome e esse nome que é homologo ao do pai, foi incorporado a sua personalidade que, de certa feita ao ser visitado por uma irmã e esta ao chegar a seu novo endereço na Diogo Moia pediu para falar com o fulano mas, usou o primeiro nome de batismo e, obteve como resposta que ali não morava ninguém com aquele nome e, o mal entendido só foi desfeito quando ela falou o segundo nome dele e, desta feita, até hoje assina e se apre4senta com o segundo e ultimo o que por mera coincidência será uma das ilustrações de um outro conto que denominaremos numerologia.



Os anos passaram, o curso ginasial seguia agora na segunda série e então ocorre uma outra coincidência: no colégio havia um grêmio estudantil, denominado Getúlio Vargas, o qual era presidido por aluno do corpo discente do Estabelecimento mas, disputar a eleição para tal, havia o requisito que fosse aluno da 3ª ou da 4ª série, pois esse “líder estudantil” além de presidir a associação de alunos era seu representante no conselho diretor administrativo da instituição, colegiado máximo do órgão de ensino.



Havia um professor de matemática e, com o qual um aluno resolveu fazer um gracejo e escreveu no quadro negro o professor (não se declina o nome, por questão de respeito e ética) é burro. A direção do colégio ao ser notificada da agressão e transgressão disciplinar e falta de respeito com o mestre, envida esforços no sentido de descobrir quem foi o autor da façanha e brincadeira de péssimo mau gosto, pois aquela época o professor merecia respeito a homenagem.



Como ninguém se acusou ou alguém foi acusado e, como as turmas que haviam tido aula naquela sala foram dos alunos da 3ª e da 4ª série, por questão de equidade, ambas foram suspensas e ao aluno suspenso era vedado participar de eleição para o grêmio estudantil e assim restavam os alunos da 1ª e da 2ª série e, numa enquete preliminar o escolhido para concorrer pela 2ª série foi ele o menino vindo do interior o qual, concorreu ao pleito com um colega da 1ª série, vencendo-o e, exerceu o mandato de presidente do grêmio na condição de aluno da 2ª serie e obtendo a reeleição, agora como discípulo da 3ª série;



Nessa condição de presidente do Grêmio Getulio Vargas, participou de Congressos Estudantis na UESP – União dos Estudantes secundaristas do Pará, cuja sede ficava à Av Gov José Malcher, antiga Av São Jeronimo, próximo à Sede Social da AABB e cujo imóvel ainda hoje lá está e nesse congresso, conheceu o presidente do Grêmio Estudantil Honorato Filgueiras do CEPC – Colégio Estadual Paes de Carvalho e que, posteriormente ao concluir seu curso equivalente ao cientifico, foi ministrar instrução de educação física na condição de auxiliar do titular lá na Escola Industrial de Belém, cujo titular viera depois ser cunhado daquele, posto que todos oriundos do Colégio situado até hoje à Praça da Bandeira, próximo do Quartel General, naqueles anos, sede do Comando da 8ª Região Militar e, foi nesse período de instrutor auxiliar de educação física que houve o estreitamento da amizade e foi também nesse espaço de tempo que o instrutor auxiliar passou no vestibular para cursar direito na faculdade no largo da Trindade, hoje Sede da OAB/Pa e com o cacife de líder estudantil, se deslocou e abraçou a política partidária pelo MDB, oposição a ARENA, e que compunham o bi partidarismo à época, sendo eleito vereador para um primeiro mandato eletivo e óbvio com o voto do amigo que, nele votou também para deputado estadual, federal e governador do Pará para um primeiro mandato. Mas, os caminhos dos dois tomaram se tornaram duas paralelas e o instrutor de educação física foi galgando mandatos e hoje ostenta o título de um dos políticos mais corruptos do Brasil e com uma coleção de processos no STF e assim, a distancia que os separa ficou abissalmente distante, sendo que um, muito rico financeira e economicamente e outro com o nome muito rico e sem constar como réu em nenhum processo judicial por improbidade de qualquer naipe e esse patrimônio legará às suas gerações e com desmedido orgulho.




Antes de concluir o curso ginásio industrial aquele menino vindo do interior, compôs na equipe de sua Escola e juntamente com a maioria dos colégios da capital, participou do campeonato colegial guarasuco (esta a marca de um refrigerante guaraná cuja fábrica ficava à Av Almt Barroso) e que consistia num programa de perguntas e respostas, havido e transmitido pelo único canal de televisão existente a TV Marajoara e cujo apresentador do programa foi o radialista Ivo Amaral, ainda atuante no meio da publicidade e a equipe do colégio do menino composta pelos colegas (
foto 3) Frank Campos Sério oficial superior formado pela AMAN e aposentado, Benedito Pinheiro de Sousa odontologo, Oscarito Antunes do Nascimento engenheiro, Carlos Azevedo Costa engenheiro, Carlos Alberto Almeida Alves engenheiro, este já falecido, sagrou-se campeã individual pela quantidade de acertos na pessoa do colega Frank ao qual os demais membros da equipe de comum acordo, passavam as respostas e ao aluno saído do interior coube a parte da biologia. E à essa equipe também foi dado como premio conhecer as instalação da ICOMI ao tempo do Território Federal do Amapá, incluso a Serra do Navio e acompanhados pelos professores José Maria Bastos e professora Janete.




O curso ginasial portanto chegava ao final e, coincidentemente a família da Diogo Moia é transferida para Castanhal, pois a competência, a seriedade e alto profissionalismo e acima de tudo a honestidade do chefe do clã, Edmundo Sousa, o faz ser convidado e vai gerenciar um comercio de grande porte naquele município, distante da Capital uns 60 km.



E assim mais uma vez o jovem se encontra na situação de sem teto, sem trabalho, sem condições de se alimentar, pois sua família ainda reside no interior e agora apenas mudou de endereço e de município, saiu do Marajó e foi para município da zona bragantina mas, sem condições de lhe dar os meios de se manter e apenas estudar.       



Então, com idade de fazer serviço militar obrigatório e, tendo em vista que naquela década o certificado de reservista era documento a ser apresentado à seleção para emprego e consequente admissão e, além do mais, durante a passagem pela caserna disporia de alojamento para dormir, refeitório e roupa (farda), poderia no quartel morar e além de pequena remuneração,  porem mesmo que pequena contra partida, de suma importância, posto que melhor do que o nada que tinha e pouci que recebia mensalmente do pai e, dentro dessas considerações, por certo vinha dos Altos a orientação do caminho a seguir e assim vai a seleção, pois ao tempo adequado fez o alistamento militar e ingressa na Cia do Quartel General em 17/01/1967, cursando o científico área de ciências biológicas, pois tinha a pretensão de ser médico.

No decorrer do dia caserna e a noite, curso no Colégio Estadual Augusto Meira.
à Av José Bonifácio esquina de Gentil Bittencourt, ao qual chegava vindo a pé da Praça da Bandeira e ao sair após as aulas o retornar por volta das 23:00 h tomava um ônibus, só não poderia era vir e ir de coletivo se não o dinheiro não cobriria o mês inteiro e assim, teria que vir e voltar andando.

Na vida militar destacou-se em captar as instruções no seu pelotão e ao término do período, inclusive como atirador de “skoll” teve seu primeiro elogio de uma série extensa em seus assentamentos no decorrer de sua passagem pelos anos ostentando e usando a farda verde oliva com muito orgulho.

Foi designado ao concluir os meses para aprender a ser soldado, atirar, comandar e acima de tudo ser disciplinado e a obedecer ordem – inclusive com a máxima que diz: “ordem é para ser obedecida e não discutida”, para atuar como bombeiro no posto de combustível que havia no interior da unidade militar e, essa função requeria ao fim de cada dia o preenchimento de um formulário, mapa de controle com medição do que ainda ficará no tanque subterrâneo e, seu chefe e responsável pelo setor o Major Humberto da Costa Chaves, da arma de cavalaria, ao analisar os documentos preenchidos por ele, o chamou e o transferiu para a Secção Ajudância Geral, como se fora uma espécie de secretaria do quartel, cujo chefe era o Tem Cel de artilharia Nilton Della Nina Quites, gaúcho e, nessa seção o responsável pelo protocolo da repartição e temporário era um sargento cujo nome omitissse em respeito ao direito constitucional, respondia inquérito policial militar – IPM  - na auditoria militar da 8ª região, por desvio de conduta em unidade militar no Maranhão e fora condenado posteriormente pelos crimes cometidos, foi expulso e assim esta outra coincidência cronologia de tempo, de caso o fizeram assumir a função como titular, posto que já acompanhava há alguns meses o atuar do aludido sargento.

Mas, ele não se limitou apenas a protocolar documentos e controle do arquivo para todas as informações que se referissem a processos. Naqueles anos transitavam pela repartição milhares de processos peticionando expedição de certidões de tempo de serviço, os quais os interessados que haviam servido nas mais diversas localidades do Brasil e inclusive à época da guerra, pensavam em seus processos  de aposentadorias para somarem tempo, e muitos eram ex participantes da 2ª guerra na condição ou não ex pracinhas, ex febianos e, esse tipo de serviço o recém formado soldado também aprenderá rapidamente e passou a datilografar certidões ao lado de um dos mais exímios datilógrafos que conheceu o Sgt Dalgino da Silva Gama e que compunha a seção sob a chefia de expediente do 1º Sgt Odir Cunha e do 3º Sgt Renato Figueiredo, os dois últimos, já falecidos, e com essa atuação foi observado pelos superiores e chefes de seções.

O também comandante do Quartel General Major Humberto da Costa Chaves, tinha espaço ao lado do Chefe da Secção o gaúcho acima referido e observava o desempenho do jovem recém ali chegado. E então se apresenta mais uma coincidência. O Major é promovido a Tenente Coronel e designado à chefia da 28ª Circunscrição de Serviço Militar, cuja sede ficava à Av Gov José Mlahcer 611 (foto 6), onde ele se alistou e em cujo endereço hoje é o prédio e Sede da Auditoria Militar.

Porém, o tempo de serviço militar do jovem estava terminando e, por orientação do chefe a ele é dito que faça seu requerimento para o  engajamento e que faça curso de graduação no 26º Batalhão de Caçadores, hoje o 2º BIS – Batalhão de Infantaria de Selva e, lhe é perguntado se gostaria de ir servir na 28ª CSM o que ele, sem titubear aceita, posto que o expediente era apenas pela manhã e assim, recebeu a promessa do futuro chefe da nova repartição: conclui o curso que há uma vaga para tua graduação e assim, logicamente já engajado, cursou a formação e concluiu com louvor em primeiro lugar e em 07/08/1968 recebeu promoção.

Na 28ª CSM foi direito para ser auxiliar na tesouraria, a qual tinha como atuante o 2º Sgt Antonio Fernando Carvalho dos Santos e que, já possuía curso de odontólogo, e havia passado em curso para escola de saúde do exército no Rio de Janeiro e o Tesoureiro o 1º Tenente Vinicius Mendes de Souza, disse ao sargento, vai ensinando o “praça” a fim de tome pé do expediente. Em resposta o Sgt disse ao jovem praça. Vai olhando que não tenho tempo para ensinar. E eis aí mais uma coincidência de estar no local e no tempo propicio. Interessado, ficava em pé ao lado do atuante auxiliar e a cada dia foi aprendendo. Quando o sargento viajou para o curso ele assumiu e sozinho deu conta do recado de uma função superior e assim, melhorou mais ainda seu contra cheque, pois passou a ganhar diferença de soldo por exercer função superior e até elogio em seus assentamentos.

Agora com melhoria da remuneração mensal, e tendo em vista que até então havia alugado um quarto num prédio antigo à Trav Campos Salles em frente a Sede da Loteria Estadual e ali, conheceu bem mais de perto e mais uma vez o fantasma e o sofrer dias – fim de semana - e noites de solidão, que lhe trazia para companhia a insônia e, tantas e quantas várias noites em estúpidas e sucessivas tragadas no cigarro, viu seus pensamentos desfazerem-se no ar sob a brisa forte e margem da Baia do Guajará, e solitariamente ficava até que algum bocejo indicava que “Morfeu” lhe batia a mente.

Mas agora, com remuneração mensal em condição e que comportava, era chegada a hora de compensar o sacrifício da família a quando de sua vinda à Capital.

Alugou uma casa em São Braz, numa alameda perpendicular a Av José Bonifácio, entre Gov José Malcher e Trav João Balbi, próximo a Belauto, casa em madeira e cujo local não mais existe, pois inserido por compra no patrimônio da empresa retro mencionada e concessionária da Volkswagen. E assim se mudaram para a Capital sua mãe e irmãos, exceto o pai, posto que sua função de auxiliar de saneamento era mesmo a ser executada no interior mas, vinha nos fim de semana de Igarapé Açú, onde agora e já alguns anos residia.

Porém, a idade agora soma em torno de 20 anos e, numa determinada noite, o professor de Inglês Isaías Skete e, um dos diretores do Colégio Augusto Meira turno noturno vai a sua sala de aula e diz-lhe com o título que o tratava em função de sua situação de militar: “general as rádios e TV estão convocando todos os militares a retornarem aos quartéis” Estás liberado das aulas.

Incontinente se dirigiu à sua casa, fardou-se e foi se apresentar e atender a convocação e que, se tratava de um exercício de mobilização e chamamento do alto escalão sob o comando do Gen Rodrigo Otavio Jordão Ramos, Cmt da Região, a fim de saber e ter sob controle o tempo em que colocaria a tropa nos quartéis e esse exercício foi de comum acordo com as demais forças.

Em torno das 00:00 h houve a liberação da tropa e a convite de companheiro de farda foi conhecer o “Ninho” aquele tempo situada à Trv Lomas Valentinas, próximo a Av Almt Barroso e aí foi dado o ponta pé a um outro tipo de vida, a noturna em pensão, farra e prostituição e que deram origem a outras histórias e temas de outros contos.

Mas as responsabilidades com a família, mesmo sendo solteiro não foram descuidadas, até que já casado foi morar com a esposa à Trav Perebebuí numa casa de madeira a segunda de uma vila de quatro unidades e que até hoje lá está,
e vieram os filhos e a vida prosseguiu e, as coincidências também.

O tempo correu. Em determinado momento lhe ocorreu em sair e assim requerer baixa do Exército, pois fez  concurso para a SUDAM, foi aprovado e alguns anos mais tarde foi convocado à assumir a função naquele órgão. Ignorou o primeiro chamado! Ao segundo compareceu e, em conversa com a secretária que o atendeu foi informado que o seguinte a ser chamado era um jovem deficiente que se locomovia com muletas e que residia à Rua Domingos Marreiros, próximo a Av Alcindo Cacela e apenas a uma quadra do endereço inicial do jovem ao vir para Belém e assim ele o já havia visto a porta de sua residência e logo mais uma interessante coincidência.

Imediatamente ele assinou o termo de desistência e hoje tem a sensação de que fora mais uma coincidência positiva e quem sabe mesmo salvadora, pois caso houvesse optado em ir para aquela Superintendência e tendo em vista que seu aniquilamento tem a ação do seu colega de UESP e professor de educação física na Escola Industrial em função de atos de corrupção quem poderá garantir que não teria sido envolvido ou simplesmente se envolver em atos condenáveis e, muitos anos após reencontrou aquela secretária numa praia em Salinas e em conversa a fez lembrar quem era e como a conheceu no passado e nessa ocasião, soube que ela já estava aposentada assim como o candidato que foi admitido na vaga por ele aberta em função de sua desistência, o qual veio a se tornar chefe de pessoal.
 Com a mente leve por ter sido instrumento de oportunidade à alguém assim como as muitas que recebeu louvou e louva a Deus em agradecimentos e principalmente também por  ter esta oportunidade de ao mundo todo o acima contar.
                                           


                                                                         Lúcio Reis 
  


Lições


Jovem bonita, olhos castanho, muito inteligente, competente e que, na capital estudara inicialmente e de volta para o interior tornara-se professora e, sem ainda ter completado duas dezenas de vida, era solteira e livre e no vigor de sua jovialidade e, como fontes de renda a mestra pela manhã ensinava no Grupo Escolar do Município e a tarde com turmas de alunos particulares e cuja sala de aula funcionava em uma das dependências de sua residência e domicilio, na qual seus pais e irmãos habitavam também, sendo ela uma das mais velhas daquele clã.

Entre a turma de alunos particular, havia discípulos que também frequentavam suas salas no ensino público e entre eles, havia um que por razões outras, merecia e era distinguido com uma atenção mais próxima da bela e carinhosa professora e ele, compunha também sua turma pela manhã e ao término das aulas permanecia junto a ela, ajudando-a em alguma atividade e essa longa proximidade diária e intensa por tanto, foi gerando, além da relação professora e aluno, um algo de especial e de muito especial mesmo.

Foram alguns anos de forte convívio a cada dia, em ocasiões de festas cívicas e outras e, a relação passou a contar com os ingredientes das caricias superficiais, com beijos na face, afagos no olhar e jamais o beijar de lábios, abraçar ternamente e ações que  extrapolaram do casual para o sistemático e assim, a atração se fortalecia, o gostar e o querer junto estar crescia abundante e fortemente na mente e na cabeça do aluno e que, passou a cultivar a ideia de que com ela no futuro iria casar, mui especialmente pelo relato da  conjuntura e da condição a seguir.

Concluída a quarta série do primário e ali se encerrava a oferta de ensino no município  e, o prosseguir só na capital, para onde o jovem se mudou, sofrendo as dores da dupla separação, da família e da professora preferida e muito querida e que lhe marcara profundamente uma passagem do viver e dos sonho até útopicos.

Mas, nem bem chegou a capital, quem sabe quase um mês depois e, ainda tendo à mão a significativa lembrança, uma das fotos da inesquecível mestra com a seguinte dedicatória: “nunca  lembre de me esquecer e jamais  esqueça de lembrar de mim!”, recebeu a informação, para ele,  duro golpe e que destruiria o sonho sonhado e construído na mente inexperiente e até mesmo infantil e sem o conhecimento das nuances, dos intrincados quebra cabeças dos relacionamentos sentimentais e amorosos.

Por seus familiares o garoto é informado que sua mestra preferida e especial, sim, preferida, por que no grupo escolar, ela não era exclusiva mas sim, uma diferenciada entre as outras colegas, estava de namoro com um jovem do mesmo município e que, mesmo já há muito ele disparava galanteios a ela e, não obstante havia recebida dela a rejeição ou a peremptória não aceitação e que, em certa ocasião promoveram uma discussão na presença do aluno e, a um ataque onde ele disse a ela com objetivo de censura, a respeito do querer dela pelo jovem, no que recebeu como resposta que preferia o aluno a ele e assim, fez crescer e fortalecer na imaginação impúbere dele de que ele viria para estudar na capital, estudaria e formado, voltaria e com ela casaria e, assim com o informe do namoro dos dois e posteriormente o rápido casamento, ele na cidade para qual se mudará, se sentiu traído e além do mais já havia sofrido a dor da ausência dos familiares, pais e irmãos, e agora a perda da pessoa mais querida e com certeza definitiva separação. Duríssimo golpe num coração que mal deu os primeiros no campo minado dos sentimentos e das emoções.

O tempo passava e paulatinamente a intensidade da saudade foi arrefecendo, pois a idade para ele também passava e os fatos que ocorriam sempre traziam a embalagem da novidade, até que anos mais tarde, ela também com sua família constituída, esposo e filhos crianças saiu do interior e foi morar e residir na capital e, quando ele soube, renasceu a esperança de reatar o contato mas, apenas como pessoas amigas em decorrência da importância dela para ele, posto que, os anos para ele também se somaram e família ele também constituiu e inclusive com filhos menores também.

Ao tempo de aulas e nos momentos de certa forma “íntimos” em muitas ocasiões, ela dizia a ele que a cidade comentava haver um caso de romance, uma relação de namoro ou amoroso entre eles mas, tudo não passava de fofoca e malidicência das pessoas e pedia a ele também que no futuro  ao constituir família quando adulto que a informasse e a apresentasse a ela e, foi dentro desse entendimento ou acordo que, ao encontrá-la certa vez num ambiente comercial, em companhia da esposa e filhos, cumpriu o combinado mas, como ela se portou e  fez, não correspondeu com a devida atenção o ato dele e, em todas as outras ocasiões em que havia a oportunidade de se cruzarem ela fazia como que jamais o tivesse visto ou que sequer o conhecia e, isto o magoava sobremaneira e plantou em sua memória um milhão de interrogações: porque? Porque? O que fiz? Ou até mesmo o que não fiz?

Quando ele conseguiu saber onde ela havia fixado residência na capital, foi até ao endereço que lhe fora indicado  mas la, recebeu recusa em ser recebido e mais uma vez o desprezo ou o renega-lo. Enquanto isso, obviamente o tempo passava para todos. Ela fez vestibular, foi aprovada, cursou e se formou e, a distancia ele acompanhava o que com ela ocorria e tudo quando havia publicação em jornais, pois ela fora muito relevante em sua vida estudantil e ele tinha um eterno reconhecimento e agradecimento, tanto é que atribuía a ela ter conseguido colocação em terceiro lugar num concurso de admissão ao curso ginasial e até sagrar-se vice campeão individual na maratona intelectual no evento esportivo estudantil que envolvia todos os colégios da cidade, capital do estado em que residiam e esse feito, ocorreu pouco mais de um ano depois que se mudara e o louro dessa vitoria, para ele houve e sofreu a frustração de não poder dividir com ela. Pois sempre soube e acreditava que, se tinha a facilidade ou quem sabe a capacidade de colocar no papel ideias e se expressar a exemplo de uma matéria jornalística, creditava os métodos de ensino daquela professora.

Os anos prosseguem avançando, a família dele também se muda para outra cidade e de certa forma os vínculos foram cortados, não havendo mais nenhum cordão umbilical com aquele cenário, onde tudo começara. Porém, através  de informações de colegas contemporâneos daqueles  anos e que também para a cidade grande se mudaram, soube que ela era titular de um curso de formação para concursos e que altas autoridades do estado haviam sentado nos bancos escolares daquela competente professora, tendo  sido informado o endereço de funcionamento do curso mas, ante tantas desfeitas sem plausíveis explicações, resolveu respeitar a decisão dela, não mais procurá-la e aguardar as voltas que o mundo faz e um dia quem sabe, conseguir saber as reais razões do desprezo, gestos demasiadamente antagônicos e desproporcionais em relação aos que mantinham e viveram ao longos de muitos meses, cheios de chamego, de carinho e atenção, beijos e abraços e cuidados especiais, inclusive quando alguma doença tomava conta de um ou de outro.

E o tempo segue, prossegue sua caminhada, os anos somam na idade e eis que, em determinado dia, entre 12:30 e 13:00 h, em alguma agencia bancária, o agora ex-aluno devida e legalmente casado, com família e filhos, aguardava sua vez para atendimento numa extensa fila de caixa e passou a ouvir insistentes psiu!

Ao virar-se para outra fila e de onde partia o chamamento, entre um misto de espanto, admiração e até mesmo de satisfação, posto que agora estava sendo procurado por quem justamente o evitou e assim, após serem atendidos, postaram-se no calçamento em frente mesmo aquela casa bancária e, ele teve a oportunidade de formular a pergunta que muito anos ficou entalada na garganta ante a saudade inicial e o menos caso por ter sido tratado como se fora ninguém ou como jamais havia sido visto ou falado com ela. Porquê você me ignorava!

E responde ela: o marido a proibira de falar com o ex aluno. De imediato ele questiona e o porquê agora o chamou e, veio a óbvia e portanto lógica resposta: nosso casamento acabou e estamos separados! E aí com toda autenticidade e por ser a mais sentimental verdade, sem rodeios, ele cometeu o ato mais falho que podia cometer, o de dizer a ela que quando  do interior saiu e foi estudar na capital, que tinha como meta e programação, estudar, voltar e com ela casar.

E com essa sentença, dita a mulher fragilizada e que, viveu aqueles anos sob a ignorância de uma pessoa, parceiro e que, por certo era o antônimo ao jovem carinhoso, atencioso e que realmente dela gostou e com ela dividiu momentos de carinhosa emoção sentimental, aí ela entrou em “parafuso” e apesar de que ninguém consegue fazer o tempo voltar, ela pretendeu construir um outro começo. Mas, o script da vida dele já estava escrito e ele vivia feliz e satisfeito com a família que constituíra.

 Conversaram por horas e perderam a noção do tempo, quando ele relembrou as várias tentativas de aproximação e o ser rejeitado, a indiferença e relegado efetivamente a nada. E num gesto de cavalheirismo ofereceu-lhe condução e a levou em seu veículo particular a casa dela, quando conheceu pessoalmente três de seus quatro filhos.

Aquela altura os catálogos telefônicos inscreviam o nome completo dos assinantes e possuidores de uma linha e ela, sabendo o nome completo dele, com facilidade descobriu o telefone residencial e então, o que ele julgou seria reviver momentos interessantes e de céu azul, noites de estrelas, os insistentes telefonemas disparados pelo ser em busca da compensação ou recuperação de um tempo jogado ao leo, passaram a ser para ele um inferno e cujas chamas passaram a intervir e queimar sua relação matrimonial e gerar situações difíceis, a qual só comportava e tinha como solução um remédio, romper outra vez e desta feita pelo lado dele, a relação que mal reiniciara e que para ele era uma solução penosa a ser tomada mas que não poderia adiar e assim voltou a casa dela e com todas as letras dizer: não me ligue mais, pois seu casamento já acabou mas, o meu não e está muito bem! E assim foi feito.

Depois dessa decisão ele pôs-se a imaginar o que o futuro reservaria, pois foi com os carinhos dela que ele, pela primeira vez ejaculou e agora, ambos adultos e com experiências no mesmo patamar em vivência matrimonial, caso chegassem a ir à cama, o que ele teria plantado e o que depois iria colher? Respostas que jamais serão respondidas.

No resumo ele sabe que as lições ministradas foram muito carinho e atenções mil, depois uma involuntária “traição”, um menos prezo ditatorial conjugal e por um machismo fruto de uma insegurança desmedida, o fim de uma relação, possivelmente conturbada posto que a abissal diferença cultural e de conhecimento acadêmico o colocava numa situação fragilizada em relação aquela mestra, o reacender de uma grande chance de ter de volta uma paixão de ontem mas, com o potencial devastador, pois enquanto ele já era adulto, determinado, com vivencia e experiência e sabedor e conhecedor muito da vida, na mente dela permanecia o jovem frágil, inexperiente e que a ela dedicava toda atenção e carinho do mundo e assim, quem sabe ela não conseguiu ou não pode ver e enxergar o homem, o adulto de então e continuava ver o “aluno tão meigo e carinhoso” como escreveu na dedicatória de uma segunda foto a quando da separação ocorrida há mais de 20 anos.


Lúcio Reis


Este é um conto de mera ficção e qualquer semelhança com pessoas ou fatos terá sido simples coincidência.




Usei Peconha



 Leia atentamente o título, para não misturar ou confundir usei com fumei e peconha com maconha, pois em comum os termos nada tem correlação, e assim no decorrer do que abaixo será registrado e contado, haverá a confirmação da assertiva acima.


 Agora já vamos passar para década de 1960 e o cenário também é outro, pois totalmente pintado na Ilha do Marajó, é a maior ilha costeira flúvio-maritimo do mundo.


A idade alcança entre 11 e 12 anos, nua fase de descobertas, criações de sonhos, romances platônicos, outros impossíveis, transformações hormonais no físico, no rosto acnes e avoz soando como instrumento sendo afinado e o pomo de adão no pescoço se mostrando como um caroço entalado na garganta.




O município é 
Ponta de Pedras e, 
em sua vasta área de mata a compor todo o território, a palmeira do açaí abunda e a qualidade é incomparável e, tanto é que na Capital a propaganda comercial nas revendas do fruto em líquido – batido – há sempre a informação: “açaí da ilha”, como um rótulo de excelência e que efetivamente é!


A colheita é feita manualmente e dela em muitos e muitos dias participamos mas, para o consumo familiar, jamais para comercializar. No entanto, mesmo para comercialização local ou exportação nacional e internacional, não há mecanização na operação do apanhar, colher o fruto – pelo menos até hoje nenhum informe em relação se leu ou ouviu -  mas sim, no extrair a polpa com água e, cuja máquina de acordo com informe que se tem ciência, foi criada e inventada pelo genitor do amigo e medico Cristóvão Resque Lima, e que era um dos mestres – professor – de mecânica na Escola Industrial de Belém, antes denominada de Artífice, e da qual já foi feito referência em outro conto e aqui publicado com o título “Buscando Sexo Onde Estiver”.





 Pela manhã o frequentar o grupo escolar no cursar o primário o que hoje é composição  do 1º grau e a tarde ali pela 14:00 h, acompanhando o expert nas matas que circundavam a cidade o amigo e vizinho, cujo cognome todos conheciam e chamavam-no de “Pilão”, moreno entroncado, bio tipo do caboclo típico do Marajó, também com aparência de indígena. Tranquilo e calmo e, em sua companhia lá íamos nós, eu e mais dois irmãos mais novos, cada qual portando um paneiro vazio na mão, uma pequena faca e tabaco – fumo picado – e que, se destinava única e simples e tecnicamente a provocar fumaça a fim de afugentar e expulsar do cacho de açaí, um inseto, espécie de abelha que neles fazem habitat e portanto gostam  de pousar e cuja picada provoca dor insuportável, posto que tem efeito de picada de marimbondo ou cabas.


A cada tarde explorávamos uma determinada área, pois a depender da palmeira, cuja produção pode até ultrapassar dois cachos, rapidamente enchiam-se os paneiros e em alguns espaços parece que a frutificação era mais abundante.

O modo da operação consistia em visualizar a árvore e que em determinada época do ano, mas precisamente no verão e nos meses
em quais os nomes não possuem a letra “r”, tais como maio, junho, julho, agosto a produção está no auge e o fruto em excelente  condições de ser colhido e que a exemplo comparativo com a uva e que, quando está em estágio da colheita – as vindimas – fica com aquela cobertura tipo poeira ou pó esbranquiçado o que atesta o tempo legal ou até mesmo ótimo  e assim também o é com o açaí e que eles dizem estar tuirá ou em outras palavras, apta para ser colhida, apanhada, amassada e degustada.


Escalado, escolhido o caule a ser escalado, olhando-se a cor do cacho nele pendurado, tomava-se uma folha ou palma do açaizeiro, enrolávamos a transformá-la numa espécie de corda grossa, amarrando suas extremidades a fazer um círculo com diâmetro de aproximadamente uns 40 cm o qual, colocávamos sobre o dorso dos dois pés próximo ao inicio da perna, passando pelos tornozelos e, a sola dois pés eram colocadas nas faces opostas do tronco da palmeira mas unidos pela peçonha cuja parte intermediária entre o pé direito e o esquerdo ficando sobre o tronco do vegetal e com os braços sustentávamos o corpo e de impulso em impulso com os pés galgávamos a copa em lá chegando, já com o “porronca” – cigarro de tabaco picado e enrolado em papel de embrulho – aceso e funcionando como fumacê, espantávamos, afugentávamos as abelhas, cabas ou as tuíras. No cós do short a faquinha com a qual dávamos um corte numa das junções do cacho com o tronco e em seguida puxando com uma das mãos eles se desprendiam das árvores e sustentando-o com uma das mãos e com a outra o caule, descíamos e, já no solo debulhávamos os grãos que facilmente são deslocados fechando-se a mão sobre a extremidade de um dos talos – vários compõem o cacho - nos quais estão presos os caroços e pressionando para baixo eles se desprendem facilmente e direito no paneiro. O cacho sem os frutos podem e são usados como vassoura para limpar terreiros e até mesmo as casas, cujo piso aquele tempo e possivelmente ainda hoje, são em terra batida.


O “Pilão” por ser mais velho e experiente apanhador de açaí, em muitos casos, passava diretamente no topo de uma para outra palmeira vizinha, desde que o cacho colhido em uma seu peso permitisse que outro fosse também simultaneamente conduzido na descida e, como as folhas, palmas das arvores se entrelaçam, quando na árvore ao lado os cachos estavam em condições de colheita, ele ainda no topo de uma puxava-a pela folha da que estava próximo e, como os troncos são flexíveis em função do comprimento e usando essa técnica ele passava de uma para outra e, quando descia trazia até mais de dois cachos.


Um fato a ser relembrado foi quando um irmão deste narrador, hoje já falecido, quando no topo de uma das palmeiras e cujo caule já estava vergado para o lado e com o peso dele, tendeu, cedeu lateralmente e quebrou, sendo aparado pelo caule de outras arvores e assim meu irmão conseguiu passar para outro caule saiu ileso mas que, caso não houvesse aquele ante paro poderia ter sido um despencar de consequências fatais.


Paneiros cheios é hora de os colocar na cabeça e o “Pilão” aí também mostrava toda sua longa experiência e o conduzia pela mata sem ao menos segurá-lo, pois o equilibrava com maestria e nós seus acompanhantes também trazíamos a produção de nossa colheita, quando o relógio indicava em torno das 17:00 h.


Como se destinava ao uso doméstico, os grãos iam para o alguidá um recipiente tipo uma bacia, confeccionado em barro e nele nossa mãe, após os ter colocado de molho , amassava-os com as mãos extraindo o suco ou sumo para ser consumido com farinha d’água ou também farinha de mandioca e hoje com farinha de tapioca, sendo portanto, excelente e nutritivo alimento e energético especial e que em sua maioria tem como acompanhamento o camarão frito, o charque assado.


Há noticias e por fontes fidedignas que famílias, residentes e domiciliadas na Capital Belém e há anos e, cuja origem é a região onde também há larga produção do fruto e cuja tradição de ancestrais, tem como base e principal alimentação diária o açaí e, ainda hoje mantém essa hábito em suas alimentações, sendo o item que não lhes falta.


O fato no resumo é que o  interior e a vida humilde das pessoas normalmente usam, a exemplo do índio, o meio ambiente para dele tirar seu sustento. Porém, sempre chega o ganancioso, inescrupuloso, e até mesmo vagabundos e metem a serra de suas incompetências e estupidez na mata e no caso, para extrair o palmito à industrialização e comércio mas, sem ter o devido zelo em replantar e não obstante esse tipo de exploração comercial da mata, há o atravessador – intermediário entre o produtor  e o comercio na capital – que paga ao colhedor nativo do fruto a tostão e o revende nos centros mais adiantados por milhão.


Diz-se assim que açaí já foi alimento de pobre e hoje é energético de ricos nas academias daqui, dali e até no exterior e ao pobre dos municípios produtores, quem sabe um dia nem o caroço para fazer fumaça e expulsar muriçocas lhes restará.


O homem é sem dúvida o único animal que, mesmo a despeito do instinto de preservação da espécie, sai destruindo paulatinamente, como que a cada dia decepasse uma célula de seu tecido! Até chegar a completa degola do ser.


E o que é interessante na vida e no viver de cada um e, de maneira especial na nossa é que, se em Marabá, onde antes moramos, quebrei pedras, depois fui morar e residir em Ponta de Pedras!





  Lúcio Reis
 



Esquiva de arma branca


 


Em torno da mesa grupo de amigos no desfrutar de mais algumas horas de esbórnia e, por consequência mulheres, bebidas, piadas, gargalhadas, música, dança, em fim todos os ingredientes para mais um encontro para farrear e por aí o encontrar as condições à mandar para longe e bem distante as preocupações do trabalho, as chatices do chefe incompetente e os contra tempo enfrentados para o ganhar o pão do sustento.


 As acompanhantes tôdas  garotas da difícil vida fácil e lógico componentes relevantes do item à completar a descontração que normalmente a maioria do sexo masculino em décadas não muito distante buscava e encontrava em casas do ramo e que, os denominava farristas e muitos  eram casados e tantos outros solteiros e que, ainda hoje ocorre mas, de outra maneira e muito mais com libertinagem e sem limites, onde ninguém é de ninguém e nem de si mesmo e, os orifícios corporais são preenchidos pelos instrumentos de quem nem é sabido quem é.


Normalmente  eles tinham as suas casas preferidas à frequentar e, a demanda comportava uma  ou mais em cada bairro, havendo aquelas que se destinavam aos bairros abastados e para os classe alta e, os menos abastados mas, todos com único fim, mulher, sexo e álcool. Como ainda hoje o é.


Ante ou até pela sistemática frequência, até mesmo semanal e o ficar normalmente com a mesma companhia feminina, criava-se um certo vinculo com o reiterado estar lado a lado, mesmo a despeito do pagamento pela transa sexual e a acompanhante na mesa e, em alguns casos, era criada uma relação semelhante ou como se fora de namoro o que, no meio era denominado xodó, ou em outro termo namoro com a prostituta e, eram esses “romances” que levavam as “damas da noite” a se “derreterem” em rios de lágrimas, ante uma canção na interpretação de Waldick Soriano, Nelson Gonçalves e outros do gênero e que, de um modo geral falavam de traição, amor mal resolvido, ciúme, que, coincidentemente poderiam sugerir alguma semelhança com procedimentos inerentes a algum caso entre o macho e a fêmea, pois as “mariposas” tinham também o seu preferido, o seu querido e com o qual rolava a perfeita química e logo o sentimento do amor, do romantismo não melado e da paixão sobre colchão, na praia, no campo ou até mesmo no chão.


Com aquele jovem, habitué daquele ambiente, óbvio, não era diverso, posto que,, por sua assídua frequência mantinha uma preferência por aquela  moreninha rolicinha, coxas grossas, bundinha arrebitadinha, cabelos longos e negros, olhos rasgados, tipo uma indiazinha, pois de estatura baixa sem ser mignon e portanto, tipo da mulher que se diz: muito gostosinha e um verdadeiro tesão! Toda sufixo inha e como hoje, dir-se-ia uma gatinha.


Com seus amigos e estes com suas acompanhantes, eram contumazes em formar extensa mesa e muita cuba libre a bebida com rum montilla, gelo, limão e coca cola, aquela do pirata e seu papagaio e, os sucessivos litros iam secando, indo para baixo da mesa e para a mente subia a euforia, a descontração total e toda essa festança, acontecia normalmente às noites de sábado e avançava as primeira horas do domingo pela manhã.


E, foi numa dessas noitadas e com todos esses ingredientes, que tudo aconteceu. A roda muitíssimo animada, doses após doses e, o xodó da baixinha gostosa ao seu lado divirtiam-se como nunca, os amigos todos satisfeitos as mulheres totalmente a vontade, riam e sorriam por tudo e por nada, pelos casos narrados as sacanagens havidas.


Em outro lugar do ambiente e a tudo observando, a ex recém virgem do prostíbulo acompanhava com atenção toda movimentação e enquanto isso sorvia dose após dose seu drink que garoto da “indiazinha” que já a havia visto, mandava o garçom a ela servir  e com essa estratégia já preparava o terreno para alguma operação mais tarde, pois agora aquela garota já agia e atuava com a desenvoltura e habilidade de uma veterana o que, aprendeu rapidamente e portanto com certificação de prostituta  profissional, sem ser antiga.


Em determinado momento da noite, por alguma razão de força maior, a gostosinha que o acompanhava teve necessidade de se ausentar da mesa e ao sair, deixou o espaço livre e a oportunidade que a outra esperava calmamente e tão logo percebeu o lance, jogou seu charme para o cara da vespa convidando a um giro e com ela ir para outro ambiente e ele, já com a intenção premeditada  de cama e sexo, não titubeou, comunicou para o amigo que ia se ausentar  deixou sua quota da despesa, de mansinho saíram do local, levando-a na garupa da motoneta e se dirigiu à uma outra pensão localizada numa avenida próxima dali em torno de uns 500 metros ou a umas cinco quadras e nesta, já pagou o resto da noite para ocupar um quarto e para ele se dirigiu direto com a putinha fresquinha na profissão e que, aquela altura já se encontrava envolvida de cima abaixo pelo efeito das sucessivas cubas libres e óbvio em perfeito estado etílico.


A essa altura o relógio diz ser em torno de quatro horas da madrugada e, então deu-se a confusão. Pois enquanto isso, a moreninha que se ausentara, retornou e não encontrou seu acompanhante e, sem seu xodó, “endoidou”, quis escândalo e ao ser informada que ele havia saído com a recém desvirginada, aí mesmo que ela saiu de si, irada e descontrolada queria sangue. Pegou um taxi na porta da casa e saiu a procura de seu homem, pois fácil de encontrar, posto que “suas pegadas’ eram muito fácil de serem vistas e encontradas, em função de que a pintura de sua condução era diferente e bem exclusiva e de facílimo reconhecimento.   


 Ela não necessitou ir muito distante, pois seu destino primeiro era tentar encontrá-lo na Praça Princesa Izabel, na casa a margem do Rio Guamá, inclusive com um puxada de parte do ambiente do salão por cima do Rio, o que lhe dava um aspecto diferente e pitoresco, o bar e restaurante e local de espetáculo erótico o tradicional e antigo Palácio dos Bares, point relevante das noitadas de orgia e, quando para ele se dirigia já trafegando pela Av José Bonifácio ao passar em frente da casa de tolerância que ali havia, viu a maquina vespa estacionada sobre a calçada bem encostada no muro da mesma e, lá entrou, se informou sobre o apartamento ocupado pelo motoqueiro e sua acompanhante e tentou  arromba-lo no que foi obstada e contida por funcionários da casa.


 Mas sem ter desistido de seu intento de mulher com ciúme e se sentido traída, ferida, tomou  a decisão de não perder a viagem, pois mesmo sendo prostituta ou não, toda mulher tem seu amor próprio, o que de certa forma, pela realidade do que a mídia mostra, parece ser um sentimento abolido do ser feminino, pois mudam de parceiros e estes de parceiras, como quem abre um geladeira pega uma latinha de cerveja ou potinho de iogurte, sorve-a e degusta e joga no lixo a embalagem.  E assim ela raciocinou: ele terá e vai ter que vir pegar a motoneta e aí plantou-se de plantão agachada ao lado do veículo, em plena via pública.


Aproxima-se das 06:00 há da manhã e o “traidor” achando que os ânimos da “traída” já haviam  acalmado e que ela havia batido em retirada e ido embora, saí para dar uma analisada na área e, ao chegar à rua, aquela amante parte para cima dele com uma faca na mão, com o intuito de lhe acertar a cara ou de lhe transformar o corpo em tábua de vender pirulito, ou seja cheio de furinhos. Pois a vingança na prostituição aquele tempo, principalmente, quando o sujeito queria dar o calote na transa, elas se vingavam dando-lhe uma “giletada” – corte com gilete -  na cara e muitas tinha a habilidade de partir a lamina em duas e um delas guarda sob a língua na boca, pois lógico, no ato sexual, tiravam toda a roupa. E essa arma também servia para as contendas entre elas.


Então vê-se numa luta de “gata” e “rato”, aquela desferindo golpes de arma branca e este pulando pela preservação da espécie e salvar a pele e se esquiva para direita, para esquerda, para trás e enquanto isso simultaneamente aplica sua lábia, seus argumentos, inclusive chamando-lhe atenção para as senhora e senhores que passavam e que pareciam se dirigir a algum culto ou missa e, também promete levá-la à praia e tornar aquele domingo inesquecível e, depois de muito jogo de cintura à salvar a pele, saltitando ora para trás e para as laterais, a  lábia fez efeito, consegue acalmar a fúria e o ciúme dela. Coloca-a na garupa, leva-a para casa dela e diz que logo mais iria buscá-la para irem à praia do amor, numa ilha próxima da cidade, cuja praia principal se chama praia grande do Outeiro.


A conduz até sua casa e, volta à pensão, acorda o pivô da quase tragédia, leva-a para pensão e, apenas com os amigos vai ao banho de praia e a farra no litoral como de praxe aos fim de semana, transcorre normalmente e o tema do encontro foi a inesquecível noite do sábado e a madrugada daquele domingo em curso.


Conclusão: o xodó com a indiazinha acabou, a ex virgem de lá desapareceu, pois segundo consta ou como diziam os mais antigos que, ás más língua diziam que, o namorado que a desvirginou foi buscá-la para com ele morar e quem sabe, constituir família.


O grupo continuo a frequentar a casa, entra no circuito uma outra dama da noite e outro namoro de puta xodó e por alguns meses mais a farra rolou semanalmente até que eles constituíram família, casaram e com a experiência de que aqueles ambientes eram perigosos e incompatíveis com a nova vida, passaram a viver para os seus lares familiar e para o dia a dia do lar.


Mas, o amor, a paixão, seja da donzela ou da prostituição não aceita ou não aceitava a traição, pois se houver pode gerar desgraça e de alguém a destruição.


E o “garanhão” nunca mais quis exercitar o driblar arma branca na mão de uma fêmea “emputecida” pela traição, pois um desses golpes poderia ser fatal.



Lúcio Reis


     Lição do ato honesto



 Fala-se muito em sorte, em destino e, na atualidade o grande sonhar é o da sorte grande  sua visita receber, com ela muito poder desfrutar, e, para muitas cabeças está diretamente ligado com as lotéricas que o governo oferta a cada semana e que, pelo que já foi dito, as histórias contadas e os prêmios acumulados, mesmo a despeito dos milhões apostados e, quando há ganhadores apenas vem a informação da quantidade. Porém esta é somente uma ilustração de que pode haver bicho na goiaba ou no marmelo! E assim, o trabalhar é o mais seguro caminho para o honestamente ganhar.


 Todavia, sorte mesmo quem a tem e com ela já vem ao mundo é ter nascido numa família trabalhadora e que cultua os princípios éticos, morais e mui especialmente de honestidade o que, no entanto, não significa afirmar que quem não tem esse privilégio está fadado a má sorte e que as oportunidades não lhes sejam apresentadas, pois se o fosse desta maneira, muito órfãos não teriam se tornado cidadãos probos, prósperos, trabalhadores, e vencedores, pois afinal a boa sorte é também extremada mãe como orientadora. E não é excesso afirmar que para ambas as situações as exceções também não deixam de se tornar uma triste realidade, pois há desonestos, mesmo no seio de famílias bem estruturadas, inclusive econômica e financeiramente, do que dá para concluir até, que há malandro que neste mundo chega trazendo o desvio de algum outro mundo.


Mais uma vez este narrador há que retornar à década de 1950 mas, o cenário agora é Belém, Capital do estado do Pará, o bairro é do Umarizal e os pontos exatos são a Av Alcindo Cacela esquina de Antonio Barreto e esta com a Trav 14 de Março, onde hoje é um Posto de Combustível e que, aquela altura era uma mercearia de secos e molhados, as quais com o correr dos nãos, foram sendo eliminadas em função da presença dos grandes super mercados.


Na Av Alcindo Cacela, contigua a mercearia do Sr Domingos – mercearia Progresso, salvo equivoco -, um comerciante português, cujo imóvel ainda lá está, ficava a residência dos avós maternos do garoto – e o  imóvel 727 também lá existe, com algumas pequenas modificações em sua fachada – o Sr Chico Nunes e a D Antonica e, a filha do casal vem à capital visitar e passar uns dias com os pais e traz a prole, aquela altura com seis crianças e cujo filho caçula, nascido em Marabá, os avós não o conheciam, o menino, posto que, já por alguns anos morando no interior do Estado, não via as irmãs, os irmãos, sobrinhos em fim seus familiares. A viagem tanto de vinda quanto de volta foi feita num daqueles barcos a motor e que também transportavam castanha. Viagem desgastante, posto que o conforto não era o que há de melhor ou de primeira, posto que não se tratava de um navio e, o passar por cachoeiras como a denominada Capitariquara (salvo engano) este é o nome e dita e tida como um das mais perigosas, tornavam-na arriscada. Mas os elos da corrente familiar precisavam se encontrar.


Para a meninada uma festa sem igual. Desembarcar num dos portos da Cidade Velha próximo a Praça do Carmo, sob chuvosa noite à altura das 20:00 h e apanhar um carro de praça, hoje o conhecido taxi, foi outro fato extraordinário e o aerowillys confortável que fez o menino afundar no assento traseiro, foi algo que decorridos quase 60 anos está chancelado na sua lembrança.


Os dias na Capital, cada qual cheio de surpresas, o sotaque das pessoas, as novidades enchiam a mente, cada passeio aguçavam a curiosidade, a ida ao Museu Emilio Goeldi eternizado numa foto em preto e branco, óbvio não havia foto colorida, inclusive na companhia da amiga da família e que, ainda hoje vive lá em Marabá, também tem espaço cativo na lembrança da criança que sempre fica ou resta em cada adulto.


Porém, o fato marcante e razão desta narrativa, ocorrido ali, foi o que agora se passa a contar: “o segunda da prole, que somava idade de 7 ou 8 anos e também protagonista de histórias já contadas, vai a mando da mãe comprar algo na mercearia situada na Rua Antonio Barreto esquina com a Trav 14 de Março e ao sair de volta ao lado do estabelecimento comercial, pela primeira via, acha na calçada uma cédula de C$ 1,00 (hum cruzeiro), cuja esfinge era o D João, barba branca e a leva consigo e, ao chegar em casa a mostra para a mãe dizendo que a havia achado e onde a encontrou”.


Aquela genitora zelosa que já tinha ministrado a lição de que não se deve pegar nem um palito de fósforo que não seja nosso, pega o filho pelo braço e diz: me leva onde você achou o dinheiro. Ele logicamente a leva próximo ao comercio e indica, foi aqui, num local não distante a uma das saídas da mercearia. Ainda não satisfeita a mãe entra no comercio e pergunta ao dono, balconistas se alguém havia informado ter perdido o dinheiro? Como não houve nenhum registro, então ela se deu por convencida e concordou que o dinheiro poderia ficar e pertencer ao filho e este, então, comprou todo o valor da cédula em vários picolés e dividiu com os irmãos e, anos depois quando ouviu a sentença, achado não é roubado, lembrou nitidamente da lição de sua mãe.


Num ato e proceder simples, sem acomodação ante a situação, houve a forja na formação de um caracter e a noção concreta do respeito ao que pertence e é de direito do semelhante.


Com o passar dos anos, o que se testemunhou e cada correr do tempo piorando cada vez mais, foi a total inversão dos valores éticos, morais e principalmente da honestidade, quando os  adolescentes começaram a assaltar os de classe média e lhes roubavam ou furtavam o tênis de marca; depois veio a fase do roubar joias, como anéis, cordões, relógios e outros, que eram arrancados à força; em seguida o arrombar carros para subtrair os rádios, toca fitas, CD e que encontravam no interior do veículo; em seguida veio e ainda permanece o tirar ilicitamente e na bruta o celular de alguém e, não obstante esse comportamento, ainda contavam com conivência dos pais ou responsáveis pelo jovem que não o questionava, tendo em vista o não trabalhar e assim, como portar algo de valor? A sociedade teve também, desde já há algumas décadas, o péssimo exemplo da representação política no Congresso Nacional e em outros poderes republicanos nos três níveis, e além do tudo, passou a complicar ainda mais ao até  do inserir o jovem nas ações criminosas, mui especial no delito a mão armada e para piorar no tráfico de droga e, com o advento do ECA aí mesmo é que o jovem passou a compor nas quadrilhas, inclusive de sequestro, pois como fica sempre de posse do revolver e assim o meliante adulto se livra do crime de portar arma de fogo.


A solução vem, sem duvida, com a educação, pois se dar certo com um, pode dar certo para outros mais e, além há que haver o bom exemplo e caso este não seja dado, que seja aplicada os ditames legais para não imperar mais ainda a impunidade.


Mas, parece, pelo andar da carruagem que essa luz só será acesa no túnel da seriedade, da ética, da moral só daqui a mais um milênio, pois os bandidos estão no poder e de lá vem as mais danosas lições e nenhuma de honestidade.









Lúcio Reis







A Castanha do Pará e o Surfe no Pará!




O louro de algum feito relevante, nem sempre é dado, dirigido ou reconhecido à quem de direito, obviamente, por circunstâncias diversas que o circundam, tal como tempo, o local onde  ocorreu ou começou e no qual efetivamente explodiu e, claramente sem que tenha havido comportamento proposital ou de má vontade.
  
Em narrativa no conto anterior, que encimei com o título “Quebrando Pedras”, mencionei que retornaria ao cenário da cidade de Marabá e que, lá disse ser ela banhada pelo Rio Tocantins, um dos afluentes do Rio Amazonas e portanto, localizada na Região Norte e, o fato é que, ao se dizer que o município é banhado, não se trata apenas de uma referência a um acidente geo hidrográfico mas, de tempo em tempo, literalmente o rio avança sobre a cidade e, não só a banha, como o faz por imersão, posto que a área fica alagada por determinado período.
Em 1958 tivemos a oportunidade, ainda com a idade de 10 anos, conviver com a realidade de deitar com a aproximação da água do rio, e amanhecer com o leito do rio dentro de casa, e a lâmina líquida sob a rede onde se dormia e, não apenas naquele ano mas, em anteriores também, sendo esta uma das maiores já ocorridas.
 Mas essa realidade ou circunstância que, mesmo diante da seriedade que foi e é, posto que esse problema ainda por lá a população vivencia, com muita frequência. Mas não é sobre ele que vamos abordar aqui e agora.
 À época da década de 50, anos antes e depois por alguns períodos mais, e hoje, já nem tanto, a economia do município estava assentada no comércio da castanha do Pará e, conhecidíssima e tradicional família monopolizava-o a extração e comercialização do produto.
Os barcos motores chegavam à cidade navegando pelo Tocantins e traziam em seus porões hectares e mais hectares do fruto. Aportavam no barranco, em frente ao município e que, hoje aquela orla foi transformada em espaço de turismo e laser e assim, há concentração de bares, restaurantes e etc...pois, lá atrás, não havia um porto ou cais específico. Ao tempo da seca do Rio, o alto barranco servia de plataforma a que se visse o leio do rio, ali próximo a margem totalmente seco e tomado de uma pedra que a população chamava de gorgulho e que se estendia como se fora um tapete e, esse mesmo barranco, quando se iniciava a cheia, era utilizado como trampolim para saltos ornamentais para o dentro do e, este narrador, traz em sua cabeça a cicatriz de um desses saltos e que o fez dar com o crânio num monte de pedras.
Uma prancha de madeira era colocada tendo uma extremidade amarrada no barranco e a outra sobre a mureta no barco motor e, entre uma e outra ficava um vão de pouco mais de dois metros e, por ela os trabalhadores ou estivadores dos donos da castanha atravessavam-na com um, dois ou três paneiros cheios do fruto, os quais colocavam-nos no ombro ainda no interior do porão e, com eles atravessavam aquela estiva, para despejar a castanha em reservatórios em madeira – caixas grandes – com determinada medida em hectolitros, para depois serem conduzidas para armazenamento a espera de outro embarque para a capital e posterior destino, o exterior.
No trajeto entre o barco e o barranco, a prancha balançava e esse balanço provocava que algumas amêndoas fossem projetadas para fora do cesto, caiam no rio e, afundassem. Mas se pensam que elas no fundo do rio iriam ficar? Lêdo engano. Quem eram os mergulhadores que imergiam, até mesmo por brincadeira e diversão, e as iam apanhar no fundo do Tocantins ali naquela margem? Exatamente, os moleques que, além de quebradores de pedras, também eram mergulhadores para no fundo do rio de único fôlego e em vários mergulhos, com a mão apanhavam as castanhas emergiam e que, com o vai e vem para cima e para baixo da prancha sob o andar pesado do carregador “pulavam” dos paneiros. Após idas e vindas ao fundo do rio, ajuntavam e em alguma vasilha as castanhas e as vendiam ao dono do armazém no qual o estoque ficaria guardado para comercialização, para exportação ou ser remetida para a Capital do Estado Belém e também, com destinação à venda e item componente da balança comercial do Estado que, salvo engano já foi o maior exportador do fruto e, por consequência da realidade acima, este narrador é um dos que contribuiu, ainda como criança, indireta ou diretamente, mesmo como uma partícula cósmica com o desenvolvimento do município.
Porém, no título acima falamos também de surfe, palavra esta que só veio compor no dicionário da mídia  nacional, a partir de alguns anos depois, quando as ondas no Hawai e os surfistas que lá despontaram para o mundo, trouxeram o termo para o conhecimento mundial da atividade esportiva e seus campeonatos de larga e ampla abrangência.

Mas, a bem da verdade e de forma empírica os precursores do surfe mesmo que involuntariamente, foram aqueles moleques e entre os quais este narrador, seu irmão e o amigo Enok e os demais que a memória esqueceu e que com eles banhavam-se no Rio Tocantins em meados da década 1950 e porque faço a assertiva acima?
Elementar, pois o nosso protótipo foi apenas aperfeiçoado. E como termo comparativo posso afirmar que o meu conterrâneo Alberto Santos Dumont não criou, inventou ou montou o mirage mas, o 14 BIS, foi ele e foi neste ou a partir deste, que vieram o que hoje  vemos nos ares e tráfego aéreo no mundo.
Pois bem! Nossas pranchas não eram de fibra de vidro ou qualquer outro material mais recente e avançado e que, é empregado para tal mas, fazíamos um feixe com algumas varas de buriti, que é o talo de sustentação da folha da palmeira de mesmo nome – ou o buritizeiro -, algumas alcançando mais dois metros e meio de comprimento, óbvio e que, ainda hoje é muito empregado em trabalhos artesanais no fabrico de motivos marajoaras e outros, negociados à época do Círio de Nazaré e até um dos ícones desse grande evento religioso da fé Mariana do estado Pará e, encontrada em grande quantidade, inclusive na Ilha do Marajó e que muitos também chamam de miriti e, ante sua consistência, leveza, dizem ser o isopor vegetal, e flutua. Além desse miolo, sua cobertura, uma espécie de tala, é usada no fabrico de gaiolas para apreensão de pássaros ou também em matapí, uma espécie de armadilhas para a captura do camarão. Com ele e sobre esse feixe, nadávamos até uma parte distante da margem em direção a praia do Tucunaré que fica no outro lado em frente a Cidade e, com a aproximação dos barcos a motor super carregados de castanha e até mesmo de passageiros, o movimento de seu deslocamento à propulsão de suas hélices provocava o deslocamento da água em direção as duas margens, em ondulações que chamávamos de banzeiro, que nada mais é do que  ondas e assim, com o maço de buriti sob o corpo surfávamos o banzeiro até a margem, sucessivas vezes, quantos barcos chegavam à cidade e que, eram muitos. Portanto, aí está o surfe na sua mais original origem.a
É ante essa realidade, meninos quebradores de pedras, mergulhadores da castanha, foram, sem dúvida os criadores do surfe em água doce no Rio Tocantins em torno de 1955.
Que não nos venham nenhum louro ou referência ao caso, o intento não é esse, pois o objetivo é apenas a narrativa da construção de um cidadão e as circunstâncias que cercaram esse dia a dia desde os primeiros anos de sua vida e que hoje, tem a oportunidade de lhes contar a verdade acima e portanto baseada em fatos reais.
E não obstante a origem humilde, a pobreza, as dificuldades que as circunstancias impuseram ao crescer e desenvolver do atual cidadão, seu irmão de peripécias, nenhum abraçou ou optou pelo descaminho, pois além do mais, há as lições do velho e saudoso pai a não serem esquecidas jamais!
 

Lúcio Reis.  

Quebrando Pedras!


Existe um ditado popular que diz: “descansar carregando pedras”! Ou seja,  sempre estar ocupado e ocupando-se e não viver ociosa, desonestamente, ganhar seu sustento com dignidade e não deixar a mente sem ocupação, pois assim é espaço livre para as ocupações indevidas, 
ilegais e nada saudáveis.

Hoje também as normas sociais tem um grande zêlo em preservar a infância e ocupando-a com o que real e positivamente seja e esteja compatível com a faixa etária e proíbe o trabalho do menor mas, o estado não faz sua parte e obrigações constitucionais em prover e colocar a disposição da família da criança brasileira, educação de qualidade e mui especialmente ofertar ao mestre desde os primeiros anos da idade escolar a contra prestação digna compatível com a enorme responsabilidade e relevância do professor no alicerce da personalidade do futuro cidadão em comum acordo com as ações dentro da família e, é por isso que, ainda hoje, pela inoperância estatal, tem-se conhecimento  da realização de trabalho análogo a escravidão onde crianças são exploradas em sua mão de obra inocente e útil.

A partir daqui os personagens são reais e por tanto não há nada de ficção ou invenção mas, a tentativa de contar o que se passou há mais ou menos 59 anos, pois a década é de 1950, a família está sob a batuta do funcionário público e a esposa é de prendas do lar e na prole de meia dúzia de crianças a idade média fica em torno dos seis anos - portanto crianças mesmo -, a casa é alugada e seu nº se não houve mudança de lá para cá é 619 à Av Antonio Maia, no bairro Cabelo Seco, Velha Marabá e o locatário era o Amin Zalouth. Vida modesta e o casal, usando outro termo popular, se virava  “tal como charuto na boca de porre” para que a meninada não sentisse a dor da fome e nem ir dormir com o estomago roncando e assim, roupa e calçado bonito eram itens de consumo incompatíveis com o salário mensal do auxiliar de saneamento do SESP e que, ocupava e usava todo o seu tempo possível para o trabalho honesto e o melhorar da renda familiar, e, nesse entendimento, ele ao sair do expediente na repartição pública da união no inicio do horário noturno se dirigia para o Cine Marrocos, onde inicialmente era o bilheteiro e depois subia para atuar e ser projetista das películas a serem exibidas ao som do prefixo musical de Ray Coniff e ela, a esposa, cooperava no orçamento familiar como ajudante de costureira e também de lavadeira da roupa do hospital, a qual para esterilização era fervida e assim a família a cada dia amanhecia, anoitecia e, vivia na simplicidade e modéstia que o Senhor 
concedia e permitia.

Mas, moleque, criança, independente de ser rica, classe médica ou pobre é mesmo irrequieta, cheia de energia e quer liberdade, principalmente aquele tempo em que a título de divertimento o rádio era único meio de comunicação no lar, e dessa maneira a criançada buscava alternativas possíveis e dentro desse contexto, enquanto os pais trabalhavam a meninada aventureira vai atrás da brincadeira, da novidade, seja lá onde se lhe apresentava, pois o estilingue já era corriqueiro, assim como o pião e sem dúvida como sempre o futebol, só que com bola de meia, 
ou de bexiga de boi ou de porco.

A cidade, localizada à margem do afluente do Amazonas, o Rio Tocantins pela frente e por trás o Rio Itacaiunas de águas escuras e fria. O município tem veloz crescimento econômico, a paróquia sob a égide do padroeiro São Feliz, o padre Baltazar é o vigário da cidade e cuida do rebanho do Senhor, e o Frei Gil, capuchinho da ordem dos franciscanos faz a catequese, cuida de indígenas e vez  por outra leva para lá índios da tribo dos gaviões com seus enormes arcos e flexas e os dois times de expressão são o Marabá Esporte Clube e o Bangu e, o funcionário público, bilheteiro, projetista é também atleta da equipe do Marabá, na posição de extrema esquerda e por sua compleição física magra e origem mineira tem a pele clara e por isso, ganha o cognome de “Macarrão” e essa condição de figura atuante é inserida fortemente no seio da população é demais vista, sabida e sem duvida querida por todos, independente 
da condição e status social.

A vida se desenrola e a cada ano os rios transbordam e a cidade alaga ou afunda literalmente e a garotada aproveita o avanço das águas como divertimento, pois toda criança gosta e tem atração por água, pois deduz-se que os 9 meses no líquido amniótico as predispõem a essa atração.

A cidade prospera, a construção civil é uma realidade que se impõem e as necessidades são imperiosas e dentro destas há a atividade de quebrar pedra preta e, a mão de obra para execução da mesma, não requer e nem há que haver alguma formação técnica, a não ser bater com a marreta na pedra preta de tamanho maior para reduzi-la a tamanho menor, para ser usada na confecção do concreto armado e, para isso pode ser empregada para execução a mão de obra dos moleques que disponham de parte do dia na escola, outra parte a banharem-se nas águas do Tocantins e dentro desse contexto, os guris são arregimentados para quebrar pedras num mixto de trabalho e de diversão remunerada.

O “modus operandis” reúne crianças várias, dá-lhes uma marreta pequena e que suas forças consigam levantar e arriar sobre a pedra maior, faz-se uma separação no terreno com pedaços de madeira como se fosse um pequeno curral a isolar a produção de um da do outro e, naquela pequena área vai ajuntando a pedra quebrada que depois á colocada numa lata de querosene vazia e, a cada lata lhe é pago em cruzeiro a mão de obra por unidade contida no volume da mesma. Os prédios que foram construídos não 
se tem na memória quais foram.

E assim de tostão em tostão, salvo engano a moeda era o cruzeiro como dito, o arrecadado era entregue à mãe, pois criança não manuseava e nem portava dinheiro e, por quase uma década a vida foi vivida e passada ali.

Se essa atividade foi traumatizante, tecnicamente não se pode nada dizer, pois a rigor, tudo era e foi razão de divertimento e brincadeira. No entanto, colhendo o que o futuro hoje mostra em relação ao passado, pode ser concluído sem sombra de dúvida, que de trauma nada houve ou ficou, pois nenhuma das crianças que se conhece e que, quebraram pedras, já tiveram envolvimento com qualquer ação judicial e portanto, jamais foram réus em algum processo e nenhuma se sentiu revoltada com a sociedade.

A principio, pois depois aquela família se mudou para outros municípios, os quebradores de pedras, cresceram,  adultos ficaram, constituíram suas famílias, educaram sua prole e hoje, já formam e tomam assento na sala de embarque para o último voo de suas vidas, pois os pais já partiram em aeronave do dever cumprido e os quebradores de pedras, ultrapassam a idade limite para o ingressar na terceira idade.

Do acima contado ainda há pessoas daqueles anos, e com certeza nome se pode citar como a Sra Nazaré conhecida na intimidade como D Velhinha cognome carinhoso e viúva do Barata, dono do time de futebol Bangu; o proprietário do cine Marrocos Iran Bichara e que este contista os visitou em setembro de 2012, compadre do Macarrão meu genitor e sua esposa Nazaré Bichara que não a re encontramos pois havia viajado para Belém e outras pessoas contemporâneas daqueles anos e que tem bem nítido na memória a maioria dos fatos aqui lançados e de outros 
que contaremos em outra oportunidade.

Trabalhar, ganhar o sustento com seriedade e dignidade, com certeza não será e nem fará mal a nenhum cidadão. O que faz e traz prejuízo a toda coletividade é que, mesmo que apenas um use da desonestidade para qualquer valor ganhar será sempre nocivo a criança, ao adulto e ao idoso.

Caso tenha ficado traumatizado, não sei mas sei, que jamais roubei ou furtei alguém e jamais um tostão embolsei que não tenha sido com honestidade e a custa do meu trabalho.


Lúcio Reis


Não gostava do marido





Era um fim de manhã normal e como outro qualquer, sol, calor, a vida corria sem solavancos e o relógio dizia ser umas 11:20, hora em que normalmente o jovem cidadão de seus poucos vinte anos, casado, com prole não extensa mas, já em idade escolar, se dirigia em retorno para o lar, pois sempre o almoço o realizava em companhia da família modesta e, como diariamente fazia, fez um parada técnica, com seu fusca usado naquela esquina, onde havia uma mercearia, na qual, cotidianamente adquiria dois litros de leite para também compor na alimentação da família.


Já retornava à sua condução estacionada há uns cinco metros da porta do estabelecimento comercial, mas precisamente uma panificadora e lanchonete, localizada na esquina de movimentada avenida e portanto, com intenso transito de veículos, pessoas, mesmo que aquele ano  compunha a década de 70, pois se tratava de uma metrópole em veloz crescimento e desenvolvimento e, em sentido contrário ao dele, subia aquela rua denominada travessa 41, na qual estacionará seu modesto e velho carrinho, jovem mulher clara, de olhos graúdos, cabelos castanhos escuros, face redonda, corpo cheinho e que, segurando a cada mão as de uma criança a cada lado, o encarou de tal maneira firme e tão intensa que o mesmo julgou e concluiu de imediato, em função da encarada, dessas que não da para desviar a vista,  ter sido reconhecido como pessoa familiar ao relacionamento de amizades ou outros daquela jovem fêmea, tendo assim, ficado tocado pelo penetrante olhar e mesmo como quem não dera bola, prosseguiu em direção à sua condução.


Ao alcançá-la e, como que sob o domínio de uma força magnética, antes de abri-la virou-se e deu de frente com o olhar da intrigante mulher. Abriu o veículo, agasalhou o volume recém comprado e retornou ao encontro dela, e lhe fez a elementar e óbvia pergunta: nos conhecemos de algum lugar? Ela responde que não! Então ele, ante a presença das duas crianças e que julgou, ter ela ido buscá-las no colégio, pois ambas uniformizadas e, até mesmo deduzindo ser ela secretária da mãe das mesmas, passou-lhe verbalmente o nº de telefone do escritório, dizendo-lhe que podia ligar pela manhã do dia a partir das 07:00 h e, prosseguiu seu retorno ao seu lar.


Na manhã seguinte, tão logo adentrou ao seu local de trabalho, foi-lhe repassado por colega a anotação do numero de um telefone com o recado de que uma senhora de nome “Kyfyluna Jys Zia” havia ligado cedo pedindo que retornasse o contato que ela estava a esperar. Terminou de se instalar e de sua mesa retornou a ligação e, para surpresa era a mulher do dia anterior, das crianças em cada mão e que naquele primeiro encontro pessoal nem o nome dela perguntou e nem acreditou que ela teria gravado o número do telefone que lhe havia dito e, a partir de então foi iniciado diálogos de entendimentos, tais como, ela não era a bábá mas, a mãe das crianças.residia num apto em prédio ali próximo e sem mais perda de tempo e nem delongas, entabularam encontro e para tarde daquele mesmo dia e, assim ocorreu.


Acertado o horário das 15:30 h. No local definido e não muito distante do local do primeiro e rápido dialogo da matinal, ele a apanhou e já planejado o motel de destino e o escolhido era um distante dali situado numa rodovia e do outro lado da cidade e da residência de ambos e para lá chegar, tendo em vista que já havia informado, tão logo tomou assento no carro e ao lado dele, que era casada e isso foi razão para que ele tomasse rotas que disfarçasse o destino pretendido e depois de idas por atalhos e ruas que nada tinham a ver o objetivo final, chegaram ao motel e ela, despreocupadamente conversava como que aquele encontro fosse entre duas pessoas solteiras, descompromissadas, livres e como que estivessem adentrando a uma sorveteria, apesar de todas as medidas preventivas que ele tomou. Pois aquele tempo, havia o clichê de que mulher casada e que traía o marido o fazia às terças férias dia de novena e para o disfarce usavam um  lenço envolto na cabeça e óculos escuros. Mas a senhora KYZ foi sem  nenhum aparato de disfarce ou como se diz de cara limpa e era como que se estivesse no veículo de um irmão ou alguém conhecido e não do sujeito com o qual iria córnear  seu marido.


Sem nenhuma precaução ou cuidado também, foi como ela se portou ao passar pelo controle à entrada da casa de curta permanência para o sexo da traição e ali tiveram sua primeira transa mas, além do comportamento dela na cama como fêmea, o deixou ressabiado também, ante a total ausência do não se esconder ou disfarçar e a mesma como fêmea e sua performance sexual não foi como a expectativa dele esperou, pois mesmo ante todas as caricias em seu pontos de excitação  a reação foi mais natural do que ele pode esperar de alguém que se aventurou a um encontro intimo com alguém mal ou recente conhecido.


Retornaram no dia seguinte mas, no horário matinal para outro encontro. Colocada em prática toda a estratégia de alternar e contornar rotas diversas para dificultar possível flagra para aquele adultério e ela com a mesma tranquilidade se portava, como alguém que não seguia em direção a um motel na condição de amante e que trairia outra vez com aquele desconhecido o marido e o amante repetia a empreitada, esperando que a passividade, a ausência de excitação e fogo da primeira vez, fosse substituída e que daquela fêmea emergisse um vulcão em erupção colocando correntezas de tesão por todos os poros e ele tivesse na cama a feminina companhia que justificasse aqueles fortuitos e para ele perigosos encontros e a fêmea despertasse transformando a relação em algo sensacional e que valesse o risco, pois afinal era simples aventura de leito..


Mas ela não despertou e outra vez o sexo pelo simples sexo e nem morno ficou e sem graça o sexo se concretizou no segundo encontro e com todos os riscos havidos e no retorno ela com a mesma displicência em não se ocultar, o deixaram por demais intrigado e totalmente desconfiado e percebendo que algo mais poderia estar havendo, sob o gelo daquela mulher.


Marcaram e combinaram para a semana seguinte o terceiro encontro mas, no horário vesperal e ele repetiu todo o seu ritual de preservação da condição de ambos em usarem aliança na mão esquerda mas ela, como das vezes anteriores não se importava se alguém ou se uma amiga fofoqueira a flagrasse ou alguma colega de trabalho do marido dela a visse, posto que ele tinha como profissão uma atividade que o levava ao contato diário com muitas pessoas da sociedade e que sabiam ser ela esposa dele e mesmo assim a total despreocupação, que se podia resumi: “não estou nem aí!”


Houve a terceira relação, a natural atuação e reação como que estivesse sobre o leito fazendo palavras cruzadas ou quem sabe, olhando a banda passar sem contar nada de tesão de relação sexual e, assim se tornou e ficou um ato sem sal, coentro, cebolinha ou colorau, isto é sem nenhum tempero.     


Então o amante mais intrigado do nunca com aquele comportamento da amante e sua parceira de adultério, fez-lhe umas perguntas, tal como, o porque dela traí o marido, não ter o mínimo zelo em se esconder e o risco correr de alguém vê-la e a ele ir dizer. E obteve a resposta mais curta, grossa e com entonação natural como quem bebe água, e que por si explicava e justificava a facilidade da aproximação, dos encontros e de tudo que os envolveu e assim ele ouvia dela: eu não gosto do meu marido! E ante essa afirmativa e por todas as circunstancias que antecederam, que aconteceram no decorrer daqueles dias, ele tomou ali a decisão definitiva e que só seria dito a ela posteriormente, pois não a conhecia em sua personalidade e suas possíveis neuras em reação.


Mesmo a despeito dela não resguardar ou tentar preservar sua condição matrimonial, o que poderia ser visto ou entendido como autentica e ser um ato de penalizar a relação, para ele era simples aventura e transa passageira e naquele dia a deixou onde ela pediu e combinaram telefonema para a próxima dia ao motel.


Porem, ela não esperou muito e no dia seguinte ligou a ele com intenção de irem ao motel novamente e, foi quando ele colocou em pratica o que já havia decidido no dia anterior e, lhe disse: “KJZ” o seu casamento é pro forma e você não gosta de seu marido mas eu, gosto de minha família e não vou mais arriscar sua destruição por que a sua é um faz de conta e com esse posicionamento ele colocou um ponto final naquela aventura passageira e de certa forma sem graça e perigosa.


A lição é que, assim como ontem, hoje a inconsequência é um fato, as uniões não ocorrem com a base concreta do construir algo que perdure e a tendência, como se pode ver, é de que as relações conjugais ocorrem mais tendo como objetivo as pensões judiciais e portanto o mero comercio do: até que a morte nos separe.


E, com as facilidade e liberdades existentes, as fábricas de alianças estão fadadas a falência, pois o homem continua o mesmo cafajeste de sempre. E por isso hoje se diz que casamento é um negocio que inicia no motel e termina em pensão!


Esta é mais uma obra de ficção e qualquer semelhança com pessoas ou fatos, terá sido mera coincidência.





Lúcio Reis




 A última pera da cesta


Há pessoas que tem o auto entendimento de que chegaram ao mundo de uma maneira muito diferenciada e que, não foram expulsas  por uma vagina, ou retiradas por meio de parto cesariana, ou com  ajuda de forceps e que, ele gira apenas em torno e em função delas e assim se acham e se acreditam a última pera ou jiló da cesta e os mais saborosos existentes mas, como diz o dito popular, nada como um dia após o outro e a noite no meio para atitudes e ética duvidosa mas que, a sinonímia ao que me refiro, traduz mesmo, é a popular sacanagem e outras mais do gênero.

Ela era uma garota morena bonitinha, corpo de violino pois sua estatura era baixa, coxas rolicinhas, cintura fina e bundinha graciosa arrebitadinha tal como uma garupinha de um potranca, mulher bem interessante. Mas daquelas que se mostrava na janela ou no portão e respondia aos olhares e galanteios que se eram direcionados, como um algo a estar dizendo com menos prezo, nem te ligo! Sei que sou gostosa mesmo e não estou nem aí para tuas piadas de bom ou mau gosto, mas de maneira geral era galanteios mesmo. E assim, esnobe, pousava em cima de um pedestal como a última suculenta e doce pera da feira.

O jovem passava, repassava por aquela rua e, sempre que a via, era despertado pela graciosidade da moreninha e sempre lhe dirigia elogios ou olhares que só diziam ser ela não comum e que também pretendia dizer de sua simpatia e interesse nela para um caso de namoro mas, ela esnobe e em cima de seu pedestal não lhe dava a mínima e, de tanto ser relegado a nenhum plano ou a plano nenhum, ele deixou de lhe direcionar seus olhares a pretendida paquera.

A razão pela qual ele trafegava por aquela rua, é que mais adiante morava um grande amigo e normalmente ele se dirigia a casa desse dele e desta feita, vizinho da presunçosa garota e que, não aparentava ter companhia ou namorado, ser casada, comprometida e por isso repassava a ideia de ser só e desimpedida.

Os dois amigos possuíam condução própria e normalmente frequentavam a passeio os balneários, igarapés e praias da região metropolitana próximas da capital em que moravam, pois todos os aprazíveis lugares podiam ser visitados usando seus veículos motorizados e de duas rodas e normalmente o faziam, cada com acompanhante feminina.

Julho naquele estado era o mês de veraneio e o povo da capital convergia em massa para as localidades do litoral, havendo algumas localizadas numa ilha distante uns 50 km e alcançável em torno de 45 minutos. Eram praia de litoral banhado por baia e portanto praias de água doce e com ondas que lhe davam um “q” de especial e era um dos mais importantes point de encontro em tempo de férias escolares de meio de ano letivo e dessa maneira, como se diz hoje, a juventude bombava, o agito havia em todos os pedaços e na praça da matriz havia um que concentrava a juventude que lá comparecia e todas as noites - denominado areia bar - e além desse local de reunião, outros havia e os corpos bronzeados, muito som, o “o ar Mário maracujá marcava presença com a qualidade de sua batida de cachaça”, paquera e muita mulher bonita e a ida aquela ilha, apenas que fosse por um fim de semana era programa a ser cumprido custasse o que custasse, pois sem duvida valia qualquer pena ou sacrifício.

E como o tempo corre, então chegou julho e no noticiário de Tv e rádio, há a informação de que o veraneio estava o máximo e assim, quem ficou na capital tinha aguçado seu desejo de ir para lá também, para a tão propalada curtição, afinal, jovens queriam farra, mulher e distração.

Os dois amigos se programaram! Naquele próximo fim de semana, na sexta-feira ao cair da tarde, pegariam estrada a BR-3l6, pois antes não seria possível em função dos afazeres funcionais e profissionais que os impediam. E, o amigo vizinho da bonequinha gostosinha, comentou com ela sobre a programação para o fim de semana na praia e então, o desejo da garota de também ir curtir na ilha foi atiçado e ela ficou eriçada para também ir la se esbaldar, divertir mas, o vizinho dela já tinha sua companhia para a garupa de sua moto e assim, só restava como opção a condução do companheiro de viagem, o que foi informado a ela, que era aquele que jogava galanteios a ela.

Nesse instante a vontade e ânsia de ir a praia falou e gritou mais alto e forte do que o orgulho e o esnobar ao insistente paquerador, dom “Juan no tucupi” e sem titubear ela aceitou mas, havia a condicionante se o motoqueiro aceitaria tê-la como carona o que, ficou a critério do parceiro de peripécias e de farra ajeitar e portanto, com o amigão ir conversar e depois a resposta informar.

Feito o contato, e contando com a aquiescência do parceiro de viagem, foi providenciado o capacete para a dama e, na sexta feira esperada e programada, encararam a BR e, ao chegarem à ilha foram procurar local para se estabelecerem para o repouso ao fim da noite e esta providencia foi concretizada após várias tentativas em locais que poderiam ofertar pousada mas tudo em vão e só sobrou como alternativa terem o consentimento da proprietária de uma casa, localizada na avenida principal e que dispunha de uma área de quintal frontal ao seu casebre e onde havia muitas árvores frondosas e que, até poderiam funcionar como uma espécie de guarda chuva, caso esta viesse a cair na madrugada. Logo, o local para ficar o resto da noite estava resolvido.

Mas, o garoto estava ansioso e a fim de ver, saber e sentir o que a morena tinha para ter sido tão cheia de si e no decorrer de alguns bate papos, agora bem mais próximos, já haviam chegado a um denominador comum, afinal, ele realizou o grande desejo dela de ir passar o fim de semana na praia. E agora já sabendo que não ficariam no banco da praça para dormir, foram passear, jantar e como sempre nessa situação o que chama em seguida? Namorar, amassos, abraços e obviamente sexo, sexo explicito por fim.

Procura motel, não tem! Procura casa de tolerância, não tem! Aí só resta como opção transar sob a luz do luar e por isso há que ter um local, um espaço ermo, sem grande ou de preferência nenhuma movimentação de transeunte e como motoneta não tem porta e nem ambiente fechado, o risco de fazer sexo na via pública era um ato muito e de grande perigo e de poder estragar o passeio o fim de semana preso por atentado violento ao pudor e bons costumes.

O que fazer e como fazer? Homem ou mulher quando querem, não tem jeito, irão encontrar meio de qualquer jeito. E em termo de traição e a titulo de exemplificação, é como já disse o Juca Chaves, a mulher quando quer trair, ou seja quando quer dar, transar, você pode tranca-la no guarda roupa e aí ela te trai com o cabide. E instinto animal que há no homem, em muitos casos fala mais alto e já está feito, o “homo sapiens” e o sexo tem estreito relacionamento e dependência. Por isso a indústria fabrica pílula adoidada e outros tipos de indústrias do ramo, sempre estouram em faturamento e sex shop é comércio de muitos milhões.

Então veio a solução. Voltar para a estrada, pois ele já conhecia uma área aberta de uma piçarreira e distante da concentração, do burburinho dos veranistas presente e concentrados no centro da cidade. Colocou a menina na garupa e lá se foram para a primeira e tão esperada transa para ele e possivelmente para ela, pois bobinha e inocente não era e assim, tendo como testemunha o luar, o ar livre e como não havia privacidade não foi a relação mais supimpa e legal, pois a “cama” foi o celím da motoneta e mesmo com desconforto o homem animal realiza e concretiza seus mais primitivos instintos, pois só assim poderá ser entendido e interpretado quando sequer há algum sentimento e funciona apenas como ato de perpetuação da espécie.

Voltam para junto e reencontrar o casal amigo de viagem e após mais alguns momentos de diversão, uma festa, o dançar, uma cervejinha, é hora de repousar e aí vem, outra inconsequência da idade jovem. As duas motonetas colocadas lado a lado e apoiadas nos estribos tábuas velhas arrumadas, achadas no quintal da boa senhora que lhes cedeu a área, foram atravessadas de um para o outro estribo das máquinas e em rampa para as laterais das mesmas e assim tiveram suas camas para repousar sob a copa das árvores e como abajut o luar.

Amanhece o dia, e é hora de despertar, um pouco de água do poço da casa e lavar a face e fazer a higiene bucal e prosseguir a aventura e o divertimento do fim de semana. Praia, sol, banho na baia, muita gente a transitar e o bronzear, a cerveja  o almoço e outra noite desconfortável nas camas improvisadas mas, tendo a compensação de fazer parte do tão propalado veraneio.

No domingo mais um pouco de praia e é hora de antecipar a volta, pois o trânsito ficará pesado, muito perigoso, nosso veículos são pequenos, só duas rodas e além do que muitos tomam a estrada, mesmo depois de terem tomado todas e desde aquele tempo, álcool e volante jamais se deram bem e os resultados sempre foram lastimáveis.

A noite de domingo o reencontro com a acompanhante e amante de veraneio de fim de semana e então mais um namoro e outra transa e novamente, em circunstancias desfavoráveis em termos de conforto mas que agradava a menina. Passa-se a segunda feira e na terça feira a última pera da cesta já não dava mais bola e nem se acreditava assim e queria mesmo era mais sexo e o teve mais uma vez.

Porém, aquela altura o esnobado de ontem é quem já dava as cartas e, num gesto e decisão de cafajeste e quem sabe em vindita machista, estúpida, quando ela insistiu por um quarto encontro, ele arrematou e liquido a relação: agora quem não quer mais sou eu!

Em troca amealhou o ódio e o desprezo da fêmea ultrajada, renegada e que doravante quando o via o fulminava disparando mortíferos olhares e que se fosse possível seriam dardos altamente envenenados. Porem, o tempo foi passando e nunca mais se cruzaram.

O que se colhe hoje da história é que o homem de ontem e infelizmente ainda hoje, encouraçado numa capa de machismo estúpido e inconsequente levava e leva a sua vingança a comportamentos os mais primitivos possíveis e na atualidade, quando rejeitados, não se contentam e nem compreendem ser direito da mulher continuar ou não a relação, sob hipótese alguma pacificamente aceitam e, é como se fosse uma cartilha a ser seguida, normalmente eliminar a existência da mulher que o rejeita de uma ou de outra maneira.

Definitivamente, brincar com sentimentos ou vilipendiá-los não é e jamais foi ou será proceder que se possa adjetivar: ulala! Que supimpa!

Lúcio Reis


Virgem no Prostíbulo

O que aqui será contado é fruto de ficção, de imaginação e, qualquer semelhança com qualquer fato ou pessoas, ou locais será mera coincidência.
É fim da década de 60 e inicio da década de 70, num subúrbio populoso de uma metrópole que se chamava Cidade dos Bacurizeiros, habitado por uma população mais pobre ou remediada do que classe média e nele havia, obviamente os locais para o divertimento e laser dos muitos que lá habitavam e fixavam domicilio e tantas outras pessoas que para esses subúrbios  convergiam visando essa finalidade, a diversão de massa em ambientes de dança e sexo, pois bastante difundido no seio da coletividade local e, desta feita, havia clubes a promoverem festas, inclusive e principalmente aos domingos e feriados na parte vesperal, assim como havia casa de prostituição, prostíbulos de qualidade modesta e que, aquele tempo eram denominadas pensões as quais, basicamente compunham-se de um ambiente inicial composto de um salão em piso de madeira, ornado de mesas com 4 cadeiras nas laterais e o espaço central tinha destinação de pista de dança, paredes em madeira, tudo muito humilde e qualidade compatível, o que hoje seria adjetivado de espelunca, Ao fundo um bar, no qual o dono da casa era quem atuava e controlava o comercio, pois la estava a fonte financeira do negócio, posto que ali o comércio tinha como mercadoria a bebida nacional, a prostitua para companhia dos frequentadores e dama para dançar com aquele que assim o desejasse e além disso, também a amante para o sexo ocasional por pecúnia naturalmente, numa das profissões mais antigas da humanidade.
Havia ainda, um outro ambiente contiguo ao primeiro, para quem não pretendia ou não podia se expor mais aberta e livremente, iluminação sob penumbra ou que diziam ser luz negra e, para ele convergiam os casados que após o expediente no decorrer da semana ou mesmo nos finais de semana para la se dirigiam para relaxar farreando, tomando sua bebida, bate papo com amigos,  pois até então não era usado o termo, hoje muito em voga, stress ou stressado. E  a “loura gelada” corria solta e farta entre um copo e outra uma piada indecente, uma garota no colo e a libidinagem a vontade.
E, em outra área estavam localizados a vila dos quartos, pois ali também era uma habitação coletiva, usados como residência das garotas e local de encontro intimo com o freguês para as meninas que formavam e compunham o efetivo das pensões e cuja contra partida para o dono do estabelecimento era um aluguel mensal e ao fazerem salão – companhia – a um frequentador e este se dispussse a concretização de uma relação intima sexual com a determinada acompanhante, cumpria o pagamento ao dono da casa de um valor a titulo de locação rápida para uso como alcova e portanto para sexo de momento, e, parte integrante da farra que se desenrolavam, pois, após o ato, o casal poderia voltar ao salão, continuar dançando e consumindo bebidas alcoólicas. Era também e portanto o protótipo do que hoje é o motel.
No que tange a bebidas, havia uma regra a ser cumprida pelas garotas. A estas só era permitido o consumo de bebidas quentes "on the rocks", tais como rum ou whisky e óbvio, este de selo nacional, posto que importado naqueles anos só como fruto de contrabando e, com que finalidade? O lucrar rápido e a custo baixo, pois numa dose os cubos de gelo eram em maior quantidade e a bebida, óbvio, em menor volume e assim, basicamente era vendido uma dose de água com pelo custo de malte mas, os clientes bebiam o que lhe aprouvesse e, normalmente todos optavam pela cerveja, pois o clima da cidade, pedia e exigia bebida refrescante e bem gelada, e como se dizia ainda, me traz uma “loura no capricho”
Para esse ambiente, convergiam assiduamente um grupo de amigos, todos solteiros, composto de quatro, que serão denominados pelos cognomes de Comprido, Negão, Penoso e Peixe, sendo que o primeiro não tinha condução própria e sempre era levado de carona por um dos outros três, o segundo possuía uma lambreta, o terceiro era proprietário de um fusca e o quarto rodava numa motoneta italiana vespa, tipo daquela do Candelabro Italiano e, por serem contumazes e assim diariamente frequentadores, o proprietário que chamaremos de Çuçu, até lhes vendia ou facultava o fiado, caso aportassem por lá sem dinheiro no bolso, posto que aquele tempo os cartões de crédito estavam na incumbadora por aqui e, todos já tinham de certa forma suas damas de companhia definidas e que assim se tornaram ante a sistemática frequência diária, naquela modéstia casa a preferida, apesar de que os mesmos rodavam por tantas outras do gênero e por outros bairros. Eram boêmios de carteirinha e habitues da noite e cada um tinha sua fonte de renda definida e portanto nenhum era gigolo.
Para chegar ao local, entravam numa perpendicular à Av principal asfaltada intitulada Barão de Mar Pequeno, trafegavam pela derivação em piçarra, em cuja margem esquerda havia uma grande sede em alvenaria, piso em madeira e, na qual realizavam festa ao som de aparelhagens sonoras sistematicamente, o que diziamos música mecânica, e  eram realizadas para a qual a sociedade jovem e adulta do bairro comparecia à se divertir, mediante aquisição de ingresso para poder entrar e ali também a cerveja era negociada e, no prosseguir da via, descendo um declive à esquerda estava a pensão do Çuçu, tendo como vizinhança a maioria casebres em madeira e portanto, famílias de baixíssima renda e assim num meio paupérrimo.
Num certo dia e no inicio da noite como de costume, o Peixe se antecipou e chegou mais cedo que os companheiros de farra aquele local dos diários encontros noturnos e nos fim de semana também diurnos, pilotando sua vespa, trajando sua jaqueta em courvin marrom, com feche frontal de baixo até o pescoço, bolsos laterais e luvas pretas em pelica, de certa forma um "playboyzinho de meia tíjela" mas que contava com a simpatia das garotas . Ao adentrar no salão percebeu no ambiente um murmurinho diferente, o cochichar  entre as meninas e diferente ao de praxe, até que se lhe apresentaram uma jovem novata e que jamais havia sido visto por ali. E como se dizia adjetivando, era carne fresca! Mercadoria recém chegada e logo, novidade no pedaço.
Novinha, pele clara, olhos castanhos, cabelos escuros, corpinho sensual, bundinha arrebitada, seios como dois limões bem empinadinhos, simpática e extrovertida e bem desembaraçada. Aproximaram-se naturalmente, pois os limites do ambiente não eram distantes e no decorrer do dialogo, ela o convidou para um passeio, um rolê na vespa dele, no que, foi prontamente atendida, Passearam ali por perto mesmo, pois na cabeça dele, fervilhava uma transa fenomenal e para ficar na memória, pois a graciosidade da fêmea instigava os desejos mais libidinosos daquele macho com todo rigor, vigor e virilidade da jovem idade dos 19 e poucos anos, ou como dizem hoje 100% tesão. Ao retornarem o mesmo a levou para um dos ambientes íntimos e privados,  com cama e como, se dizia também, para “matar a lebre” , iniciando o ritual das caricias e chamegos  das preliminares, de abraços, beijos na nuca, mordiscadas na orelha, mão ali, por lá, beijo no pescoço, sem pressa, língua passando lentamente pela nuca, mordiscadas nos seios, o leve sugar nos mamilos, o acariciar do sexo, o beijar as coxas  e, sentir o ponto máximo da feminilidade já estava se derretendo em líquido de prazer, em fim a pratica de todo o erotismo necessário e que diz ser a fêmea algo especial e que deve ser tratada como um cristal, para não ser quebrado ante uma penetração vaginal simplesmente animal e, quando alcançaram a esse momento, a menina pondera e pede em voz lenta, acanhada e baixa: aí não! Ainda sou virgem! Como água fria na fervura, ele num misto de incredulidade, espanto e até mesmo admiração, questiona? Mas aqui é local de prostituição e putas, não são virgens. Então diz ela, com certo constrangimento, eu sei! Mas eu não sou puta e prosseguindo oferece a alternativa; mas podemos fazer sexo anal, eu não me importo e por esse meio concretizaram aquele primeiro encontro.
Retornaram ao salão e como os amigos demoravam a chegar, ele pagou o que devia, tomou outro destino, com um monte de interrogações a dar nó no cérebro e, deixando um recado com o Çuçu para os amigos que, depois voltaria para ali. Mas, por imprevisto não foi possível retornar.
No dia seguinte, antes de se dirigirem para a pensão, os 4 reuniram-se em um encontro prévio para uns drinks em outro local e, entra na pauta a história da jovem putinha virgem mas expert num sexo anal e, foi quando o Penoso, o dono do fusca,  narra sua odisseia e diz, ao ter chegado lá na pensão na noite anterior e posteriormente a saída do Peixe e também conta ter sido convidado pela garota para uma volta no volks dele e ao retornar, vão para o quarto e na hora dos finalmente, do fazer bebe, a mesma esquiva, em função da alegada virgindade e também o mesmo desfecho, o coito anal. A menina no frigir das contas, gostava de passear e transar pela porta dos fundos.
Depois desse bate papo, se dirigiram à pensão do Çuçu para mais uma noite de farra, bebidas, dançar ao som de Waldick Soriano, Silvinho, Carlos Alberto, Roberto Muller, Alcides Gerardi, Nilton Cesar, Núbia Lafayate, Nelson Gonçalves entre outros que instigavam as “dores de corno das meninas e suas desilusões amorosas,  e sexo e, ao lá chegarem, a primeira noticia a ser recebida é que a noviça putinha virgem não mais morava ali e então, veio a real história e origem daquele inusitado acontecimento.
De verdade ela era virgem! Lógico, donzela nem pensar! E, como e porque chegou naquele ambiente? Represália foi a razão e maus conselhos, companhia ou amizade sem estrutura e inconsequente os veículo, meios e entendimentos que para la a levaram.
Ela namorava com um jovem, ela ainda era estudante, curso ginasial, em um ginásio localizado numa praça bem importante do local e os pais não aprovavam o namoro que ela tinha, pois o rapaz pertencia a uma das forças armadas da cidade e o pai, principalmente, não concordava com a relação de namoro da filha e por não ser afeito ao dialogo e sim da lição pelo castigo físico, brigou sério com a filha, penalizou fisicamente a menina e esta em represália fugiu da casa paterna e através de uma amiguinha, sem experiência também mas, com mais vivência de prostituição, acabou levando-a e aportando naquela pensão.
No dia seguinte e por ter descoberto o paradeiro da filha que havia passado a noite fora de casa, o pai foi  buscá-la na pensão e a levou de volta para casa.
Porém, decorrido uma semana, quando os 4 amigos chegam à pensão para mais uma outra noite de esbornia, álcool, dança e prostituição, quem lá estava fazendo salão e toda sorridente, alegre e aparentemente feliz. A virgem da pensão! A virgem do prostíbulo. Ou um dos poucos casos de uma virgem prostituta.
Então ao avistar os já conhecidos amantes de breve momento, foi logo esclarecendo os fatos que circundaram sua passagem anterior por ali. O pai havia descoberto onde ela se escondera, foi apanhá-la a levou para casa e, ela depois, como a retirar um passaporte à profissão mais secular da humanidade, decidiu entregar, ceder sua virgindade ao namorado e assim, agora preparada ou iniciada para a prostituição voltava sem o obstáculo do “cabaço” termo com o qual definiam a garota que ainda não havia transado, para fazer parte do efetivo da pensão, posto que, pelas horas que por lá passou, de algo gostou e agora podia ter sexo vaginal sem problema e, respeitando a ordem anterior naquela noite foi o garoto da vespa e depois o do fusca e posteriormente com quem se interessasse e de conforme com as regras da casa e desfrutarem de uma recém virgem ao custo de uma veterana.
E então pela a história acima, chega-se a conclusão: ontem há pouco mais de 40 anos o hímen, a virgindade era rompido também, em represália a um castigo físico paternal e hoje, mesmo a despeito de que a maioria das meninas não o valorizam como ontem, pois até clips exclusivos de desvirginamento há na rede de computadores, ainda há quem dele ou com ele queira ou pretenda construir a independência econômica, usando como peça rara em leilão. Pois como é sabido, logo no primeiro encontro ou no máximo no segundo, há que ter sexo e, se no segundo não ocorrer, a fila anda.
E uma outra lição que é colhida é que, ontem a solução de uma situação de certa forma inusitada, não criava zona de atrito e nem acirrava ânimos, transformando o macho num violento agressor da mulher, o que, possivelmente hoje não seria assim.
Lúcio Reis




Buscando sexo onde estiver!


Na matéria anterior nesta página e que encimei com o título Subindo pelas paredes, na qual o tema sexo era e foi enjaulado pelo tabu e assim para a sua concretização  havia obstáculos e mais obstáculos a serem pulados e muitos desses pulos representavam uma façanha que mesmo se mostrando difícil não desestimulavam e que hoje, ao ser contado raia ao impensado, ao supra sumo da estupidez, da infantilidade ou simplesmente do irracional e portanto da mais concreta besteira ou bobagem.



O fato foi verídico e as pessoas que aparecem como coadjuvantes no mesmo, reproduzo seus nomes reais, logo verdadeiros e o ator principal da boba façanha omitirei o nome e deixo ao critério das vossas imaginações, concluírem de quem se trata e quem foi ele.



A década é a de 60, possivelmente nos anos 62 ou 63, e a molecada é toda estudante do curso ginásio industrial na Escola Industrial de Belém – EIB, cujo prédio ainda hoje lá está na Trv. Dom Romualdo de Seixas, esquina da Travessa Jerônimo Pimentel, bairro do Umarizal aqui em Belém e no qual, hoje funciona um órgão que ignoro mas, salvo melhor esclarecimento é do governo.



Compunha uma das das turmas do ginásio industrial, aliás único curso ministrado à época e só depois é que houve a ampliação, quando o Estabelecimento foi transferido, mudado para a Av Almt Barroso e agora como Escola Técnica Federal do Pará e hoje, o IFPA – Instituto Federal do Pará, o aluno João Lopes sobrinho do professor de matemática – já falecido – Cássio Lopes e, que posteriormente ingressou nas fileiras da Policia Militar do Estado do Pará e hoje, possivelmente já é aposentado e, o João tinha como outra atividade  alem de estudante promover festas com aparelhagens sonoras e convidava os colegas, pois um dos divertimentos do jovem era naturalmente dançar, sem droga, sem álcool e com o objetivo também de paquerar e se possível, uma transa, sem compromisso, desde que a menina já não fosse mais virgem, o que era difícil de encontrar.



O João promoveu uma festa num determinado sábado, numa sede no Maguari, localidade em Ananindeua, sendo que este hoje é município, pertencente a região metropolitana de Belém e aquele povoado se localiza próximo ao Rio Maguari e, ele convidou e levou seus colegas de ginásio aquele encontro festivo do qual, lógico era o anfitrião. Nessa época merengue era som a faz parte.



Entre esses colegas, um, conheceu no decorrer da festa e dançando uma dama de nome Iáiá, morena esguia, cabelos longos escuros, bio tipo indígena e que dançava muito bem e, dançaram a noite inteira tendo rolado um clima de atração e que prenunciava desfecho em sexo e após dançarem por longas horas e até ao término da festa e, já na parte externa do salão, onde rolava uns amassos, chegou a hora de pegar a condução que havia levado a turma para aquele baile. Mas, houve tempo de colher a informação que a Iáiá morava em Marituba, um município mais distante e no bairro Pirelli, próximo onde havia a Sede Campestre do Circulo Militar e que, na segunda feira seguinte ali haveria uma festa e assim, o jovem se despediu da morena, com a promessa do reencontro na segunda a noite.



Chega a segunda e a turma de estudantes se reúne na quadra de esportes da Escola Industrial e, pertencente e componente também da turma estudantil havia o aluno Antonio do Carmo e que, depois fez serviço militar na Marinha do Brasil, posteriormente fez direito e mais tarde ingressou nos quadros da Secretária Estadual de Segurança Pública do Estado, como delegado e talvez hoje já esteja aposentado. Ele possuía uma bicicleta e com ela foi à Escola naquela noite de segunda para participar de partidas de futebol de salão. No decorrer de uma das partidas o seu colega lembrou do encontro marcado com a morena em Marituba e solicitou ao amigo Carmo a bicicleta emprestada, sem dizer, no entanto qual a intenção do destino, pois daquele local ao pretendido são vários quilômetros. Cedida a "magrela" lá se foi ele em direção ao município vizinho a fim de uns “amassos” na Iáiá e quem sabe algo mais.



Pedala, pedala os quilômetros que levam aquela cidade e algumas horas depois, ele chegou à Marituba e pergunta daqui, pergunta dali quem conhece a morena e depois de insistir, obteve a informação, talvez em termos de pura brincadeira e o pregar uma peça e de gozação, e alguém disse ao ciclista: a Iáiá foi dançar em Icoaraci. Este até hoje é um distrito de Belém, e de onde dista alguns outro tantos quilômetros.



Porém o jovem teimoso, impetuoso e a fim de acariciar os seios da morena, não contou até 3. Meia volta e pedala em direção a Icoaraci, pois os beijos da Iáiá ainda atiçavam a libido e o tesão e, naqueles anos, quanto mais difícil a conquista, melhor era o resultado e, até porque o macho, pelo menos antigamente dava valor a esse tipo de conquista.



E então o moleque pedala de volta até o entroncamento na bifurcação do inicio da BR 316 com a Rodovia Augusto Montenegro que também leva e trás a Icoraci, antiga Vila Pinheiro e, na escuridão da noite, pista precária, ele ruma em direção a Vila sorriso, naquela maratona ciclista sexual.


Já próximo da zero hora, ele chega ao destino informado mas, cadê a festa? E procura pelo almejado e esperado encontro festivo e pelas coxas da morena e nada de encontra-la e nem tampouco o endereço informado do esperado dançará e após muitas tentativas, desiste e resolve voltar e desta feita apanha o outro acesso aquele distrito a Rodovia SNAP, passando por dentro do aeroporto de Val de Cans e margeando a Baia do Guajará com destino final a capital onde reside.



Pedala, pedala, a bunda dolorida do selim e pela 01:00 hora da manhã chega a Belém, cansado, sem beijinho, sem amasso e sem ter encontrado portanto, a mulher.


Um dia conversando com aquele jovem que passou a noite e parte da madrugada pedalando em busca do prazer de uma possível transa, disse-me ele que tinha muita vontade de reencontrar aquela dançarina e sua dama naquela noite no Maguari, para lhe dizer homenageando-a do que ela foi capaz ao despertar a libido o desejo daquele adolescente ávido por sexo e que não mediu quilometragem por quilometragem e nem esforço para alcançar o objetivo e que, como diziam antigamente foi dormir com o “pau no ombro” na "saudade".



O caso acima, como dito, reitero é fato verídico e sua narrativa tem como fundo figurar como a outra face da moeda para o entendimento de como hoje o sexo não encontra barreira, é fácil, pois até mesmo as meninas de ontem cognominadas da difícil vida fácil, hoje é profissão em extinção e o outro fato é para mostrar a estupidez, a imbecilidade da idade do jovem de ontem a que o podia conduzir. Ressalvando que droga não entrava nessa aventura.



No entanto, independente do ontem ou do hoje, a lição é que a vida gira em torno do sexo e em todas as suas faces, nuances, meios e fim!


Lúcio Reis


Opinião

Subindo pelas paredes




A sentença que encima a presente matéria, era expressão empregada nas décadas antes de 50 e até, possivelmente na década dos recentes anos 80 e, resumia a necessidade premente da realização do coito e, quando nada era possível para tal, diziam os mais velhos que fulano – normalmente só servia para o sexo masculino – estava subindo pelas paredes.



O subindo pelas paredes como lagartixa, por sua vez, não foi criada do nada mas sim, porque o moleque escalava parede, muro, ou o que fosse necessário para ter uma visão de alguma fêmea trocando de roupa, tomando banho pelada e que era um baita estimulo a libido e a pratica da covardia mais concreta daqueles anos, pois aí havia a famosa “gangue 5 x 1”, fazendo o “pobre coitado vomitar o que não engoliu” e esse proceder os entendidos dizem ser consequência do vouyer, e biologicamente a masturbação. Quem por viveu sabe do que falo, pois a outra alternativa eram as secretarias domésticas e, por isso, hoje muitas figuras de exponente social, tem prole que só aparece em função da projeção do fulano e que, o mau caracter não aceita, mesmo a despeito da comprovação pelo DNA.


Além do proceder anterior, no interior era e, quem sabe, ainda é, o “aliviar-se” com os animais domésticos, pois sem dúvida ninguém em sã consciência iria abusar de uma onça pintada para sua transa colorida e a isso os sexólogos adjetivam como zoofilia e que ainda hoje, pelo menos, como já vimos e creio que muitos também já o viram, há sites especializados no ramo, apesar de que são consideradas pessoas que fogem os parâmetros na normalidade e citadas como aberrações. E para exemplificar, o caso como consequência de um tabu inerente à uma época, há o narrar de um amigo que hoje, passa do 80 anos e conta que quando moleque tinha a incumbência de entregar peru na casa de pessoas amigas de sua família e no trajeto, em função de cidade de poucos habitantes e locais ermos, ele dava uma paradinha e as peruas tinham uma transa inesquecível. Lógico, ele conta no sentido de  gozação e brincadeira. Quem sabe com um fundo de verdade!


Mas, os anos foram  passando e o tabu que encobria o tema sexo, foi sendo retirado, as meninas deixaram para trás ou aboliram a lição “só depois que casar” como cantava o Rei do Brega, Reginaldo Rossi recém partido e a virgindade foi para a prateleira e hoje já é leiloada a nível mundial e portanto, figura no rol das mercadorias raras. E o pior, ou quem sabe o melhor, tem babaca ou conservador, - no meu entender – que se dispõe a pagar para ter mas, como dizia o saudoso amigo LO: “doido é doido” e, quem sabe a menina apenas usa esse marketing para se promover. Hoje tudo é possível e até o inusitado há!


Ainda como sinete, marca daqueles tempos e assim da minha geração e próximas, quando as bochechas, testas eram cheias de espinhas (acne) em função dos hormônios a todo vapor, lembro e muitos  lembram do Carlos Zefiro, que hoje tem endereço eletrônico e, lá na década de 60 publicava em preto e branco seus “catecismos” com conteúdo de histórias por ele criadas e inventadas, quem sabe, com algum fundo de verdade e, ilustradas com os desenhos dele também e, secretamente circulavam, pois Carlos Zefiro era o pseudônimo do criador, pois o tabu e a censura davam as revistinhas um grande valor, o valor do proibido, escondido, temperado pelo tabu até de possível prisão, apesar de que as mesmas, mesmo encerrando histórias de sexo explicito e pornográfico tinham conteúdo de um folhetim de um caso, assim ou a semelhança de Nelson Rodrigues e, o disfarce de “catecismo” veio com as hitórias que tinham como enredo padres, freiras, conventos e etc...


Como parte dessa evolução e mudanças de costumes, passaram também a aportar nas rodas dos moleques as revistinhas dinamarquesas, coloridas e que somente mostravam mulheres totalmente despidas, sem nenhum legenda e que tinham o poder de estimular mais ainda a meninada reprimida em seus naturais e humanos anseios sexuais e hormonais e, estas publicações aqui chegavam através dos navios que aportavam em nosso cais.


A  nível nacional, todos lembram o sucesso de Norma Benguel – toda nudez será castigada – com seu nu frontal na praia e que a proibição para menores de18 anos provoca a estudantada falsificar a carteira  estudantil para poder ter ingresso e acesso no cinema à assistir a fita proibida.


Para incrementar as mudanças que paulatinamente vinham sendo implantadas, as casas da 7ª arte, passaram a exibir uma série de filmes “Mundo Cão” e que traziam espetáculos de strip tease, além de cenas de sexo e outros informes considerados tabus e proibidos para menores de 21 anos.


E, a cada estocada o mito sexo foi sendo derrubado e, é bom a lembrança a nível de cinema internacional a francesa belíssima Brigite Bardot e que também frequentou a mente de muito adolescente, fez de muitos deles seus amantes na imaginação e que hoje dizemos virtuais.


E assim os grilhões que prendiam as mulheres foram sendo decepados, rompidos um a um, elas foram sendo liberadas e se tornando livres, muitas aproveitaram para fazer da vagina sua fonte de renda, posto que as zonas de meretrício foram decretando falência, perdendo o brilho e o auge da procura, apesar de que ainda há em escala que não mais representa o  glamour e o auge de ontem, pois as pensões foram para locais mais discretos, contrataram profissionais jovens, bonitas e que exploram comercialmente a transa e a cada passo o sexo foi se vulgarizando, o encanto de se ver apenas um palmo de coxa acima do joelho foi sendo apagado, o erotismo foi cedendo lugar ao explicito, pois a mulher até deixou, de um modo geral, de usar a calcinha ou o fio dental só cobre o estrito necessário e chegamos aqui e sabe-se lá a onde iremos e se vamos parar.


A consequência para nós é que, como nossa educação há muito é precária e as devidas orientações familiares sequer existem e o poder estúpido e inconsequente dita: relaxa e goza; e portanto o mostrar e orientar não são aplicadas devida e na hora correta e então o resultado é que veio o menor abandonado independente do ser masculino ou feminino, pois sexo livre e sem uso de contra ceptivo, tem mesmo como consequência um novo ser e este, será criado e não educado, quando é, pois muitos nem passam da fase infantil e, vai formar no rol do menor abandonado, cair nas rodas de crake e hoje a menina adolescente de 12 anos,  conduz uma criança na mão esquerda, uma no colo sustentando com a mão direita e uma no útero e, possivelmente cada um tem um pai e que, nem ela sabe quem é, e os conduz como troféu. Trófeu da irresponsabilidade do poder público e da inconsequente precariedade que o estado conduziu a família nacional.


E dessa “maravilhosa” e propicia situação o político tira proveito e se mantém no poder e o cidadão será apenas a catapulta via urna que o projeta para meter a mão no erário.


E antes que alguém apressadamente me passe pela cara que o estado não tem obrigação de educar ninguém mas sim, a família, é necessário que registre que implícito está nas entre linhas que a instituição família, há muito foi jogada na sarjeta da inconsequência política que norteia o estado brasileiro e isso, sem dúvida é tema para outra crônica.


O que vale, no meu concluir é que sexo é bom e muito bom, necessário o casal, 4 paredes, responsabilidade e diverso disso são variações para os gostos e pessoais opções, que respeito!


Lúcio Reis

Belém do Pará - Brasil




Conto


Caso de amor no réveillon



Praia tomada de pessoas e transformada em lata de sardinha, em cujo rótulo lia-se Copacabana 2013/2014 e para onde e na qual, o mero movimento de virar a aba do boné para trás requeria a necessidade de subir no ombro de outras duas pessoas ou ir ao posto de observação de salva vidas e, mesmo não havendo mais um grão de areia para mais um pé, assim mesmo milhares nela aportavam e outras mais para lá se dirigiam.

As rodas de samba sob o som das batucadas regadas a muito mé, energizavam mais ainda os presentes, na espera da meia noite, para apreciar a queima de fogos de artifícios, saudar e recepcionar o ano novo e também para suas oferendas jogarem às ondas do mar em celebração a Rainha do Mar e que, balançavam em marolas para crianças e idosos e em outras, mesmo baixinhas, pareciam gigantes de um tsunami ou como aquelas imensas do Havaí para aqueles que na água entravam acompanhados pelo cambaleante jogo etílico que derruba até coluna de viaduto e, nesse vai e vem, alegria, a total descontração, o samba fazia a festa a confraternização e era como que, todos fossem vizinhos de muitos anos.

Já próximo das 12 badaladas o luso frequentador daquela revolução campal ou melhor areal, resolveu lavar a areia que se pregou no short depois de ter ficado sentado sobre um montinho dela e adentrou no mar ao malemolente vai e vem das espumas e, eufórico com toda a energia do ambiente e liberado pelas doses de malte on the rocks, iniciou o seu canto de louvor e de homenagem e como um roqueiro pos-se a cantar: atalaia ou querida atalaia, atalaia que Deus me deu, mais bonita e gostosa que tu não há e desfrutar de todas as tuas delicias, como o siri com molho de camarão que saudade que dá e quanta vontade de te penetrar lentamente sob o balanço e no vai e vem de teus movimentos, nas ondas salgadinhas e mornas de imensa e interminável gostosura.

Distraido e compenetrado repetia em alto e bom som o seu cantar e sua declaração de amor e homenagem, que nem o chuá, chuá do mar conseguia abafar e, então como o resultado de uma ferroada de arraia de fogo, ouviu-se o esparro rouco do afro descendente de mais de 2 metros de altura, porte de concorrente a titulo de rei momo, bíceps de conam o bárbaro e, vendedor e garoto propaganda de anabolizante, que se aproximou do meu amigo luso, que mesmo gordinho, perto daquele monstro de ébano, pareceu um brinquedo de plásticp de um peixinho retirado da água.

Pois fora apanhado pelo cós da sunga, suspenso da água até ficar cara a cara com o bafo reprovado pelo etilômetro numa blitz, ante o alto grau etílico e ouviu como um trovão aquele voz máscula e de caverna lhe perguntar: tu conheces, enxergas a minha porta bandeira, ex rainha de bateria de minha escola de samba, mulata nota 1000, a minha mina Atalaia Amador? Responde rápido antes que faça tu engolires toda a água do mar; conheces, já te aproximastes da mãe dos meninos atletas mirins do fla e do morro do amanhã? A deusa escultural que bamboleia como cobra na areia quente a gostosona Atalaia Amador?

E então o portuga branquelo ante o contraste do fluminense descendente do Congo, tremendo de frio ante a brisa fria que soprava sobre o seu corpo molhado, gaguejou: calma aí meumermão, não conheço e nem sei quem é tua senhora, tua deusa, mãe das tuas crias, tua madame do samba no pé, a atalaia que eu cantava e elogiava é a pria que frequento lá de Salinopólis no Estado do Pará e que é muito gostosa e é onde vou me banhar de vez em quando, lavar a bunda. Houve um mal entendido, nada a ver com sua senhora e sua dama madame!

Sendo assim, desculpa aí, disse-lhe aquele monstro já mudando o tom e o timbre de voz e o modo de olhar para o turista e assim o mulato, com voz afeminado e trejeito de dançarino de balé, queria dar um beijo de desculpas, dizendo que houve um mal entendido, soltou meu amigo para dentro d’água.

Mas, aí mudou totalmente o disco e queria bulinar o encolhido sexo do menino do atalaia, já queria dar uns beijinhos e acariciando a bochecha do turista, insistia em pedir desculpas com voz de quem trabalha com cabelo de madame.

Então ele saiu de fininho pois se lembrou que estava sem seu personal segurança, que tem altura de um guarda roupa que ele trata por ferd e que era melhor ir curtir a virada do ano em outro ponto da praia.
Lúcio Reis






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